SOB O SIGNO DA VERDADE - O ELOQUENTE "CASO SALGADO" - II
O mês de Julho ficaria ainda marcado por alguns outros acontecimentos, o mais relevante dos quais foi sem dúvida o "caso Salgado".
Como referi atrás, no seguimento de múltiplos recados que me diziam que Manuel Salgado queria ser vereador, conversei com ele no princípio de Maio, num encontro em que ele me conformou essa sua disponibilidade e vontade.
Como referi atrás, no seguimento de múltiplos recados que me diziam que Manuel Salgado queria ser vereador, conversei com ele no princípio de Maio, num encontro em que ele me conformou essa sua disponibilidade e vontade.
A dificuldade, de vulto, decorria do facto de, ao mesmo tempo, Manuel Salgado ter, com o seu atelier, muitos projectos em Lisboa, o que configurava uma situação ética e juridicamente muito sensível. Tinhamos ficado, como disse atrás, de pensar e de ir falando.
Mas não falámos muito. Manuel Salgado aparecia muito regularmente nas "Jornadas", na sessão dedicada ao urbanismo fez uma intervenção interessante e, no fim, com Bruno Soares e Fonseca Ferreira (era o núcleo forte dos sampaistas da CML), veio comunicar-me que estavam a elaborar um manifesto de apoio à minha candidatura, que realmente viriam a tornar público em Junho.
E foi sem que outra conversa tivesse tido lugar que, a 28 de Maio, deparo com a "Actual" do Expresso dedicada ao tema "Lisboa vista por Manuel Salgado", com direito a capa com fotografia, visita guiada pela cidade, etc., tudo a mostrar um longo e muito cuidado trabalho de preparação. Tudo bem, disse para comigo, tudo isto é óptimo para Lisboa e para debater a cidade. Mas rapidamente dei conta de que havia dois problemas. O primeiro, de lealdade, uma vez que não é normal que alguém, envolvido num trabalho colectivo como Salgado estava nas "Jornadas por Lisboa", de repente tire do bolso - sem comunicar a ninguém, nem o centeúdo nem a intenção - um texto de seis páginas sobre a mesma matéria para o divulgar com tal destaque. E mais, o que ainda é menos normal, que o faça fingindo ignorar o que estava em curso, de resto de um modo um bocado absurdo, uma vez que nesse momento a nossa candidatura se afirmava, exactamente, como uma candidatura que consagrava uma perspectiva integradora, de projecto: os nossos cartazes, espalhados pela cidade, diziam que estávamos a trabalhar num "projecto para Lisboa", e depois que queriamos "projectos com princípio, meio e fim". Simulando ignorar tudo isso, Salgado chega a afirmar que o que seria "importante era uma visão integrada, que mexendo em coisas diferentes, pudesse fazê-las convergir para um objectivo forte". E acrescentava: "É isso que não vejo, até agora, representado por ninguém".
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