segunda-feira, 27 de agosto de 2007

LUIS RAPOSO, O MEGAFONO DA BRIGADA DO REUMÁTICO - II

"No regresso de férias, verifico que as primeiras semanas de Agosto foram férteis em tomadas de posição recriminatórias da não renovação do mandato directivo de Dalila Rodrigues à frente do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). Neste afã laudatório, houve quem se atrevesse a dizer que a posição comum tomada pela maior parte dos directores dos museus do Ministério da Cultura (MC), entre os quais me conto, há muito conhecida no mundo dos museus e maduramente reflectida, resultaria simplesmente de terem os seus lugares em risco, lembrando os tampos da ditadura. Claro que "não ofende quem quer, mas apenas quem pode". E, pelo menos no que me diz respeito, não reconheço a nenhum dos tais esforçados plumitivos, uns do tipo "tenho opinião para tudo", outros simplesmente mundanos, nem o estatuto intelectual, nem a vivência cívica capazes de sequer me incomodar. Mas porque a insídia pode causar impacte juntos dos menos avisados, julgo que é chegado o momento de, por esta via, colocar alguns pontos nos is."
in: Luis Raposo - jornal público de 25.8.2007

Esta primeira transcrição do texto de Luis Raposo (outras se seguirão), tem o condão de elucidar dos caminhos que este ilustre director de Museu Nacional decide percorrer no seu texto, relativo ao afastamento de Dalila Rodrigues do MNAA: o insulto fácil, o deslumbramento com a sua pessoa e a desonestidade intelectual manifesta na forma como distorce a realidade para tornar crediveis os seus pseudo-argumentos.

Vejamos algumas das afirmações de Luis Raposo contidas nesta transcrição.

"E, pelo menos no que me diz respeito, não reconheço a nenhum dos tais esforçados plumitivos, uns do tipo "tenho opinião para tudo", outros simplesmente mundanos, nem o estatuto intelectual, nem a vivência cívica capazes de sequer me incomodar".

Decerto que Luis Raposo já estaria de férias quando um pequeno grupo de pessoas de várias formações e quadrantes políticos compareceu à porta do MNAA, para manifestar a Dalila Rodrigues a sua solidariedade.

Caso não estivesse de férias, certamente que veria entre os presentes pessoas como Nuno Júdice ou Jorge Molder, Augusto M.Seabra ou João Marques Pinto, ou ainda Manuel Graça Dias ou Manuel Costa Cabral, entre outros.

Mas Luis Raposo já estaria de férias, certamente, dado que nem sequer deve ter tomado conhecimento de um movimento de apoio a Dalila Rodrigues na net, que reuniu nomes como Eduardo Souto Moura ou Natcho Checa, Manuel Luis Cochofel ou Maria Nobre Franco, Daniel Blaufuks ou Fernanda Lapa, Julião Sarmento ou Aquilino Ribeiro Machado, ou, ainda, Vicente Todoli (actual director da Tate Modern, depois da sua passagem por Serralves) ou Gearoid Conchubhair (do National College of Art and Design-Dublin), entre muitas e muitas centenas de outros nomes.

Mas, a todas estas pessoas Luis Raposo não reconhece "nem o estatuto intelectual, nem a vivência cívica capazes de sequer me incomodar".

Valeria a pena perguntar a Luis Raposo quem teria "estatuto intelectual ou vivência cívica" para o incomodar, mas não vale a pena.

Luis Raposo despreza e insulta as pessoas referidas e muitas, mas mesmo muitas outras, para se sentir bem integrado e acompanhado pela "Brigada do Reumático".

Clarificados, assim, os caminhos que Luis Raposo decide percorrer neste seu longo artigo de opinião, continuamos amanhã.




5 comentários:

João Barbosa disse...

acho que devia mandar estes seus textos como direito de resposta para o Público. Seria um pontapé dado no mesmo sítio em que esse senhor brindou a nação.

Anónimo disse...

Não me parece que tenha ainda demonstrado em que se enganou Luís Raposo. Os números e percentagens que referiu não estão errados.
Quanto às suas comparações de arqueologia com Arte Antiga, são ridículas. Basta olhar para as diferenças de visitantes entre museus do mesmo tipo no estrangeiro e pode reparar que um tipo de coisas atrai mais as pessoas que outras. Mais pessoas tenderão a visitar os a custódia dé Belém do que um biface alentejano (mas isso ignora). Luís Raposo não me parece nunca estar a comparar-se pessoalmente com Dalila Rodrigues. Só coloca a sra. no seu lugar, não por comparação consigo mas por outras coisas.
De qualquer modo as tristes figuras com Marques Mendes já lhe tiraram qualquer crédito que tivesse (dito pelo próprio Pacheco Pereira).
Quanto ao visitantes, não sei se tem noção mas o Museu dos Coches, por exemplo é o mais visitado devido aos autocarros de grande turismo incluirem-no como visita obrigatória (o que não acontece com Arqueologia).
Parece-me interessante que lhe incmode tanto o sucesso de Arqueologia (o que se quer é museus com sucesso)... mas é pelo seu director dar a cara não é, afinal o único capaz de colocar DR no sítio. Quanto à evolução dos museus, não dê lições a quem sempre esteve ligado aos museus com posições públicas sobre estes (ainda o Sr. devia andar a tentar perceber o assunto já Luís Raposo escrevia nos jornais de grande tiragem sobre o caso).
Compare os números que são comparáveis e não faça artifícios de números.
Quanto às festas... Os museus podem ter festas, não do tipo pimba (como certos "eventos" de moda que vi no largo de arte antigam, que por gostar tanto do museu achei uma palhaçada). As festas em Arqueologia têm sido um grande sucesso e dá gosto ver fotografias como as que mostra. Os toca a rufar é um grupo interessantíssimo, com carácter etnográfico, mas isso não percebe.
Acha que terá possibilidade de perceber alguma coisa que não seja "apenas" que Dalila Rodrigues é óptima, é maravilhosa, é o máximo? É que parece que não. E digo-lhe mais, atacando desse modo um director conceituado como Luís Raposo, tão respeitado entre os seus pares, só perde o seu crédito (se teve algum). É que ninguém o ouvirá (se é que ouve) porque perde a razão.
Ninguém diz que DR só foi má (tb fez algo de bom).
O museu de arqueologia é um caso de sucesso... toda a gente sabe. O seu director tem tido uma actuação séria e brilhante. Ao longo do tempo tem saído sistemáticamente na imprensa com notas positivas (do diário de nótícias, do público, do jornal de letras, do expresso... mas todos devem andar a dormir...).
E quanto a quem diz para enviar isso que escreve para o Público como direito de resposta, rio-me e digo-lhe... envie, que não será publicado. O conteúdo do que está escrito importa, não publicam tudo e isso não tem crédito nenhum!
Agora se fosse a DR a responder talvez...
Ahhh e nos apoios da internet à DR esqueceu-se do pateta, do mickey e da própria DR (não me faça rir)... ainda não li nada publicado de apoio a DR de alguém dos meios culturais (e nem fora deles).

Anónimo disse...

Meus caros, tive pena da DR, no artigo que publicou. Sem "sumo" nenhum, nem defesa nenhuma... E retirou umas fotos deste site. Se precisarem de fotos inversas contactem. É que em algumas alturas acontece o inverso... Melhor fotografia ainda era a saída da missa, em que estariam mais portugueses que estengeiros...
Só rir! Assim é o poder de argumentação das pessoas em Portugal! De algumas pessoas!

Anónimo disse...

Li o artigo. Não achei nada de especial. Tem pouco conteúdo e sobretudo não avança nada de novo nem responde aos argumentos que foram apresentado por um seu colega. Perde tempoa contar episódios (em matéria de catálogos não percebo como não há alternativa a uma editora...), referir blogues como fontes das suas ideias... Esperava-se mais seriedade!

Anónimo disse...

Um folhetim que tarda em acabar...
Na edição de 1 de Setembro de 2007, o «Público» volta a dar voz à Drª Dalila Rodrigues para, em página inteira, retomar os seus já conhecidos argumentos a respeito da política cultural do actual Governo para os museus portugueses.
Depois de Vasco Pulido Valente ter sido tão frontal na forma como considerou justificada a sua não renovação da comissão de serviço à frente do Museu Nacional de Arte Antiga, corroborada por posição similar do Dr. Pacheco Pereira no Blog «Abrupto», e sem contar com a esclarecedora missiva do Dr. Luís Raposo a respeito dos indicadores de desempenho dos principais museus de Lisboa, julgariamos que as opções editoriais do jornal catalogassem de não notícia esta tentativa de ressuscitar o que já está morto e enterrado.
Não é, porém, assim! E lá nos deparamos com os queixumes de quem não entende que a definição das políticas cabe a quem foi eleito para tal e, goste ou não goste, delas caber-lhe-ia como Directora de um Museu tutelado pelo Estado, cumprir essas orientações.
Ao prestar-se ao Carnaval mediático, que meteu mini-manifestações e mini-comícios, a Drª Dalila Rodrigues demonstrou sobejas qualidades para se promover num, razoavelmente bem sucedido, marketing pessoal, mas violou flagrantemente o Código do Trabalho.
Em qualquer empresa privada um director que se insurgisse contra as orientações do Conselho de Administração não conheceria outro destino que não fosse o do Dr. Paulo Teixeira Pinto à frente do BCP. O que ela não se privou de fazer durante meses a fio e em sucessivas ocasiões foi a contestação à tutela a quem deveria sempre lealdade e acatamento de orientações.
Se tivesse a verticalidade do ex-presidente da Comissão Executiva do referido Banco, a Drª Dalila Rodrigues ter-se-ia demitido, ganhando então legitimidade para contestar, de fora, o que em seu entender está a constituir uma política errada. Não foi essa a sua opção: pelos vistos pretendia manter o seu prestigiado lugar e cultivar a sua imagem pessoal numa contínua acção de sabotagem.
A decisão do Governo é, pois, lógica e não poderia tomar outra configuração. A não ser na cabeça da visada e dos seus reduzidos apoiantes...
Mas, neste enquadramento, porque se insiste em querer transformar num escândalo o que não é senão um mero «fait divers» no seio de uma organização, apenas pelo facto dele ocorrer no sector público?
É tempo de a Drª Dalila Rodrigues regressar ao anonimato donde nunca mereceria ter saído...

Publicada por Jorge Rocha