AS BOAS PRÁTICAS EM ESPANHA,
AS MÁS PRÁTICAS EM PORTUGAL
Alertados pela notícia de hoje do jornal Público "Directora do museu Rainha Sofia, em Madrid, vai ser substituida - A escolha do novo responsável pelo CARS será feita de acordo com o novo Programa de Boas Práticas em Museus e Centros de Arte..." lá partimos à descoberta do tal Programa de Boas Práticas, e, mais uma vez, constatamos a distância que nos separa, ainda, de Espanha.
Segundo o jornal ABC (link), é um conjunto de 6 entidades e associações ligadas ao mundo da arte contemporânea que, preocupadas com um conjunto de actuações muito polémicas no sector dos Museus e Centros de Arte Espanhois (nomeações políticias, demissões políticas, mau trabalho de directores de museus nacionais, etc.), resolve contactar o Ministério da Cultura para, em conjunto, tentarem encontrar soluções para os problemas detectados.
E, repetimos, em conjunto, redigem o Programa de Boas Práticas em Museus e Centros de Arte Espanhois.
O texto base deste Programa (link) é de um rigor e de uma análise exemplares.
Nele são abordados temas aqui muito debatidos, tais como a ligação dos directores dos museus ao comércio da arte contemporânea (exemplo maior o de Pedro Lapa director do Museu do Chiado e a sua ligação à Ellipse Foundation, mas não só...), passando pela tipificação e normalização das estatísticas dos visitantes e outras vertentes dessas estatísticas, ou a uma questão básica que em Portugal nem sequer é discutida, a da nomeação dos directores de museus.
Enquanto em Espanha se caminha no sentido de abrir estes cargos a nacionais e estrangeiros, mediante concursos públicos transparentes, em Portugal estes cargos são de nomeação régia, (quem nomeia é o Presidente do Instituto Português de Museus, o qual não é obrigado a qualquer explicação pública sobre as suas nomeações) e os nomeados sabem que, se não fizerem ondas, são nomeados para a vida, ou seja, até atingirem a idade da reforma.
Em Espanha estas nomeações passarão a ser de 5 anos.
Estes e outros temas, como o financiamento e autonomia financeiras das instituições são abordados no Programa, e poderia ser uma boa base de partida para reformular o sector em Portugal.
Haverá vontade política para isso?
Duvidamos, mas aguardemos.
O link relativo ao documento do Ministério da Cultura Espanhol referenciado, "atira" sempre para a página inicial do Ministério.
Para aceder ao documento, o caminho é este:
1º - No topo da página existe um link para "PRENSA" - Abrir este link
2º - Uma vez aberto o link, carregar em "Notas de prensa".
3º - Em "seleccione un mes" abrir em "Diciembre-2006"
4º - Encontram o documento com data de 18/12/2006
Boa leitura
1 comentário:
Não me choca o princípio da nomeação. Aliás, julgo ser necessária a confiança política para o desempenho dum cargo. Política no melhor e verdadeiro sentido do termo. Exigir confiança política é quase um pleonasmo. O mesmo não é dizer confiança partidária.
Não creio que a competência venha por concurso público. Basta olhar à volta para este país e ver a quantidade de asneiras saídas de concursos públicos, ainda que não na cultura, ainda que não em nomeações.
O que me parece grave em Portugal é os responsáveis nunca serem responsabilizáveis, seja na cultura seja em qualquer outra área pública.
Saudações
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