segunda-feira, 15 de maio de 2006

AS NOSSAS "CASTA DIVAS"
VASCO PULIDO VALENTE + MIGUEL SOUSA TAVARES
OU
AO MOLHO SAI MAIS BARATO

No passado sábado, as nossas "casta divas" Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares publicaram, nas suas crónicas no Público e Expresso, respectivamente, textos bem interessantes sobre a polémica levantada pela publicação do livro Sob o Signo da Verdade de Manuel Maria Carrilho.

Para já, o que estas duas figuras do nosso jornalismo têm em comum, é possuirem um ego do tamanho do mundo.

Vejamos:

"Parece que Manuel Maria Carrilho publicou um panfleto filosófico sobre as suas desventuras na política"
Miguel Sousa Tavares

"... ressuscite agora com um livro ignóbil, que não merece comentários"
Vasco Pulido Valente

Do alto das suas elevadas cátedras, os dois excelsos comentadores condenam, de uma penada, um livro que, pelos vistos, nem se deram ao trabalho de lêr.
Mais, Vasco Pulido Valente acusa o livro de "ignóbil", sem se dar ao trabalho de nos dizer, mais que não fosse em meia dúzia de linhas, das razões encontradas por ele para classificar o livro de "ignóbil". Sua excelência decreta, e a partir daí vamos todos repetir "conforme disse Vasco Pulido Valente o livro é ignóbil". Fácil não é ?

A parir daqui, os dois excelsos comentadores remetem o seu talento literário a zurzir no Carrilho pessoa, e não no motivo de todo este alarido, o livro de Carrilho.

Para comentadores credenciados não está mal !

De seguida, Miguel Sousa Tavares não resiste à força brutal do seu enorme ego, e escreve:

" E que nele se queixa de que perdeu a eleição para a Câmara Municipal de Lisboa por culpa dos comentários negativos de José Pacheco Pereira, Manuel Salgado, Marcelo Rebelo de Sousa e eu próprio".

O ego prega destas partidas. Na verdade o livro de Carrilho sita estes nomes, mas no meio de muitos outros, e nem sequer lhes concede a exclusividade ou sequer a maior responsabilidade naquilo que Carrilho pretende demonstrar com o seu livro.

E, curiosamente, deste "bando dos quatro" que Miguel Sousa Tavares determina como alvos de Carrilho (o ego, sempre o ego...) o nome do arquitecto Manuel Salgado é o mais duramente citado por Carrilho, mas com datas e factos, e o arquitecto permanece encerrado num "ruidoso" silêncio.

Depois temos mais uma arremetida de Vasco Pulido Valente:

"O dr. Carrilho é uma invenção da publicidade de, que ele promove e se faz persistentemente a si próprio".

Sucede que Vasco Pulido Valente pretende ignorar que Carrilho é um filósofo reconhecido internacionalmente, e considerado práticamente por toda a gente como o melhor Ministro da Cultura que existiu em Portugal desde Abril de 1974.

Será que a razão desta má vontade de VPV contra Carrilho reside no facto de ele próprio não resistir ao teste de Badajoz (se se perguntar em Badajoz quem é VPV alguém saberá responder?) ou no facto de ele, VPV, têr sido um obscuro secretário de estado da cultura que não deixou rasto ou memória ?

Teriamos muito mais a escrever sobre os artigos destes nossos ilustres comentadores, mas este texto já vai longo.

Aquilo que se conclue daqueles dois comentários é que o que presidiu à elaboração dos mesmos foi a má vontade e a má relação pessoal dos autores com Carrilho, o que não justifica o conteudo dos mesmos.

Afinal o que estava, e está em causa, é o livro de Carrilho, as acusações que ali são feitas, e até agora não desmentidas, magistralmente sintetizado por Mário Mesquita:

Estes episódios podem suscitar diferentes juízos acerca do comportamento político de Manuel Maria Carrilho, mas há um aspecto que se afigura inquestionável: não é legítimo "condensar" todo o debate sobre Lisboa, em período eleitoral, em dois episódios laterais, maximizados pela televisão e demais orgãos de comunicação. O sistema político e mediático que tal permite não está de boa saude".

Mas esta questão é indiferente aos nossos dois "queridos" comentadores, que do alto do seu enorme ego "decretamos que..." e cá estamos nós para cumprir.

Quereriam eles ...

2 comentários:

maloud disse...

Deixei de ler o MST, desde que abandonou o Público, porque excluí o Expresso dos meus hábitos em Setembro, quando concluí que estava a contribuir para a campanha despudorada de Cavaco Silva. E isto, como sempre sem declaração de interesses. Agora no país da "má língua" não estranho o tipo de análise feita ao livro do Carrilho. Quanto ao VPV não sei, se leu no Espectro o post Santanete? Se não leu, dê uma espreitadela uma vez que ainda se encontra disponível. Está lá tudo.

cbs disse...

A diferença está em que nenhum desses comentadores quis ser eleito para um cargo político.
O problema de Carrilho é desse foro: precisava de ser eleito para se realizar políticamente.
Não creio que VpV por exemplo seja elegível pra qualuer cargo, mas é lido.

MMCarrilho teve todos os meios - e até a vantagem politica do desastre Santanista - pelo seu lado.
Compare-se então com Cavaco, figura também polémica (adorado e odiado) que agiu como devia para ser eleito.
MMCarrilho não sabe ser político, porque faz uma análise errada (aí é o ego arrogante) e porque se expõe mal (o ego vaidoso).

E isto não tem importancia nenhuma, a não ser para o MMCarrilho.