quinta-feira, 3 de maio de 2007

E NINGUÉM TRAVA ESTA LOUCURA?

Museu Mar da Língua é "prioritário".
Em breve começarão as obras para o novo Museu Mar da Língua Portuguesas - projecto que, disse ontem a Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, custará três milhões e meio de euros (1,6 milhões do Programa Operacional da Cultura e o restante do PIDDAC) e deverá ser inaugurado em Junho de 2008.
Este é um projecto "prioritário dentro da política de museologia em Portugal". "Fazer política é fazer opções", sublinhou a ministra, acrescentando que "o financiamento dos museus em Portugal não é ideal, mas isso não nos pode paralizar".
in: jornal público de 3.5.2007

2.3.2. Juros de mora
68. Foram pagos pelo Instituto Português de Museus (IPM), juros de mora à empresa Prestibel, SA, referentes a serviços de vigilância e segurança, no valor de 278.262,93€ (dos quais 184.512,75€ relativos a 2004 e 93.750,18€ relativos a 2005).

69. As despesas correspondentes aos pagamentos de juros de mora, face aos elevados encargos suportados e atendendo ao facto da mora nos pagamentos a este fornecedor ser uma situação recorrente no IPM, não cumprem com os critérios de boa gestão financeira, de acordo com os quais nenhuma despesa deve ser efectuada sem que também seja justificada quanto à sua economia, eficiência e eficácia.
in: relatório nº 31/06 (página 18) da inspecção do Tribunal de Contas ao Instituto Português de Museus

Na verdade, e como muito bem afirma Isabel Pires de Lima, governar é optar.

E, neste caso, Isabel Pires de Lima opta por não dotar o IPM de verbas suficientes para evitar juros de mora, e resolve fazer mais um museu, quando não tem verbas para manter abertos, com um mínimo de dignidade, os actuais museus nacionais sob tutela do IPM.

Na verdade, e como muito bem afirma Isabel Pires de Lima, governar é optar.

E, neste caso, Isabel Pires de Lima opta por fechar museus (Azulejo, Arte Antiga, só para referir dois dos mais emblemáticos) durante os horários normais, face à não afectação de verbas para vigilantes.

Na verdade, e como muito bem afirma Isabel Pires de Lima, governar é optar.

E, neste caso, Isabel Pires de Lima opta por colocar o espólio do Museu de Arte Popular "num sitio digno" como afirma na notícia acima referida.

E esse sítio digno é o Museu Nacional de Etnologia, que definha em Lisboa (em 2006 teve 11.895 visitantes - menos de mil por mês-, dos quais 3.608 alunos de escolas) perante a indiferença de Isabel Pires de Lima.

Na verdade, e como muito bem afirma Isabel Pires de Lima, governar é optar.

E Isabel Pires de Lima opta por "fazer obra" e deixar (pensa ela...) o seu nome para a posteridade ligado aos novos museus Mar da Língua Portuguesa e Hermitage, sem cuidar de reunir condições financeiras e humanas para valorizar e desenvolver os museus existentes.

Na verdade, e como muito bem afirma Isabel Pires de Lima, governar é optar.

E, neste caso, Isabel Pires de Lima troca o interesse nacional pela colocação do seu nome em duas placas a assinalar "Este Museu foi inaugurado por Sua Excelência...".

Este Ministério é mesmo um quintal mal frequentado, não acham?










3 comentários:

AM disse...

é simples... ou a ministra ou a cultura... agora, imaginem qual é que o trocas-te prefere...

Anónimo disse...

Comecei a ler esta semana uma obra que há muito me tinha sido sugerida, mas cujo preço me fez hesitar na compra. Agora, aproveitei uma baixa depreço para a comprar.Chama-se: The Manual of Museum Planning: Second Edition, by Gail Dexter Lord, AltaMira Press; 2 Sub edition (March 28, 2000). Sugiro que se faça uma vaquinha e se ofereça à ministra. Se ela conseguir ler, talvez comece a perceber melhor o que é um Museu, quais as suas necessidades e os aspectos a ter em conta quando se pretende intervir no edifício, na colecção, ou mesmo na sua organização.
Cumprimentos,
João Tiago Tavares

formiga bargante disse...

Meu caro João Tiago Tavares

E que tal partilhar as suas leituras com os leitores deste blogue(eu em primeiro lugar...)?

Terei muito gosto em abrir "as páginas" da formiga para publicar os seus textos.

Vá lá, não faça caixinha...