CUMPLICIDADES NO RECTÂNGULO
Cartas a Marcello Caetano
Álvaro Cassuto para Marcello Caetano
Lisboa, 12 de Maio de 1970.
Professor Doutor Marcello Caetano
Muito Ilustre Presidente do Conselho de Ministros
Muito Ilustre Presidente do Conselho de Ministros
Numa entrevista recente, o Dr. João de Freitas Branco refere a necessidade de se criar em Portugal uma orquestra sinfónica itinerante, que leve à Província espectáculos sinfónicos, operáticos e baléticos.
Parece-me, realmente, importante evitar que as actividade culturais se circunscrevam a Lisboa e Porto, com esporádicas incursões por outros centros populacionais.
Na mesma entrevista, sublinha-se o elevado encargo que a criação de uma orquestra sinfónica implicaria. Neste aspecto, permito-me, porém, sugerir uma solução que muito gostaria de ter a honra de expor mais pormenorizadamente a Vossa Excelência, se possivel na presença do Dr. Freitas Branco.
A orquestra sinfónica cuja criação proponho seria composta por músicos jovens, vindos de qualquer país. Far-se-ia uma publicidade sistemática junto de estabelecimentos de ensino de todo o mundo, no seguinte sentido:
Os músicos que terminassem o curso viriam a Portugal para uma permanência de Outubro a Abril, inclusive. Ficariam instalados em Lisboa em lares universitários ou casas similares, e teriam alimentação e alojamento gratuitos. Receberiam adicionalmente uma bolsa de Esc. 3.000$00 a Esc. 4.000$00 mensais, além de um subsídio para a viagem de ida e volta.
Seriam assim asseguradas as fontes financeiras: 1º: as bolsas seriam instituidas por empresas particulares (por exemplo uma Mobil Portuguesa, uma IBM, uma Shell, etc.). Cada lugar na orquestra disporia de uma verba anual de cerca de 7 x 4.000$00 (ou seja o equivalente de cerca de mil dólares para os sete meses), lugar esse que teria o nome da entidade que doasse a respectiva bolsa. 2º: o subsídio de viagem seria oferecido pelos serviços Culturais das Embaixadas com a possivel colaboração das companhias de aviação comercial, parecendo também de considerar a hipótese dum apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Finalmente 3º: o alojamento e a alimentação seriam oferecidos pelos departamentos oficiais directamente ligados ao Ministério da Educação Nacional ou à Secretaria de Estado da Informação e Turismo.
Realizando os ensaios em Lisboa, a orquestra efectuaria todos os meses sistematicamente, uma tournée pelo País, escolhendo-se para tal umas 8 ou 10 localidades onde a organização dos espectáculos estaria a cargo das autarquis locais e de entidades particulares. O estímulo desta poderia sempre obter-se por via publicitária. Viagens ao Ultramar seriam igualmente realizáveis.
Nota Formiga Bargante: amanhã será publicado o restante teor desta carta.
Parece-me, realmente, importante evitar que as actividade culturais se circunscrevam a Lisboa e Porto, com esporádicas incursões por outros centros populacionais.
Na mesma entrevista, sublinha-se o elevado encargo que a criação de uma orquestra sinfónica implicaria. Neste aspecto, permito-me, porém, sugerir uma solução que muito gostaria de ter a honra de expor mais pormenorizadamente a Vossa Excelência, se possivel na presença do Dr. Freitas Branco.
A orquestra sinfónica cuja criação proponho seria composta por músicos jovens, vindos de qualquer país. Far-se-ia uma publicidade sistemática junto de estabelecimentos de ensino de todo o mundo, no seguinte sentido:
Os músicos que terminassem o curso viriam a Portugal para uma permanência de Outubro a Abril, inclusive. Ficariam instalados em Lisboa em lares universitários ou casas similares, e teriam alimentação e alojamento gratuitos. Receberiam adicionalmente uma bolsa de Esc. 3.000$00 a Esc. 4.000$00 mensais, além de um subsídio para a viagem de ida e volta.
Seriam assim asseguradas as fontes financeiras: 1º: as bolsas seriam instituidas por empresas particulares (por exemplo uma Mobil Portuguesa, uma IBM, uma Shell, etc.). Cada lugar na orquestra disporia de uma verba anual de cerca de 7 x 4.000$00 (ou seja o equivalente de cerca de mil dólares para os sete meses), lugar esse que teria o nome da entidade que doasse a respectiva bolsa. 2º: o subsídio de viagem seria oferecido pelos serviços Culturais das Embaixadas com a possivel colaboração das companhias de aviação comercial, parecendo também de considerar a hipótese dum apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Finalmente 3º: o alojamento e a alimentação seriam oferecidos pelos departamentos oficiais directamente ligados ao Ministério da Educação Nacional ou à Secretaria de Estado da Informação e Turismo.
Realizando os ensaios em Lisboa, a orquestra efectuaria todos os meses sistematicamente, uma tournée pelo País, escolhendo-se para tal umas 8 ou 10 localidades onde a organização dos espectáculos estaria a cargo das autarquis locais e de entidades particulares. O estímulo desta poderia sempre obter-se por via publicitária. Viagens ao Ultramar seriam igualmente realizáveis.
Nota Formiga Bargante: amanhã será publicado o restante teor desta carta.
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