quinta-feira, 2 de março de 2006

QUARTA-FEIRA DE CINZAS OU, DE COMO O CARNAVAL CONTINUA NO MINISTÉRIO DA CULTURA

"A Direcção Regional do Porto do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) demitiu-se em bloco, na deslocação que fizeram ontem a Lisboa, a pretexto de uma reunião com o conselho consultivo do Instituto, por se sentir desautorizada no processo do Túnel de Ceuta".
in: jornal Público de hoje.

"Summavielle (Presidente do IPPAR) admite que o braço-de-ferro que se gerou entre o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, e o Ministério da Cultura (que tutela o IPPAR) motivou um "desvio político da questão" e a "secundarização da questão técnica".
in:jornal Público de hoje.

"Depois de ter visto recusado o pedido para que "reconsiderassem", Summavielle acabou por aceitar ontem mesmo os pedidos de demissão, que foram apresentados em missivas distintas".
in:jornal Público de hoje.

"Summavielle desdramatizou a demissão dos três técnicos, considerando-a "natural" face à entrada de uma nova direcção nacional com "linhas de actuação e estratégias diferentes", assim como aos "ajustamentos necessários" inerentes a ela".
in:jornal Público de hoje.

Muito embora já tenha acabado o Carnaval, a palhaçada continua para as bandas do Ministério da Cultura.

Desta vez é Summavielle, Presidente do IPPAR, que vem afirmar em público que, afinal, a questão do Túnel de Ceuta não era bem uma questão técnica, mas mais um "braço de ferro" entre a Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e o Presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.

E para acabar com o "braço de ferro" nada melhor do que "deitar às urtigas" o trabalho técnico desenvolvido pela direcção regional do IPPAR, e tratar de "cozinhar" uma solução política para o problema, que consiste, afinal, em aceitar a proposta da câmara do Porto, que concordou conferir um tratamento de praça à envolvência do Museu.

A Formiga Bargante só não percebe como se pode dar uma envolvência de praça a uma rua, mas se o Presidente do IPPAR o afirma, tal é possivel, certamente...

Mas, nas afirmações de Summavielle, o mais divertido é quando reafirma que insistiu com a direcção demissionária para recuar na intenção da demissão, para mais à frente afirmar que tal demissão é "natural", face à entrada de uma nova direcção nacional com linhas de actuação e estratégias diferentes, assim como aos ajustamentos necessários.

Se Summavielle pretendia efectuar os tais "ajustamentos", nomeadamente na direcção regional do norte do IPPAR,então qual a razão na insistência na não demissão da ainda actual direcção ? Para os demitir de seguida?

Ou será que Summavielle já perdeu a capacidade de entender que neste país ainda existem pessoas que colocam a sua dignidade à frente de outros interesses, e que quando constatam que foram "usados" politicamente e em seguida "abandonados" pelas piores razões, actuam de acordo com os seus códigos de honra, e se demitem?




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