sexta-feira, 1 de junho de 2007

SOB O SIGNO DA VERDADE - O ELOQUENTE "CASO SALGADO" - IX

Li, e engoli, tendo apenas feito algumas declarações de princípio sobre a defesa do interesse público de que, manifestamente, Lisboa precisava. Percebi que aquele homem tinha sonhado muito com Lisboa: por isso mandou tantos recados, se ofereceu tanto. Por isso alimentou a escondida ambição - coisa de que nunca falou, mas revelava agora no Expresso - de acumular uma inacreditável quantidade os pelouros : o Urbanismo, o Planeamento e a Gestão, o Espaço Público, a Reabilitação Urbana e a Mobilidade!... Nada mais, mada menos, ele andara a sonhar ter nas mãos 80% do poder da Câmara. Ele queria, no fundo, ser presidente, mas às custas de outro, de alguém que aguentasse as "chatices políticas". E, no fim, voltar aos seus negócios, que entretanto deixaria, através de uma venda de conveniência, em mãos amigas.

É este homem que, com a inclassificável cumplicidade de um semanário em crise de responsabilidade, vem agora falar de "deficiências de carácter"!...

Mais um, pensei, afinal é só mais um dos muitos que já fizeram o mesmo, e que sempre o fizeram nas mesmíssimas circunstâncias - quando têm por trás uns média amigos ( uma vezes cúmplices, outras, imprudentes) e pela frente alguém que sempre defende intransigentemente, como eu sempre tenho feito na minha vida, o interesse público.
Manuel Maria Carrilho - SOB O SIGNO DA VERDADE, páginas 122 e 123.

Sem comentários: