terça-feira, 20 de setembro de 2005

BELUGA E O INVENTÁRIO DOS MUSEUS, MAS NÃO SÓ

"...ao fazer uma coisa tão simples como a renovação das tabelas de identificação das peças, depararmo-nos com peças expostas sem número de inventário. E refiro isto porque o IPM anda há muitos anos a implementar um serviço que se chama matriznet cujo objectivo é permitir ao público consultar informações básicas acerca das peças expostas nos museus do IPM, e aos museus, sistematizar e informatizar o inventário. Cada museu tem uma matriz, como uma ficha de inventário onde coloca todos os dados sobre a obra e só aos conservadores é permitido fazer as alterações necessárias. Só que o tempo que está entre quem abriu a ficha e quem nela colocou dados faz com que os critérios de interpretação não sejam os mesmos. Assim, o que para um é uma peça de mobiliário, para outro pode ser pintura sobre madeira. E quando alguém do museu pretende visualizar a peça ou fazer uma pesquisa acerca da mesma no matriz (que pode porque é do museu, não podendo no entanto alterar a descrição), perde um tempo idiota porque não a encontra. Escrever Sienna em vez de Siena ou 1/A em vez de 1_A é o suficiente para a peça não aparecer. E esta falta de coerência vê-se não só na forma alienada como os conservadores fazem o inventário (cada um no seu gabinete, sem troca de informações e quando confrontados com o erro, sem vontade para o corrigir, para proceder a essa tal uniformização), mas depois na variedade de informações que o museu dá das suas peças: há tabelas de peças que não têm o número, há tabelas em que o número não corresponde à peça exposta, há peças expostas sem tabela e mais grave, sem número de inventário (mesmo as peças que não têm tabela, têm num lugar menos visível, um autocolante com o número de inventário, ou deveriam ter). Não sei se o museu onde trabalho é uma excepção, mas parece-me que não..."

Pelo panorama que é traçado "por dentro" (e outras fontes, tambêm colocadas dentro dos Museus assim o confirmam) o panorama dos Museus é de susto.

Directores com projectos pessoais em lugar de projectos nacionais, conservadores a trabalharem com o "brio" documentado, total falta de articulação entre os vários Museus do IPM, e este é só o início do "catálogo" das desgraças.

Culpa dos directores dos museus ? Certamente.

Mas a culpa fundamental é do Instituto Português de Museus, que nada faz para alterar este quadro, bem pelo contrário, dado que, pela demissão das funções que lhe competem, avalisa estes e outros comportamentos, impróprios de um país europeu.

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