sexta-feira, 3 de março de 2006

QUARTA-FEIRA DE CINZAS OU, DE COMO O CARNAVAL CONTINUA NO MINISTÉRIO DA CULTURA (II)

Ontem, no texto escrito pela Formiga Bargante sobre a polémica do Túnel de Ceuta, no Porto, a demissão da direcção regional do IPPAR e as declarações do seu presidente, Elísio Summervielle, era colocada esta interrogação:

"A Formiga Bargante só não percebe como se pode dar uma envolvência de praça a uma rua, mas se o Presidente do IPPAR o afirma, tal é possivel, certamente..."

Hoje, no jornal Público, Manuel Correia Fernandes, professor da Faculdade de Arquitectura do Porto, responde assim :

... "Uma praça não se cria por decreto, é um espaço urbano bem definido, com uma relação histórica com a cidade". Para Correia Fernandes, interromper de forma brusca uma via de circulação automóvel com vários sentidos com um espaço indefenido em que os peões não estão seguros é absurdo: "Um túnel rodoviário que termina numa grande passadeira - aquilo não é uma praça - é absolutamente contraditório".

E acrescenta Correia Fernandes:

"A solução é apenas cosmética", garante. "Levanta variadíssimos problemas, sendo o do museu o menor". O aumento da poluição e o risco para peões e automobilistas são aspectos considerados "muito graves".

" O desfecho da polémica que opôs o Ministério da Cultura ao Presidente da Câmara do Porto "não resolve o problema da circulação automóvel nem pedestre". Criar uma "praça artificial" frente ao Museu Soares dos Reis para aí manter a saída de um "túnel estreito, sinuoso e perigoso" que não dá resposta ao escoamento de trânsito é uma "não-solução".

Quando os Presidentes dos Institutos Públicos são, igualmente, comissários políticos nomeados para satisfazer as ordens dos seus Ministros, o resultado é explicado pelo Princípio de Peter: um mau ministro rodeia-se de "serventuários" ainda piores.

Voltamos a perguntar: até quando, José ?

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