ISTO É UMA FESTA OU,
CÁ VAI LISBOA DE ARQUINHO E BALÃO (II)
Através da revista Única do jornal Expresso do passado fim de semana, ficámos a saber que o Porto de Lisboa está a iniciar a construção de uma nova gare maritíma, na doca do Jardim do Tabaco, para acolher os navios de cruzeiro que fazem escala por Lisboa.
Segundo os números tornados públicos pela APL, de 2000 para 2004 o número de navios de cruzeiro que passaram por Lisboa subiu de 237 para 270, e o número de passageiros transportados passou de 189.849 para 241.557, ou seja um aumento de 14% em número de navios e de 27% em número de passageiros.
Entretanto a ATL (Associação de Turismo de Lisboa, não façam confusões), apresenta como trabalho seu este aumento considerável de navios e passageiros de cruzeiros.
Mas não nos fornecem os seguintes dados, para podermos perceber, na realidade o que é trabalho de quem:
1º - Aumento de cruzeiros com destino, essencialmente, ao mediterrâneo e às ilhas espanholas do atlântico, bem como à ilha da Madeira, e destes quantos fizeram escala em Lisboa.
É que a ATL "esquece" que independentemente do seu bom ou mau trabalho, Lisboa situa-se numa posição estratégica de excepção face à política seguida pelos armadores de navios de cruzeiros, que consiste, nos cruzeiros de pequena/média extensão, proporcionar o dia para actividades em terra, e a noite para navegar.
E tendo a maioria dos cruzeiros destinados às paragens acima referidas partida do sul de Inglaterra, o primeiro porto que lhes surge no caminho, ainda a tempo de cumprir com a função "dia/terra - noite/navegar", é Lisboa.
E esta situação não depende do trabalho da ATL, mas da geografia e da política dos armadores, que nos é favorável.
Mas há um dado ainda mais curioso para se perceber a "festa" que rodeia todas estas actividades.
Segundo ainda a APL, o número de passageiros em trânsito em 2000 foi de 112.180 em 2000 e de 206.284 em 2004.
Brilhante ! Um aumento de quase 100%
Só que a APL não sabe quantos destes passageiros em trânsito, e durante o dia de estadia em Lisboa, ficaram a bordo dos navios, ou desceram para fazer uma visita à cidade.
Contactado o representante de uma das companhias que mais navios e passageiros de cruzeiros movimenta em Lisboa, foi estimado por um seu funcionário (pelos vistos ninguém tem curiosidade em saber estes números...) que cerca de 50% dos passageiros permanece a bordo, não manifestando qualquer interesse em conhecer Lisboa.
E aqui é que se pode avaliar do bom ou mau trabalho que a Associação de Turismo de Lisboa desenvolve junto deste segmento de mercado.
Sem estes números, em que critérios é que as entidades envolvidas estimam o impacto deste turismo em Lisboa ?
Ou tais indicadores não são necessários?
Afinal até somos muito bons a improvisar, verdade ?
terça-feira, 9 de maio de 2006
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