domingo, 14 de maio de 2006

AS NOSSAS "CASTA DIVAS" JORNALÍSTICAS
RICARDO COSTA - DIRECTOR DA SIC-NOTÍCIAS


Com este texto não pretendemos sair em defesa de Manuel Maria Carrilho. Já é "maior e vacinado", e perfeitamente capaz de se defender das "alhadas" em que se mete. E se não for capaz, o problema é dele.

O que pretendemos com este texto é chamar a vossa atenção para o que se está a passar na nossa comunicação social, da influência que exerce sobre todos nós, e da falta de controlo democrático (leia-se Ordem dos Jornalistas) para fiscalizar a actuação dos jornalistas.

Se existem ordens para os advogados, economistas, médicos e tantas mais, qual a razão pela qual não existe a ordem dos jornalistas ?

Mas isso são outras estórias, vamos lá ao assunto.

Como ontem referi, Ricardo Costa, director da SicNotícias, admitiu, em declarações à agência Lusa, que do debate realizado nos estúdios daquela estação entre os dois candidatos à Cãmara de Lisboa (Carmona e Carrilho), tinha decidido retirar qualquer imagem ou comentário sobre o mesmo, retendo sómente as imagens do famoso aperto de mão, ou da sua não efectivação, para sermos mais exactos.

Gostando ou não gostando dele, é o critério do director da estação, e se ele é bom ou mau lá estão as audiências para o aprovar ou reprovar, à falta da tal Ordem dos Jornalistas.

Mas, aquilo que todos nós temos o dever de solicitar, é que os critérios se mantenham constantes perante os mesmos temas, ou então temos manipulação pura e dura da opinião pública.

Vem isto a propósito da fuga de Carmona Rodrigues durante um frente a frente, combinado pela mesma SicNotícias, com Carrilho.

Para o dia 3 de Setembro de 2005, antes portanto da famosa cena do aperto de mão, tinha sido combinado um frente a frente em que cada um dos candidatos, desde os seus lugares de campanha desse dia, estariam no ar com a intermediação de um reporter da Sic.

À hora combinada, lá aparecem as imagens dos dois candidatos, cada um em diferentes pontos da cidade, e a primeira intervenção é de Carrilho, que afirma que tinham sido detectadas situações muito graves na autarquia, nomeadamente despesas ilegais.

Quando o reporter da SicNotícias interroga Carmona Rodrigues sobre o que tinha a dizer sobre esta acusação de Carrilho, Carmona Rodrigues já lá não estava !

Tinha fugido !

Sem mais. Ouviu as acusações de Carrilho e "ála que se faz tarde". Pura e simplesmente desapareceu.

Esta era uma situação inédita em Portugal. Que haja memória, tal facto nunca tinha acontecido.

Um convidado para um programa em directo de uma televisão, à primeira questão colocada por um adversário, e por não ter gostado da pergunta, levanta-se, vai-se embora e nada diz.

E que faz a direcção da SicNotícias ?

Não aproveita o sensasionalismo da situação, perfeitamente inédita, e silencia o facto.

Critérios, dirão vós. E com razão.

Mas agora aqui surge a questão: para um critério de "aproveitamento sensacionalista" de uma situação, a questão da falta do aperto de mão é mais importante do que esta fuga a um debate, esta sim perfeitamente inédita ?

E o que é mais grave? Fugir a um debate ou não apertar a mão ao adversário?

E é que alguém alguma vez perguntou a Ricardo Costa da razão destes dois critérios ?

Já agora, e para perceberem como somos manipulados, digam lá, honestamente, quantos de vós se recordavam desta cena da fuga de Carmona Rodrigues ?

E quantos de vós se recordam da cena do aperto de mão?

Meus caros, não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem, ou, dito de outra maneira, "não acredito" na importância das agências de comunicação, mas que elas existem, existem !

3 comentários:

maloud disse...

Estou estupefacta. Desconhecia o episódio, talvez porque quase não vejo televisão. Aliás os episódios Diniz Maria e não aperto de mão foi a imprensa escrita que me chamou a atenção e só posteriormente os visionei.

formiga bargante disse...

Maloud

A questão é exactamente essa: qual a razão que leva a comunicação social a ignorar o episódio da fuga e a valorizar o epísódio do aperto de mão ?

Chamo mais uma vez a atenção para o excelente artigo de mário mesquita no público, pela forma clara e directa como ele coloca o problema. A não perder

maloud disse...

Eu só não compro o Público à quinta-feira. Tenho mau feitio. Já li o Mário Mesquita e também li um artigo interessante no DN de hoje na net.