sexta-feira, 12 de maio de 2006

O LIVRO DE CARRILHO, O CASO AFINSA E O QUE MAIS ADIANTE SE VERÁ

"Augusto Jesus também nunca viu os selos que sabe ter adquirido por cinco mil euros. -Não sei se os podia ver, nunca perguntei. Comprei um lote, num catálogo, e sei que eles regularmente me mandavam informação. Mas de selos não percebo nada, só sei que receberia 40 por cento de juros ao fim de quatro anos - assegura, lembrando que ainda recentemente se sentira satisfeito por ser cliente da Afinsa. - A RTP fez há tempos um Prós e Contras sobre os empresários de sucesso no estrangeiro. Estava lá Alberto de Figueiredo, fundador da Afinsa, e lembro-me de ter dito à minha mulher: Ainda bem que investimos neste senhor, que é um sucesso em Espanha. Agora acontece isto para me baralhar".
in: reportagem de tânia laranjo no jornal público de 11.05.2006

" A comunicação social decidiu que Marques Mendes é um lider de transição e, provavelmente, ele vai mesmo sê-lo, só porque os media decidiram assim".
manuel villaverde cabral in: visão de 11.05.2006

"E foi ainda em Abril que, logo no princípio do mês, tive um encontro que, pelas suas consequências, merece um relato mais detalhado. Trata-se de um encontro com A.Cunha Vaz, que me foi insistentemente solicitado pelo próprio, e que teve lugar no dia 6 de Abril".
"Pressenti, assim, que ele queria fazer a minha campanha. E não me enganei: o que ele me vinha propor era isso mesmo, oferecer-se para "tratar de tudo", insistindo muito em dois pontos da sua oferta: a recolha - obviamente ilícita - de fundos e a compra de opinião.
Chegou, perante o meu intencional alheamento face às suas surpreendentes palavras, a dizer que lhe seria muito fácil dirigir a opinião pública nesta ou naquela direcção. E, lembrando-me que em certos sectores eu tinha "má imprensa", afirmou que numa campanha isso pode agravar-se ou atenuar-se, mas que, claro, ele pensava que seria fácil melhorar, através de artigos encomendados para o efeito. Desde que, acrescentou, tudo fosse feito no momento certo e pela pessoa certa - ele, claro !
Hoje "tudo se compra", afiançou-me, com um ar de espertalhão, antes de, perante a minha incomodidade face a tais propósitos, começar a amaciar os seus apregoados trunfos comunicacionais.
manuel maria carrilho in: sob o signo da verdade (págs. 38 e 39)


E é disto que o livro de Manuel Maria Carrilho trata: da comunicação social, dos seus poderes e da sua falta de controlo.

Será que alguém da RTP virá explicar as razões que levaram à escolha de Alberto Figueiredo para aparecer no Prós e Contras, com o acréscimo de respeitabilidade para tal personagem pelo simples facto da sua presença no programa ?
E será que alguém da RTP vai ser responsabilizado pela colaboração (activa? passiva?) na maior burla a nível mundial dos últimos anos, tendo como consequência, entre outras, e face aos montantes e números de pessoas envolvidas, o governo espanhol admitir a possibilidade de criar um fundo especial para compensar, de alguma forma, as pessoas que foram vitimas do "espírito empreendedor" do nosso compatriota Alberto Figueiredo ?

E as afirmações de Villaverde Cabral, profundo conhecedor dos meandros da nossa comunicação social, vão cair em saco roto ?

Claro que vão.

Aquilo a que vamos assitir é à tentativa de destruição do personagem Carrilho, "esquecendo" o livro e os problemas que ele levanta.

E para quando a Ordem dos Jornalistas, como ontem perguntava Emídio Rangel na apresentação pública do livro de Carrilho ?

E quais são os interesses que impedem que a Ordem já exista ?

Deixemo-nos de perguntas desnecessárias, e vamos lá mas é à festa do linchamento do Carrilho.

O resto que se lixe !

1 comentário:

maloud disse...

Acho que está a esquecer o papel do Expresso na construção da credibilidade da Afinsa. Hoje qualquer idiota, que não "comprou" selos, acha que se estava mesmo a ver, mas não realmente não se estava mesmo a ver. Lembro-me dos artigos do Expresso, que davam amaior credibilidade e sustentavam "tecnicamente" o investimento.