terça-feira, 23 de janeiro de 2007

AS BOAS PRÁTICAS EM ESPANHA,
AS MÁS PRÁTICAS EM PORTUGAL


Alertados pela notícia de hoje do jornal Público "Directora do museu Rainha Sofia, em Madrid, vai ser substituida - A escolha do novo responsável pelo CARS será feita de acordo com o novo Programa de Boas Práticas em Museus e Centros de Arte..." lá partimos à descoberta do tal Programa de Boas Práticas, e, mais uma vez, constatamos a distância que nos separa, ainda, de Espanha.

Segundo o jornal ABC (link), é um conjunto de 6 entidades e associações ligadas ao mundo da arte contemporânea que, preocupadas com um conjunto de actuações muito polémicas no sector dos Museus e Centros de Arte Espanhois (nomeações políticias, demissões políticas, mau trabalho de directores de museus nacionais, etc.), resolve contactar o Ministério da Cultura para, em conjunto, tentarem encontrar soluções para os problemas detectados.

E, repetimos, em conjunto, redigem o Programa de Boas Práticas em Museus e Centros de Arte Espanhois.

O texto base deste Programa (link) é de um rigor e de uma análise exemplares.

Nele são abordados temas aqui muito debatidos, tais como a ligação dos directores dos museus ao comércio da arte contemporânea (exemplo maior o de Pedro Lapa director do Museu do Chiado e a sua ligação à Ellipse Foundation, mas não só...), passando pela tipificação e normalização das estatísticas dos visitantes e outras vertentes dessas estatísticas, ou a uma questão básica que em Portugal nem sequer é discutida, a da nomeação dos directores de museus.

Enquanto em Espanha se caminha no sentido de abrir estes cargos a nacionais e estrangeiros, mediante concursos públicos transparentes, em Portugal estes cargos são de nomeação régia, (quem nomeia é o Presidente do Instituto Português de Museus, o qual não é obrigado a qualquer explicação pública sobre as suas nomeações) e os nomeados sabem que, se não fizerem ondas, são nomeados para a vida, ou seja, até atingirem a idade da reforma.

Em Espanha estas nomeações passarão a ser de 5 anos.

Estes e outros temas, como o financiamento e autonomia financeiras das instituições são abordados no Programa, e poderia ser uma boa base de partida para reformular o sector em Portugal.

Haverá vontade política para isso?

Duvidamos, mas aguardemos.

AVISO À NAVEGAÇÃO

O link relativo ao documento do Ministério da Cultura Espanhol referenciado, "atira" sempre para a página inicial do Ministério.

Para aceder ao documento, o caminho é este:
1º - No topo da página existe um link para "PRENSA" - Abrir este link
2º - Uma vez aberto o link, carregar em "Notas de prensa".
3º - Em "seleccione un mes" abrir em "Diciembre-2006"
4º - Encontram o documento com data de 18/12/2006

Boa leitura

1 comentário:

João Barbosa disse...

Não me choca o princípio da nomeação. Aliás, julgo ser necessária a confiança política para o desempenho dum cargo. Política no melhor e verdadeiro sentido do termo. Exigir confiança política é quase um pleonasmo. O mesmo não é dizer confiança partidária.
Não creio que a competência venha por concurso público. Basta olhar à volta para este país e ver a quantidade de asneiras saídas de concursos públicos, ainda que não na cultura, ainda que não em nomeações.
O que me parece grave em Portugal é os responsáveis nunca serem responsabilizáveis, seja na cultura seja em qualquer outra área pública.
Saudações