segunda-feira, 1 de outubro de 2007

AS PALAVRAS DOS OUTROS

O FÓRUM CULTURAL QUE O MINISTÉRIO SE ESQUECEU DE ANUNCIAR
Comentário
A Europa tem destas coisas, faz-nos parecer relevantes em áreas onde devíamos, por vezes, agir com precaução. O Fórum Cultural para a Europa não sendo uma oportunidade irrelevante, que não é, também não se transformou no evento mobilizador que o Ministério da Cultura (MC) português quis fazer parecer.

Nem a sociedade foi tão civil quanto se alardeava, nem a imprensa se importou muito com a discussão. Um olhar pelos jornais internacionais e agências de informação, já para não falar da imprensa portuguesa, mostra que a importância dada ao tema foi pouca ou nenhuma. E a que houve limitou-se ao relato passivo de alguns acontecimentos, á explanação de alguns desalentos dos primeiros interessados – os agentes culturais que primaram pela ausência –, e ao corrupio de folclore social que preenche qualquer evento relacionado com a cultura.

Não houve reflexão, não houve debate, não houve uma extensão que questionasse o papel que a cultura ocupa em Portugal e na Europa.

Isto não é, diga-se, mais do que o resultado da total desinformação prestada pelo MC que, duas semanas depois do fim das inscrições, andou de pesca à linha a alguns nomes, solicitando-lhes pronta participação. As respostas, quando não vinham cheias de indiferença, alertavam o próprio MC para o facto de já estarem inscritos. E não porque tivessem daqueles recebido informação prévia, ou mesmo de qualquer outra agência governamental, mas porque, naturalmente, foram alertados por parceiros e cúmplices internacionais que começaram a dar conta das datas de chegada a Lisboa. Para quê? Para um Fórum Cultural sob a égide de uma comunicação assinada pelo próprio presidente da Comissão Europeia.

Só esse facto pareceu dar garantias aos participantes de que não se tratava de mais uma operação de charme de Bruxelas. Durão Barroso parece querer, mesmo, colocar a cultura na agenda da Europa. Que Steiner o proteja do MC português, já que se estivermos dependentes da dupla que ocupa o Palácio da Ajuda dificilmente teremos resultados prontos ou sequer esclarecimentos sobre as prioridades, objectivos e intenções desta operação.
A opinião nem é só minha, mas da imprensa internacional presente numa sessão de esclarecimentos à margem do Fórum no qual Patrícia Salvação Barreto, a Directora-geral do MC responsável pela sua coordenação, fez anunciar, a vinte minutos do fim da sessão, de que não teria tempo para explicar de que forma entendia o MC português a importância do encontro.
Hélas!

Por muito elogiosos que tenham sido os agradecimentos de praxe dos vários convidados, não foi possível deixar de sentir na sala um certo incómodo por aquilo que é a imagem internacional do MC e o seu referente interno. Cada um tem o MC que merece e vice-versa.
A deselegância para com a representante do Ministério da Cultura e Assuntos Religiosos da Noruega é um sinal claro da política de fachada que o nosso MC pratica para épater l’Europe.
in: Tiago Bartolomeu Costa - revista obscena (link)

5 comentários:

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