terça-feira, 4 de setembro de 2007

A GRANDE ILUSÃO
















O que destaca do trabalho feito no Museu do Azulejo?
Foi restaurada a Igreja da Madredeus, foi remontado o presépio da Madredeus. Criou-se uma rede temática de azulejaria e cerâmica, que é um centro de estudos. Houve também um bom enriquecimento do (pobre) núcleo contemporâneo da colecção, a nível nacional e internacional.
in: entrevista a paulo henriques, actual director do MNAA - diário de notícias 4.9.2007 (link)

Nota do formigueiro: para 10 anos de desempenho, enquanto director do MNA, o balanço feito por Paulo Henriques é revelador da sua "grande capacidade".

Mostra "viva" do cuidado com que tratou o seu/nosso museu, repetimos a fotografia do "anexo" consagrado à azulejaria contemporânea.
Se o "enriquecimento" do núcleo contemporâneo da colecção foi bom, segundo Paulo Henriques, já o cuidado e a relevância dados a esse núcleo está à vista de todos.

Num museu visitado por mais de 80% de estrangeiros, repetimos, nem um singelo texto em inglês a acompanhar o "núcleo" que nos é dado vêr na fotografia acima.

Melhor sorte espere o Museu Nacional de Arte Antiga!



2 comentários:

Anónimo disse...

Tendo acompanhado, sempre com algum distanciamento, o “caso da demissão de Dalila Rodrigues”, foi com o maior interesse e atenção que li, no passado Sábado, a resposta da Prof. Dalila Rodrigues ao artigo de opinião do Director do Museu Nacional de Arqueologia, publicado no “Público” de 25 de Agosto. No entanto, porque praticamente nada é esclarecido, mantendo-se um discurso confuso, ambíguo, bem construído, é certo, mas nada acrescentando ou clarificando em relação às acusações (graves, algumas, mas muito bem fundamentadas e muito claras) que lhe são feitas pelo Prof. Luís Raposo, desiludido fiquei.
Insistindo na defesa de uma autonomia cujos contornos fundamentais ainda ninguém entendeu, a Prof. Dalila Rodrigues acaba por cair, uma vez mais, num tom pacóvio e (desnecessariamente) ridículo, com a exibição daquelas incompreensíveis fotografias, cujo objectivo e efeito prático por certo, ninguém entenderá.
Mas o que mais me tem preocupado neste “debate”(?) é a triste constatação, uma vez mais, que o domínio do provincianismo e do sucesso pessoal (no social) se sobrepõem, claramente, à vida de instituições cuja missão e prestigio devia estar, sempre, afastada e abrigada destes dois males endémicos que corroem a sociedade portuguesa há longos anos.
Não pondo em causa algumas competências da Prof. Dalila Rodrigues, nem sequer entrando na querela dos números de visitantes, que dou de barato, penso que o que inquinou toda esta história, desde o seu inicio, tem a ver, exclusivamente, com dois factos, para mim cada vez mais evidentes: a construção de um projecto de ascensão, promoção e poder pessoal e o deslumbramento provinciano da Prof. Dalila Rodrigues.
Não gostando de misturas nestas e noutras questões (sou, a este respeito, assumidamente elitista), reconheço não ser fácil o caminho dos arredores rurais de Viseu e da vetusta Universidade de Coimbra (sei bem do que falo, fui lá professor 14 anos…), até ao urbaníssimo Frágil Lux, às tias da Lapa e ao estrelato (rápido e fugaz) dos media, cujo barulho das luzes é, ainda, bem superior ao das raves no Museu Grão Vasco, em Viseu: de deslumbramento em deslumbramento, até à cegueira final.
Depois, a Prof. Dalila Rodrigues tem feito da exposição Rau um dos seus cavalos de batalha, senão o principal, como ainda agora no texto/resposta do Público de Sábado se verifica. Sem querer abrir qualquer debate sobre a bondade daquela exposição, fiquei e continuo espantado como uma exposição de 3º nível, a itinerar por cidades perdidas do Texas ou do Tennessee (basta consultar a net, para o confirmar), constituída por obras que, em qualquer grande museu europeu, não passariam das reservas das reservas, teve a recepção (não por parte do público, infelizmente habituado a muito pouco, mas por parte da critica da especialidade) apoteótica que teve. Atribuo esta situação, em exclusivo, à mistura de dois ingredientes: o politicamente correcto com uma grande dose de ignorância. Pergunto: será com a exposição Rau que o MNAA, como afirma a sua ex-directora, “entra finalmente nos grandes circuitos internacionais”. Ou esta afirmação não passa duma blague (melhor tradução: laracha)?
Por outro lado, tratou-se de uma exposição tipo “chave na mão”, incluindo o catálogo, sendo apenas necessário dinheiro e espaço para a encaixar. Coisa curiosa é que, pelas contas da própria Prof. Dalila referidas na carta/resposta do Público, nem sequer a reserva e preparação da exposição Rau terá sido feita por si enquanto directora, mas, ao que tudo indica, pelo director que a precedeu…
Já alguns anos atrás, se não me engano em Lille, tinha tido oportunidade de a ver, voltando a revê-la, apenas por mera curiosidade, aqui no MNAA, ficando sempre em mim uma triste sensação: esta exposição Rau está, para o mundo das exposições, exactamente ao mesmo nível daquelas companhias de ballett (utilizo, aqui, este termo propositadamente) e ópera, oriundas das antigas repúblicas soviéticas que, após a queda do muro, visitavam o nosso Coliseu sempre com grande sucesso de público, no seguimento de digressões para, coitados, poderem apenas matar a fome, pela Península, que incluíam as cidade espanholas de Huesca, Zamora, Pontevedra ou Huelva e sempre, mas sempre, a nossa capital.
Outro ponto de honra na gestão da Prof. Dalila Rodrigues, já sobejamente por ela e por alguns comentadores elogiosamente referido, é a mudança de sitio dos Painéis, obra emblemática e um dos ex-libris do MNAA. Se do ponto de vista estético, a solução é má, do ponto de vista museográfico (é assim que se diz, acho eu) é um absoluto desastre! Traçando um paralelo simbólico (e mais radical, assumo) é como se, no Prado, as “Meninas” passassem para a zona das bilheteiras ou a “Mona Lisa”, no Louvre, fosse colocada nos corredores de acesso ao metro. Enfim, esperemos, para nosso bem, que o tão cantado grande prestigio internacional da Prof. Dalila Rodrigues, se fique pelas laudas domésticas de Vasco Graça Moura.
Mas o maior e mais assustador sinal de nacional parolismo é a permanentemente apregoada comparação com os museus do Prado e do Louvre.
Durante o salazarismo, no nosso Portugal dos pequenitos, tínhamos, em Aveiro, a Veneza portuguesa, em Évora, a nossa Florença ou em Queluz, o Palácio de Versailles, isto só para dar alguns exemplos, de que o professor fascista tanto gostava.
Mais de 30 anos depois, com “a melhor directora do MNAA de sempre!!”, voltamos a ter o que é dos outros, o nosso “petit Louvre” e, ao mesmo tempo “o chiquito Prado”.
Poupem-me, pois já não tenho idade para tudo isto…
Num país onde, mais do que a competência, a qualidade do trabalho e o empenho, se privilegia e se premeia, sobretudo, a pose, o show-off e a gritaria mediática, Dalila Rodrigues já tem o seu futuro garantido: será convidada, em breve, para uma prestigiosa instituição privada (já todos sabemos qual) dando cumprimento, então sim, a uma ambição pessoal cujos limites são difíceis de prever. Que vá em paz e que Deus a acompanhe; por mim, não deixará nunca de ser “aquela moça dos arredores de Viseu”.

Anónimo disse...

Parece ser indesmentível que o episódio Dalila Rodrigues é mais um caso político por via do "centrão". Não é por acaso o silêncio do PCP e do BE em relação a este caso, enquanto o PSD e o CDS não perdem tempo em denunciar esta demissão como mais um acto de perseguição política. Não se questiona a política museológica do MNAA nestes últimos anos, a não ser a realização de duas exposições itinerantes. Afinal, quais as principais funções do museu? Sempre ouvi dizer que era a de conservar o seu acervo, expô-lo e divulgá-lo e possibilitar a divulgação de outras obras pertencentes a instituições públicas nacionais e estrangeiras. Em relação a este última função, Dalila Rodrigues cumpriu-a como poude. Quanto às restantes e que são, a meu ver, as mais importantes,pouco se fala. Que eu saiba, no tempo do "horror" salazarista houve, pelo menos um director do MNAA, o Dr. João Couto que, para além da conservação das colecções do museu, procurou dá-las a conhecer no estrangeiro e até agora ninguém questionou a sua orientação. Já é tempo de dar por findo este episódio que só interessa aos políticos e não aos museólogos. E por ser político, subscrevo inteiramente o que disse Vasco Pulido Valente na sua crónica "divergências", independentemente do reconhecimento dos méritos da sua ex- directora. É altura de estarmos atentos à orientação que irá imprimir ao MNAA o director que se segue. Apenas de lamentar que as grandes exposições internacionais cheguem a Madrid, continuando Lisboa a ser uma cidade periférica sem direito a desfrutar do melhor que se fez e faz na Europa, da qual somos membros de pleno direito. Mas esta importante questão ultrapassa o Director do MNAA, seja ele quem for.