quinta-feira, 23 de novembro de 2006

ET LA NAVE VA

Carmona aprova obra "proibida" pelo governo
"O promotor do loteamento previsto para as azinhagas das Salgadas, da Veiga e da Bruxa e para a Rua de Marvila - ontem aprovado pela Câmara de Lisboa - pode vir a exigir do Estado uma indemnização superior a 60 milhões de euros".
in: diário de notícias de 23.11.2006 (link)

Projecto para Marvila põe Câmara contra o Governo.
"Garantindo que o Governo não deu à Câmara qualquer indicação no sentido de que ia avançar para as medidas preventivas, a vereadora assegurou que, se o tivesse sabido, teria retirado a proposta antes da sua aprovação. -Assim como não aprovarei mais nada a partir de agora para essa zona, ainda qua as medidas não tenham sido publicadas, não teria aprovado esse projecto por uma questão de bom senso".
" A decisão camarária aprovada com os votos contra do PS, PCP e BE e com a abstenção de Maria José Nogueria Pinto (CDS/PP), provocou um aumento substancial e automático dos valores indemnizatórios que o Estado terá que pagar por uma eventual expropriação de terrenos".
in: jornal público de 23.11.2006

Esta questão, da aprovação da urbanização em Marvila, levanta várias questões interessantes.

Algumas leituras, de entre muitas outras possiveis:

1 - Sem nada ter feito no terreno, o "empreendedor" Obriverca garante uma receita mínima de 60 milhões de euros, só em indemnizações "por não construir".

2 - A vereadora Gabriela Seara admite que "se tivesse sabido que o Governo iria avançar com medidas preventivas relativamente a esta urbanização, dado o traçado do TGV, teria retirado a proposta antes da sua aprovação, por uma questão de bom senso".
No entanto, ainda na passada semana, o Ministro das Obras Públicas Mário Lino e a Secretária de Estado Ana Paula Vitorino, na Assembleia da República, "apelaram à solidariedade da Câmara para que esta não aprovasse quaisquer projectos que viessem a onerar a construção da futura ponte (ligada ao projecto do TGV)".
Será que Gabriela Seabra ou os seus serviços não "ouviram o apelo"?

3 - Maria José Nogueria Pinto, a "Presidenta" do Plano de Revitalização da Baixa-Chiado "assobia para o lado" e trata de se abster, e neste caso estamos a falar de cento e sessenta e três mil metros quadrados de "interesses".
Perante este exemplo, que garantias nos oferece a Zézinha quanto à sua independência relativamente aos dois milhões de metros quadrados de "interesses" em disputa na Baixa-Chiado?

A juntar a tantas outras situações mais que duvidosas, aqui temos mais um caso ligado à construção civil e aos interesses instalados na Câmara Municipal de Lisboa.

Com a "simples" aprovação do projecto efectuada ontem, todos nós perdemos sessenta milhões de euros, e uma empresa privada trata de os arrecadar.

Será que esta merda não tem limites?




2 comentários:

AM disse...

não

Anónimo disse...

Nem pensar, enquanto houver dinheirinho para sacar aos camelos...