quarta-feira, 12 de setembro de 2007

o outro lado...


Antes e durante a Segunda Guerra Mundial muitos artistas viram o seu trabalho ser extraviado, vendido abaixo do preço, apagado da História. Aconteceu com os Modernos por não serem do agrado da ideologia em vigor, mas aconteceu também porque cada artista está destinado a ser reconhecido por uma ou outra obra ou numa ou outra área, independentemente de ser polivalente ou de ter realizado mais obras do que aquelas que geralmente nos são dadas a conhecer. Sabemos que Leonardo da Vinci foi o homem do Humanismo: completo, estudioso, racional, criativo…, mas se nos perguntarem qual a sua obra em concreto, mencionamos a Mona Lisa.


Isso aconteceu, entre outros, com Matisse que conhecemos como pintor, mas que uma mostra no MoMA nos vem alertar para a sua faceta de escultor, curiosamente a partir da própria pintura. Os livros, pelo menos os meus que não consultei nenhum dicionário de artistas, não se refere a Matisse como escultor, mas sempre como pintor. A verdade é que ele esculpia tanto quanto pintava, sem haver períodos alternados de decisão a uma ou outra arte.


Matisse

Blue Nude: Memory of Biskra

1907

The Baltimore Museum of Art, The Cone Collection


Matisse

Reclining Nude I (Aurora)

1907

The Baltimore Museum of Art, The Cone Collection

O MoMA de San Francisco (já não vamos a tempo, é a até 16 de Setembro), e o Baltimore Museum of Art (de 28 de Outubro a 3 de Fevereiro de 2008), mostarm as diferentes facetas de Matisse e acima de tudo, os diferentes meios em que o artista trabalhou e os contactos que manteve com escritores, outros artistas, gente do teatro, coleccionadores, etc... Estas relações estão reflectidas na obra exposta que tenta o compromisso entre a o sonho e a realidade, entre a constante tensão presente na obra de Matisse, e o descanso do mármore, a placidez do acto de posar, as relações entre arte e arquitectura. As obras a que nos referimos aqui, foram realizadas ao mesmo tempo. Outras obras são reflexão das suas viagens.


Quase pré-minimalista na forma como faz escultura, ambíguo e eclético, esta exposição mostra-nos que nem sempre aquilo que parece é; ou melhor, que as coisas não são só aquilo que parecem ser. E Matisse não foi só um pintor fauvista francês.

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