segunda-feira, 23 de outubro de 2006

O NOVO PLANO DE DINAMIZAÇÃO
DA BAIXA-CHIADO - V


Construir um modelo específico de habitação:
(A Baixa-Chiado como espaço urbano singular, mas privilegiado (o eixo qualitativo complementar)
Adoptar uma tipologia de reabilitação com grande valor em espaços limitados
A Baixa-Chiado pode ser um espaço residencial muito interessante, se o modelo de reabilitação for moderno e duradouro, superando as limitações físicas (m2) e de mobilidade (elevadores, estacionamento) com soluções inovadoras e cómodas e oferecendo no espaço comercial soluções de “comércio de proximidade”para os moradores);
Atrair “jovens”e “velhos”com iniciativa e/ou poder de compra
O espaço residencial da Baixa-Chiado não pode ser um espaço global nem se adequa a famílias grandes, ajustando-se mais às “idades”inicial e final do ciclo de vida. A captação de população pode ser feita,por outro lado, articulando decisões familiares ou individuais no quadro da economia privada e do mercado, com soluções institucionais no quadro da economia pública e social (residências estudantis, residências seniores);
In:Plano de Revitalização da Baixa-Chiado (pág.21)

ACRÉSCIMO POSSÍVEL DE RESIDENTES
Na área de intervenção existem 42 edifícios totalmente devolutos, além de inúmeras fracções na mesma situação. A área total de fracções devolutas é de 274.259 m2, dos quais cerca de 40% se localizam na Baixa, pelo que, na óptica da sua reabilitação, parece mais aconselhável a utilização para comércio e serviços nos três primeiros pisos e residência nos pisos superiores. Seguindo esta linha de raciocínio, faz-se o exercício de afectar à habitação todos os fogos existentes ou espaços devolutos que já tenham tido esse uso, bem como os armazéns existentes nos pisos acima do 2.o andar. Dividindo a área bruta total obtida por um rácio de 125 m2/fogo e considerando uma média de 3 habitantes /fogo, chegou-se a uma capacidade total de 17700 residentes, incluindo os já existentes.
In:Plano de Revitalização da Baixa-Chiado (pág.59)

A introdução de elevadores deverá ser uma regra, com excepção apenas nos casos em que os valores patrimoniais o impeçam. Hoje,apenas 15% dos edifícios da Baixa Chiado dispõem de elevador;
– Pelas razões de segurança invocadas no ponto 2.5, deve ser promovida a demolição dos pisos a mais que ultrapassem a regra do plano original e a altura dos edifícios contíguos;
In:Plano de Revitalização da Baixa-Chiado (pág.69)

E a distinta Comissão lá vai tirando coelhos da cartola, aliás, habitantes para a Baixa, como quem está sentado à mesa do café, a discutir o último Sporting-Porto.

Em primeiro lugar a proposta para que a futura população da Baixa seja constituida por “idosos endinheirados” e “jovens em princípio de vida” esquece uma verdade demográfica que ultrapassa a “visão” da douta comissão: o país está a envelhecer e, portanto, o destino da Baixa seria o de um enorme “lar para idosos endinheirados”.
Seguramente que é influência da passagem da Presidente pela Misericórdia de Lisboa !

Em segundo lugar avança com contas de metros quadrados e número médio de composição de famílias, sem indicar os critérios.

Como é que atinge uma dimensão média de 125m2 por fogo, dada a estrutura do construido?
E, se não é perguntar demasiado, 3 pessoa/média por agregado familiar?
Se uma das componentes fortes destes agregados são idosos, cujo número de membros é de 1 ou duas pessoas, com maior incidência no primeiro número, como se chega aos 3 de média?

Depois recomenda que todos os andares construidos para além dos andares originalmente previstos sejam demolidos, por razões de segurança.
Mas, nas contas que faz relativamente às áreas actualmente disponiveis, não menciona se utilizou ou não este critério para determinar as áreas livres.
Não é por nada, mas “cheira” a que o critério foi esquecido.

Finalmente, a proposta genial: a introdução de elevadores no construido.

Sabendo-se que cerca de 80% do construido na Baixa tem estrutura pombalina, como é que se introduz elevadores nesta estrutura sem afectar (ainda mais...) a sua resistência a sismos?

Ou o critério é o de “perdido por cem, perdido por mil”.

Dadas as alterações introduzidas nas estruturas, essencialmente nos pisos térreos, para a conquista de espaços “mais modernaços”, é hoje suficientemente conhecida a extrema fragilidade da Baixa a um sismo de forte intensidade.

Já agora, e como “aquilo” é para vir abaixo em caso de sismo violento, com ou sem elevadores, “bote-Se” lá os ditos, que enquanto não há sismo, sempre temos outro conforto, não é verdade?

E, entretanto, os construtores civis e os promotores imobiliários lá vão tratando da sua vidinha, certo?






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