quinta-feira, 23 de agosto de 2007

"BERARDIZAÇÃO?"
Textos, polémicos, de Alexandre Pomar

O que será a "berardização" da cultura"? Foi o Óscar Faria, regressado do seu "grand tour", que usou ou propôs o conceito (de facto, não sei se é a proposta é inédita,mas partamos do princípio que sim). Foi no Público de dia 17 de Agosto, na pág. 52 do Ípsilon - aliás, as questões levantadas pelo tema de capa (a cena alternativa do Porto) são também relevantes, mas a escrita está preguiçosa.
A ideia tem algum sentido ou é uma facilidade que cobre enganos de apreciação ou erros de alcance teórico, cultural ou político? Pode valer a pena examinar isso (sem querer ter ou parecer ter qualquer intenção polémica, ou sem esperar resposta do próprio Óscar, que terá mais que fazer).
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O que será a "berardização" da cultura"? 2ª aproximação, tentando ir direito ao assunto.

Não sei o que o Óscar Faria quer dizer com a sua frase (Ípsilon/Público, 17 de Agosto, pág. 52)

"Num momento em que se assiste a uma "berardização" da cultura, com todas as consequências que daí advêm - nomeadamente a hipervalorização de um acervo que tem sido constituído em função do mercado, sempre especulativo, e sustentado por questões de oportunidade; por oposição a uma planificação exigível a um museu -, o descontrole parece total. Daqui a dez anos, quando terminar o contrato com o comendador, que tem uma verba pública disponibilizada para aquisições, quais serão as alternativas entretanto criadas pelo Estado?"

mas entende-se que lhe atribui um sentodo negativo.
Ora para mim a "berardização" da cultura tem um conteúdo ou sentido essencialmente positivo, e é mesmo o que de melhor tem ocorrido nesta área, para além da aplicação do chamado PRACE que veio inverter a ambição megalómana da anterior reforma da administração do sector, há dez anos, reduzindo o seu aparato burocrático e os seus custos (pelo menos é o que se espera).

Em termos gerais, a "berardização" da cultura significa a intervenção directa da vontade e dos meios de acção de um particular afortunado (é a iniciativa privada, se se quiser), com a intenção de suprir carências do país e as incapacidades dos poderes públicos, estabelecendo com estes as parcerias necessárias à prossecução daqueles objectivos.
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