CRÓNICA DE UMA VISITA, NUM DIA DE CHUVA,
AO MUSEU DO AZULEJO,
EM LISBOA.
IV- DE UM PAINEL QUE SOBREVIVEU AO TERRAMOTO DE 1755, MAS QUE, POR ESTE ANDAR, NÃO RESISTE AO DESLEIXO DO DIRECTOR DO MUSEU DO AZULEJO
Mas voltemos ao painel de azulejos com "a mais completa iconografia da cidade antes do terramoto de 1755".
Provávelmente será porque o senhor anda muito ocupado a tratar das exposições temporárias e dos "belos" textos que invariávelmente escreve nos luxuosos catálogos das mesmas, para provar à posteridade que ali "existiu" alguém de profundo saber e erudição.
O resto, bagatelas !
AO MUSEU DO AZULEJO,
EM LISBOA.
IV- DE UM PAINEL QUE SOBREVIVEU AO TERRAMOTO DE 1755, MAS QUE, POR ESTE ANDAR, NÃO RESISTE AO DESLEIXO DO DIRECTOR DO MUSEU DO AZULEJO
No mesmo piso do claustro onde estava a obra de arte povera ontem aqui descrita, está em exposição um painel de azulejos que o folheto do museu descreve desta forma: "Na galeria sul do claustro, o grande panorama de Lisboa, é a mais completa iconografia da cidade antes do terramoto de 1755".Quando, lá ao fundo, vislumbrei o "meu" simpático turista francês que ontem me tinha desvendado o "mistério da gabardine", já deveria estar preparado para o pior, e ter dado meia volta e ir ver a peça do Pedro, afinal a razão da minha visita ao museu, ao fazer horas para o almoço. Mas não. Aproximei-me e fui ver o que ele observava com tanta atenção. E bem devia ter ido ver a peça do Pedro. Afinal o que o "meu" querido turista observava com tanta atenção era "só" isto:
Água a cair do tecto (ele mesmo com uma curvatura já bem prenunciada), directamente na zona do painel. Tendo verificado o meu interesse anterior pela arte povera instalada no museu, o "meu" amigo turista, sempre com aquele ar complacente e risonho, fez-me uma pequena chamada de atenção, dizendo-me que tinha chegado demasiado tarde para assistir a outra instalação de arte povera no local onde nos encontrávamos. Cerca de uma hora antes, e face ao volume de água que caia do tecto, o pessoal do museu tinha instalado ali uma boa meia duzia de contentores de vistosas e atraentes cores, essa sim, uma grande instalação de arte povera.Mas voltemos ao painel de azulejos com "a mais completa iconografia da cidade antes do terramoto de 1755".
Baixando o olhar do tecto para o painel, eu e o "meu" turista francês, tinhamos esta cena diante dos olhosUma secção do painel desmontada. E ao aproximar ainda mais o nosso olhar daquela zona, para tentar perceber a razão de tal retirada, a explicação estava ali, à nossa frente, era esta:
A madeira que servia de suporte à fixação do painel à parede estava podre. Sim, meus caros, podre. Sem qualquer margem para dúvidas. Podre e bem podre, sinal de que as infiltrações de água naquela zona eram antigas, bem antigas. Se dúvidas existem, aqui fica a prova do afirmado:Se observarem atentamente a trave de madeira que tendes diante de vós, notarão que no momento em que o painel de azulejos "tapa" a nossa visão da madeira, esta continua podre e bem podre, estado esse de podridão que se prolonga para a zona de fixação deste painel. Será que estará seguro este painel? E os outros paineis ? E o painel da esquerda, que ainda lá está e para o qual orientamos agora a nossa atenção, estará também ele seguro?Seguro ou não, não sabemos. Mas que está num estado calamitoso de conservação, isso salta à vista desarmada.Num museu cujos visitantes são maioritáriamente estrangeiros (cerca de 85%), que ali se deslocam para conhecerem a azulejaria portuguesa, e sendo este painel uma das peças mais valiosas da colecção, é este o cuidado e atenção que merece por parte do seu directorProvávelmente será porque o senhor anda muito ocupado a tratar das exposições temporárias e dos "belos" textos que invariávelmente escreve nos luxuosos catálogos das mesmas, para provar à posteridade que ali "existiu" alguém de profundo saber e erudição.
O resto, bagatelas !
1 comentário:
Cara Formiga:
Não está ninguém cá, foram todos para o Irão.(Espoliar, digo eu). Confirma-o este convite que chegou via mail:
Informação GAMNA Segunda-feira, 3 de Abril de 2006
Actividades do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia
em Abril de 2006
Dias 6 a 18 - Viagem ao Irão.
Programa organizado pelo Museu Nacional de Arqueologia, com o apoio da Embaixada da República Islâmica do Irão em Portugal.
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