terça-feira, 28 de agosto de 2007

LUIS RAPOSO, O MEGAFONO DA BRIGADA DO REUMÁTICO - III

"Antes de tudo, o essencial: existe de facto uma crise de crescimento dos museus nacionais, conhecida do grande público pelo menos desde que, há cerca de dois anos e meio, os tais directores timoratos resolveram tomar posição, com eco tal que até Marcelo Reblo de Sousa disse então "não lembrar ao careca" ter de fechar salas, por falta de pessoal. Acontece, porém, que as situações reais de crise constituem também terreno fértil para todo o tipo de oportunismos. Bastaria surgir alguém com suficiente ânsia de vedetismo, sempre à espera de ser bafejado pela sorte no virar de qualquer esquina da sinuasa estrada política em que vivemos, e cuja relação com os museus fosse meramente instrumental, para que a cartada clássica da vitimização fosse lançada. E é isto o que, de toda a evidência, se passou com a actuação e subsequente afastamento de Dalila Rodrigues do MNAA"
in:Luis Raposo - jornal público de 25.8.2007

Afinal, parece que as férias de Luis Raposo começaram, pelo menos, desde que tomou posse como director do Museu Nacional de Arquelogia.
Afirma Luis Raposo que, citamos "existe de facto uma crise de crescimento dos museus nacionais, conhecida do grande público pelo menos desde que, há cerca de dois anos e meio, os tais directores timoratos resolveram tomar posição, com eco tal que até Marcelo Reblo de Sousa disse então "não lembrar ao careca" ter de fechar salas, por falta de pessoal".

Sucede que a crise dos museus portugueses é muito mais antiga, vem, pelo menos, do início dos anos 90, e essa crise não reside só na falta de vigilantes para os museus.

Essa crise, de responsabilidade de vários governos mas sempre com a cumplicidade dos directores de museus, que se arrastam no cargo de forma escandalosa, tem raizes muito mais profundas, que se traduzem na falta de investimento no enriquecimento das colecções ou na conservação dos edifícios, na falta de investimento na formação e valorização dos quadros dos museus e, não menos importante, no total desprezo/impunidade como os directores de museus encaram as suas responsabilidades para com os visitantes dos seus/nossos museus.

Como se estes aspectos não fossem, só por si, suficientemente graves, instalou-se, nos últimos anos, uma política de manipulação de dados no antigo IPM e actual IPC, de forma a fazer crêr que, apesar das dificuldades, os portugueses se estavam a reconciliar com os seus Museus.

Pura mentira e, repetimos, com a total conivência da corporação dos directores de museus.

Antes de entrar na análise dos números que sustentam a nossa afirmação anterior, um aviso prévio indispensável.

Nos elementos tornados públicos pelo IPM (actual IPC) relativos aos visitantes dos museus nacionais, existem duas categorias de números que é fundamental separar.

Por um lado, existem números relativos às entradas nos museus que correspondem a bilhetes efectivamente vendidos, o que torna esses números perfeitamente crediveis, dado que ninguém está a vêr um director de museu colocar dinheiro do seu bolso para aumentar o número de visitantes.

Por outro lado existem outros números, nas categorias "Livres e outros" e "Outros", que não representam qualquer tipo de ingresso monetário, e nos quais se incluem as visitas aos jardins, às cafetarias e outro tipo de anexos dos museus, sem que os visitantes tenham que passar pelas instalações dos museus e sem que ninguém tenha controlo sobre os mesmos, a não ser a direcção de cada museu. Mas sobre este tema falaremos noutro dia, agora vamos aos números.

Visitantes totais dos museus nacionais, por anos:

2002 - 1.031.323
2003 - 958.953
2004 - 918.208
2005 - 927.389
2006 - 1.169.481

Como se pode verificar, entre 2002 e 2005, existe uma acentuada perca de visitantes que, por artes milagrosas, são recuperados, e por larga margem, em 2006.

Verdade? Não, mentira.

Os números são aqueles, mas esses mesmos números escondem outra realidade, realidade essa alimentada e silenciada pelos directores dos museus que agora se mostram tão ofendidos com Dalila Rodrigues

Vejamos os mesmos números, retirando-lhes os famosos "Livres e Outros" e "Outros", comparando 2002 e 2006

2002
Visitantes totais - 1.031.323
Livres e Outros - 136.905
Resultado - 894.418

2006
Visitantes totais - 1.169.481
Livres e Outros - 259.209
Resultado - 910.272

Ou seja, e isto sem uma análise mais fina, o aumento de visitantes "PAGANTES" cifrou-se em 15.854, ou seja, menos de 2%.

Em contrapartida os ingressos não pagos, os tais "Livres e Outros" e "Outros", passaram de 136.905 em 2002 para 259.209 em 2006, ou seja, um aumento de cerca de 90%

E no meio deste verdadeiro festival de "contabilidade criativa" levada a efeito pelo IPM, como se comportou o museu dirigido por Luis Raposo, o tal que afirma ser contra aquilo que escreve, transcrevemos "... as festanças do tipo olé-olé"

Em 2002 as entradas correpondentes a "Livres e outras" e "Outras" foram de 3.629, e de 15.242 em 2006, ou seja, um aumento de 320%!

Mas para podermos apreciar devidamente "a falta de apetite" de Luis Raposo por festas, vejamos os mesmos números relativos ao mês de Maio de 2002 e 2006, mês em que se realiza a Festa dos Museus.

Em 2002, e em Maio, entraram no MNA contabilizados por aquelas duas categorias 129 visitantes.

Em 2006, e também em Maio, entraram 9.657 visitantes, ou seja, um acréscimo de 7.386% face a 2002!

E para finalizar por hoje, mais um pequeno detalhe:

Só as entradas em Maio de 2006 no MNA naquelas duas categorias de visitantes correspondem a cerca de 65% do total do ano.

Isto para quem, como Luis Raposo, não aprecias festas, não está mal.

Esta é só uma pequena introdução sobre a forma como Luis Raposo manipula os factos, seguindo as pisadas do seu chefe, o Fiel Serventuário Oleiro.

Portanto, estamos perfeitamente seguros quando afirmamos que Luis Raposo é, no mínimo, intelectualmente desonesto.
Continua

3 comentários:

João Barbosa disse...

eheheheheh... eheheheheh... não consigo parar de rir. A isto chama-se uma bela palmada. Boa!

Anónimo disse...

Se calhar faltava à Dalila Rodrigues a esperteza vulpina do Director do Museu de Arqueologia

Anónimo disse...

Não vejo onde está a contabilidade criativa do Director do MNA a avaliar pelos números que apresenta. Pelo que leio as chamadas entradas livres ( que acho uma opção justificável ) contribuiram para levar mais pessoas aos museus. Isso ter-se-à passado no MNA e no MNAA. Acontece que não desmente nada do que o Director do MNA escreveu: afinal quem é que beneficiou mais com a tal política de museus de portas abertas ? O MNAA ou outros museus?
E quanto às outras observações factuais de Luís Raposo ? Zero. Quanto à ainda actual Directora do MNAA, já devia ter saído pelo seu próprio pé, se discordava da orientação do Governo,o que só lhe ficava bem. E evitaria a cena degradante ( que hoje passou nos telejornais) servindo de cicerone ao Presidente do PSD.
Ricardo Leite Pinto