quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A MINISTRA, O "FIEL SERVENTUÁRIO" OLEIRO E A MANIPULAÇÃO DOS NÚMEROS - III


Em dois textos anteriores (link & link) dávamos conta, primeiro, de um erro detectado nos mapas relativos a 2002, em consequência do qual o número total de visitantas deverá ser corrigido para 1.018.113 e não 1.034.725 como o ex-IPM persiste em publicar, e no segundo do método seguido para comparar realidades realmente possiveis de ser comparadas e não números globais, como o Ministério da Cultura insiste em fazer.

E, como era afirmado no segundo texto, esta insistência não é inocente.

Ao comparar os números brutos de visitantes em 2002 e 2006, a percentagem de aumento é de 27%, mas se for feita a comparação tendo em conta os museus que estavam abertos ao público, simultaneamente em 2002 e 2006, essa percentagem desce para 20%.

De qualquer das formas palmas para a ministra e para o seu fiel serventuário.

Mas, passemos das palmas aos factos.

Em primeiro lugar, um quadro no qual é dividida, por grandes categorias, a distribuição dos visitantes em 2002 e 2006
Como é fácil de constatar, os grandes aumentos de visitantes dão-se nas tais categorias "Livres & Outros" que, conforme tem sido aqui repetidamente afirmado, não oferecem nenhuma base credivel de sustenção, dado que estes números não são possiveis de confirmação .

Além disso, convém referir que nestes números, dos "Livres & Outros" estão incluidas visitas a parques, jardins, cafetarias ou restaurantes dos museus, de pessoas que nem sequer passam pelas instalações dos museus, indo directamente para aqueles locais.

E com Manuel Oleiro, director do ex-IPM, a fazer declarações públicas concordantes com tais critérios!

Mas, e consta do quadro acima publicado, assiste-se a um crescimento de cerca de 25% no número de visitantes nacionais aos museus tutelados pelo ex-IPM, o que não deixa de ser notável.

Mas (há sempre um "mas" nestas coisas...) vamos olhar para aqueles números de outro angulo, ou seja, retirando deles os números relativos ao Museu Nacional de Arte Antiga, quer em 2002 quer em 2006.
E esta é que é a verdade que espelha a actuação da globalidade dos museus tutelados por Manuel Bairrão Oleiro e a sua equipe.

As únicas rúbricas em que a totalidade dos museus analisados crescem é naquilo que tanto condenam a Dalila Rodrigues: as festas!

Em todos os outros items o comportamento é mediocre ou negativo.

Já dá para perceber da reacção corporativa da "Brigada do Reumático" e do seu entusiástico apoio à tutela.

É que os "Guardas do Templo" num qualquer país decente já tinham perdido o emprego à muito, mas mesmo muito tempo.

Mas, entre nós, e desde que "não façam ondas", até são dados como exemplos de bom desempenho nas suas funções, como é público relativamente à nomeação de Paulo Henriques para director do MNAA, por exemplo.

7 comentários:

Manoel d'Oliveira disse...

Cara Formiga,
Só mais uma coisa, antes de ir fazer algo de interessante: encontrei no "Cachimbo de Magritte", por mero acaso, um magnifico texto acerca daquele assunto sobre o "regresso às origens" da ex-Directora do MNAA. Tratando-se de um caso já mais que encerrado, onde apenas neste blogue se insiste, insiste, insiste (tipo Elsa Raposo ou a rapariguinha inglesa desaparecida no Algarve), achei que seria interesante você publicá-lo:
Ora aqui vai ele:
"Tendo acompanhado, sempre com algum distanciamento, o “caso da demissão de Dalila Rodrigues”, foi com o maior interesse e atenção que li, no passado Sábado, a resposta da Prof. Dalila Rodrigues ao artigo de opinião do Director do Museu Nacional de Arqueologia, publicado no “Público” de 25 de Agosto. No entanto, porque praticamente nada é esclarecido, mantendo-se um discurso confuso, ambíguo, bem construído, é certo, mas nada acrescentando ou clarificando em relação às acusações (graves, algumas, mas muito bem fundamentadas e muito claras) que lhe são feitas pelo Prof. Luís Raposo, desiludido fiquei.
Insistindo na defesa de uma autonomia cujos contornos fundamentais ainda ninguém entendeu, a Prof. Dalila Rodrigues acaba por cair, uma vez mais, num tom pacóvio e (desnecessariamente) ridículo, com a exibição daquelas incompreensíveis fotografias, cujo objectivo e efeito prático por certo, ninguém entenderá.
Mas o que mais me tem preocupado neste “debate”(?) é a triste constatação, uma vez mais, que o domínio do provincianismo e do sucesso pessoal (no social) se sobrepõem, claramente, à vida de instituições cuja missão e prestigio devia estar, sempre, afastada e abrigada destes dois males endémicos que corroem a sociedade portuguesa há longos anos.
Não pondo em causa algumas competências da Prof. Dalila Rodrigues, nem sequer entrando na querela dos números de visitantes, que dou de barato, penso que o que inquinou toda esta história, desde o seu inicio, tem a ver, exclusivamente, com dois factos, para mim cada vez mais evidentes: a construção de um projecto de ascensão, promoção e poder pessoal e o deslumbramento provinciano da Prof. Dalila Rodrigues.
Não gostando de misturas nestas e noutras questões (sou, a este respeito, assumidamente elitista), reconheço não ser fácil o caminho dos arredores rurais de Viseu e da vetusta Universidade de Coimbra (sei bem do que falo, fui lá professor 14 anos…), até ao urbaníssimo Frágil Lux, às tias da Lapa e ao estrelato (rápido e fugaz) dos media, cujo barulho das luzes é, ainda, bem superior ao das raves no Museu Grão Vasco, em Viseu: de deslumbramento em deslumbramento, até à cegueira final.
Depois, a Prof. Dalila Rodrigues tem feito da exposição Rau um dos seus cavalos de batalha, senão o principal, como ainda agora no texto/resposta do Público de Sábado se verifica. Sem querer abrir qualquer debate sobre a bondade daquela exposição, fiquei e continuo espantado como uma exposição de 3º nível, a itinerar por cidades perdidas do Texas ou do Tennessee (basta consultar a net, para o confirmar), constituída por obras que, em qualquer grande museu europeu, não passariam das reservas das reservas, teve a recepção (não por parte do público, infelizmente habituado a muito pouco, mas por parte da critica da especialidade) apoteótica que teve. Atribuo esta situação, em exclusivo, à mistura de dois ingredientes: o politicamente correcto com uma grande dose de ignorância. Pergunto: será com a exposição Rau que o MNAA, como afirma a sua ex-directora, “entra finalmente nos grandes circuitos internacionais”. Ou esta afirmação não passa duma blague (melhor tradução: laracha)?
Por outro lado, tratou-se de uma exposição tipo “chave na mão”, incluindo o catálogo, sendo apenas necessário dinheiro e espaço para a encaixar. Coisa curiosa é que, pelas contas da própria Prof. Dalila referidas na carta/resposta do Público, nem sequer a reserva e preparação da exposição Rau terá sido feita por si enquanto directora, mas, ao que tudo indica, pelo director que a precedeu…
Já alguns anos atrás, se não me engano em Lille, tinha tido oportunidade de a ver, voltando a revê-la, apenas por mera curiosidade, aqui no MNAA, ficando sempre em mim uma triste sensação: esta exposição Rau está, para o mundo das exposições, exactamente ao mesmo nível daquelas companhias de ballett (utilizo, aqui, este termo propositadamente) e ópera, oriundas das antigas repúblicas soviéticas que, após a queda do muro, visitavam o nosso Coliseu sempre com grande sucesso de público, no seguimento de digressões para, coitados, poderem apenas matar a fome, pela Península, que incluíam as cidade espanholas de Huesca, Zamora, Pontevedra ou Huelva e sempre, mas sempre, a nossa capital.
Outro ponto de honra na gestão da Prof. Dalila Rodrigues, já sobejamente por ela e por alguns comentadores elogiosamente referido, é a mudança de sitio dos Painéis, obra emblemática e um dos ex-libris do MNAA. Se do ponto de vista estético, a solução é má, do ponto de vista museográfico (é assim que se diz, acho eu) é um absoluto desastre! Traçando um paralelo simbólico (e mais radical, assumo) é como se, no Prado, as “Meninas” passassem para a zona das bilheteiras ou a “Mona Lisa”, no Louvre, fosse colocada nos corredores de acesso ao metro. Enfim, esperemos, para nosso bem, que o tão cantado grande prestigio internacional da Prof. Dalila Rodrigues, se fique pelas laudas domésticas de Vasco Graça Moura.
Mas o maior e mais assustador sinal de nacional parolismo é a permanentemente apregoada comparação com os museus do Prado e do Louvre.
Durante o salazarismo, no nosso Portugal dos pequenitos, tínhamos, em Aveiro, a Veneza portuguesa, em Évora, a nossa Florença ou em Queluz, o Palácio de Versailles, isto só para dar alguns exemplos, de que o professor fascista tanto gostava.
Mais de 30 anos depois, com “a melhor directora do MNAA de sempre!!”, voltamos a ter o que é dos outros, o nosso “petit Louvre” e, ao mesmo tempo “o chiquito Prado”.
Poupem-me, pois já não tenho idade para tudo isto…
Num país onde, mais do que a competência, a qualidade do trabalho e o empenho, se privilegia e se premeia, sobretudo, a pose, o show-off e a gritaria mediática, Dalila Rodrigues já tem o seu futuro garantido: será convidada, em breve, para uma prestigiosa instituição privada (já todos sabemos qual) dando cumprimento, então sim, a uma ambição pessoal cujos limites são difíceis de prever. Que vá em paz e que Deus a acompanhe; por mim, não deixará nunca de ser “aquela moça dos arredores de Viseu”."
Força nisso, formiga!
Adeus.

Anónimo disse...

Já aborrece a história da Dalila. Adiante!!
Não há mais problemas nos museus?
Este blogue está a ficar monolítico!!

Anónimo disse...

O dono deste formigueiro tem arremetido recorrentemente com números de visitantes aos museus, para daí retirar as conclusões que bem entende. Atendendo ao resto das suas obsessões sempre desconfiei dos seus números. Meti-me finalmente a consultar directamente a fonte dele (o site do IPM). E, claro, conclui que os números da Formiga são uma enorme treta. Primeiro ficaria bem à Formiga assinalar que o dito IPM parece ser o único departamento da Cultura que divulga números a este nível analítico. Nem sei se no estrangeiro haverá caso igual. Mesmo que os números fossem catastróficos, seria motivo de elogio um tal comportamento.
Segundo, a Formiga, que detectou erros e logo bradou aqui d’el Rei, não foi até hoje capaz de assinalar que nas folhas de 2006 existem truncagens importantes de números, sobretudo nas somas da coluna de visitantes nacionais, de tal maneira que parece que os mesmos diminuíram em vários museus, quando de facto aumentaram.
Depois de ter detectado isto, percebi logo o ardil da Formiga. Mas mesmo assim ainda fiz algumas contas e conclui coisas como estas (só para os cinco museus mais visitados, porque me faltou a pachorra para analisar todos e acho aliás que não se podem misturar alhos com bugalhos):
(sequências de 2001 a 2006; 2003 a 2006; e 2005 a 2006)
Visitantes nacionais (em percentagens)
01-06 03-06 05-06
M Coches 221 197 145
Arte Antiga 254 483 364
Arqueologia 215 114 139
Conimbriga 75 89 90
M Azulejo 316 338 134
Visitantes estrangeiros (em percentagens)
01-06 03-06 05-06
M Coches 59 72 81
Arte Antiga 85 103 108
Arqueologia 249 141 183
Conimbriga 61 74 78
M Azulejo 83 82 103
Escolares nacionais
01-06 03-06 05-06
M Coches 97 87 86
Arte Antiga 105 126 118
Arqueologia 109 108 134
Conimbriga 63 64 79
M Azulejo 99 111 85
Escolares estrangeiros
01-06 03-06 05-06
M Coches 142 82 57
Arte Antiga 145 93 118
Arqueologia 256 230 204
Conimbriga 18 18 29
M Azulejo 1 2 5
Livres e outros nacionais
01-06 03-06 05-06
M Coches 345 470 152
Arte Antiga 4156 999 164
Arqueologia 356 524 325
Conimbriga 25 30 117
M Azulejo 248 441 162


Livres e outros estrangeiros
01-06 03-06 05-06
M Coches 81 147 100
Arte Antiga 393 182 60
Arqueologia 11 9 7
Conimbriga 15 23 117
M Azulejo 162 160 282

Seriam interessante ver o Formiga discorrer sobre estes valores que mostram evidentemente muitos sucessos e muitas fracassos, mas nunca os que ele nos tem impingido, quer quanto ao desempenho de cada museu, quer quanto às tendências gerais verificadas.
Entre muitas outras notas possíveis, saliento o seguinte:
Públicos nacionais: existe um aumento generalizado ao longo do tempo, com excepção de Conimbriga, em que houve uma descida; a maior subida é em Arte Antiga
Públicos estrangeiros: existem descidas nos Coches e em Conimbriga; a maior subida é em Arqueologia
Escolares nacionais: descidas na maior parte dos museus; a maior subida é em Arqueologia
Escolares Estrangeiros: descidas na maior parte dos museus, sendo catastróficas nos Coches e especialmente no Azulejo
Livres e outros nacionais: subida em todos os museus, com a quase excepção de Conímbriga; a subidas maiores são em Arqueologia e sobretudo em Arte Antiga, onde é fenomenal (mais de 4000 por cento entre 2001 e 2006 !)
Livres e outros estrangeiros: descida na maior parte dos museus, com excepção do Azulejo; a descida mais acentuada é em Arqueologia, seguindo-se Arte Antiga.
Como se vê a realidade é bem mais complexa do que o Snr. Formiga nos quer fazer acreditar. Sobretudo não se revê em nada nos estereótipos que nos quer impingir.
A isto tudo haveria que acrescentar que existem evidentemente museus que pela sua localização ou temática serão sempre mais visitados por estrangeiros (casos típicos dos Coches e do Azulejo, por serem museus de tipologia e colecções quase únicas no Mundo e por isso muito atractivas para estrangeiros; ou até Arqueologia por estar nos Jerónimos) e outros em que as diferentes categorias serão bastante mais equilibradas.
Muito mais haveria para dizer. Mas acho que deixou de valer a pena. Debates sérios só se podem ter com gente séria.

Manoel d'Oliveira disse...

Bom, agradeço a este anónimo mais um contributo para desmascarar (se é que tal ainda será necessário) este blogue absolutamente manipulador, estalinista,abjecto, pidesco, mentiroso e mediocre.
A minha dúvida é só esta: porquê esta obsessão com os museus nacionais e esta constante mentira e os permanentes insultos gratuitos, cobardes e escondidos atrás deste anonimato aformigado . Afinal, quem é esta criatura "formiga bargante/fernando gonçalves/joão barbosa, anónimo e o que mais se aprouver", o que quer de facto e porquê tanto rancoroso disparate e vil ignorância?
Já que a palavra tomates lhe fez confusão, ao menos tenha culhões (sabe o que são?) para dar a cara, como aliás é normal fazer-se em qualquer blogue normal!
Vá lá criatura, acabe com os insultos e com as piadas boçais e de caserna e assuma-se!

Anónimo disse...

Bolas! Eu não iria tão longe! Parabéns anónimo e manoel d'oliveira. Este blogue não cheira mal: FEDE!!
Assina: o querido anónimo (agora é que é, ó formiga)

Goncalo disse...

Penso que a comparação de números entre diferentes museus não é, por si só, a melhor forma de aferir o trabalho feito nesses museus. Explico: mesmo em Lisboa, é difícil atribuir méritos especiais às direcções quando há um acréscimo ou decréscimo de visitantes. Por exemplo, o facto de o Museu dos Coches ser o que tem mais visitantes em Lisboa (dentro do universo IPM) deriva de factores diversos, como o facto de o seu conteúdo poder agradar a uma maior franja de público, seja ele nacional ou estrangeiro, e a sua localização também joga muito a favor.

No caso do Museu do Azulejo, é um facto incontornável que a sua localização em Lisboa não é o melhor dos argumentos para captar visitantes. Por isso, estar constantemente a atribuir culpas ao antigo director da instituição não me parece muito justo, até porque são conhecidas as dificuldades orçamentais dos museus portugueses.

Cumpts.

Anónimo disse...

Ó Gonçalo, e o que é que você acha do Museu da Nazaré? Parece-me um bom assunto de discussão e um bom case study para os museus do litoral. Gostava de ouvir a sua opinião e, já agora, a nível de visitantes, em que patamar o coloca? Partindo do principion que visitante de um museu pode ser qualquer um e sabendo o que esse conceito significa, não me parece correcta a opinião de Deleuze sobre "públicos,saberes e dizeres", naquele magnifico texto publicado na Esprit 326. Contudo, isto é apenas mais um pequeno contributo para esta premente discussão.