domingo, 26 de agosto de 2007

SoSo - Revista de Arte e Assim (Agosto de 2007)

- notícias do mundo da arte -


Esgrima Cultural provoca dois feridos graves
Duas pessoas ficaram gravemente feridas e outras duas tiveram de receber tratamento hospitalar, quando na Rua dos Condores de Cima na aldeia de Lavares de Baixo, dois homens de cerca de 60 anos travaram uma batalha corpo a corpo frente ao café onde todas as tardes viam os carros passar. Segundo uma testemunha os dois homens começaram a discutir por causa de uma visita ao Museu Berardo, incluída nas visitas que a Junta de Freguesia organizou para a terceira idade, tendo em vista as próximas autárquicas e que contemplava entre outros um ciclo de cinema sueco na Culturgest e um concerto de Shostakovich na Gulbenkian.

A mesma testemunha adiantou que os dois idosos terão começado por esgrimar argumentos acerca de um Mark Rothko presente na colecção Berardo e acabaram a agredir-se fisicamente. “Um deles dizia ser impossível que a pintura gestual tivesse abandonado Rothko ou que este a tivesse abandonado. Negou-se também a admitir a possibilidade da pintura gestual não ser agressiva. O outro referia-se a Rothko como o domesticador da pintura gestual e daí a não agressividade da mesma na sua própria obra”, referiu a mesma fonte que preferiu manter-se anónima com medo de represálias por parte dos outros idosos que foram no passeio. Os dois feridos ligeiros, um rapaz e uma rapariga que naquele momento passavam depois de destruírem uma plantação de milho transgénico, provocaram os dois idosos dizendo “depois do cubismo, toda a arte é menor o que, como é óbvio, causou grande exaltação”, contaram-nos. Um dos idosos trazia consigo um florete e o outro um sabre.



Mark Rothko
Terra e Verde
Galeria Beyeler, Basileia


Nietzsche, Pollock, Mark Twain e Deus
Amanhã à noite, no Sheraton Verbo Divino na terceira nuvem à direita a contar do trono de S. Pedro, no elegante “Bairro dos Artistas Mortos”, irá realizar-se um jantar de apoio a Jackson Pollock que esta semana foi vítima de infâmia e perjúrio. O reputado pintor que esteve quase a não entrar no Céu por causa do seu problema com o álcool, recebeu a notícia de que na Terra havia ainda quem duvidasse que estava morto e por isso iriam sujeitá-lo a posts intermináveis em blogs sem interesse e caixas de comentários quase vazias. Para além disso Pollock teria de voltar a pagar impostos, fazer talvez um programa de reabilitação e colocar as mãos no Passeio da Fama, vá-se lá saber porquê.

Entre os apoiantes de Pollock estarão outras personalidades do mundo das artes plásticas como Sol LeWitt (ainda a ambientar-se), Nam June Paik e o sempre presente Warhol. Marylin Monroe e Elvis Presley não quiseram deixar de se associar a esta iniciativa, bem como a Princesa Diana acusando os blogs de os terem ressuscitado por várias vezes levando as pessoas a afirmar que os viram.


Hans Namuth
Jackson Pollock
1951


Morrer de tédio
Os museus portugueses não estão a ser assaltados, mas as obras de arte que se encontram lá dentro são cada vez em menor número. Este fenómeno deve-se às últimas medidas da Ministra da Cultura que não tem dado descanso aos meios de comunicação social, ao público, à classe crítica, mas tem no entanto ajudado à propagação do vírus. As obras de Tomás da Anunciação na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, de Grão Vasco no Museu de Lamego e duas estátuas de Leopoldo de Almeida no Museu José Malhoa estão a morrer de tédio. O número de visitantes é diminuto e apesar dos esforços do pessoal responsável pela Conservação e Restauro destes museus e de um grupo muito competente de psiquiatras que tem ouvido as obras moribundas, continua a ser impossível explicar qual a origem do vírus. “Não conseguem fazer amizade com o bicho da madeira, com o cheiro a bafio nem com as teias de aranha”, contou Armando Celrfield, especialista neste tipo de casos. “Já não via obras de arte a morrer de tédio desde, desde... o Concílio de Trento. Eu estive lá. Não sei o que pretende fazer a Srª. Ministra, mas estas obras são como modelos, precisam de ser apreciadas todos os dias e os visitantes destes e de outros museus são cada vez em menor número. A continuar assim teremos de lhes passar um atestado médico para se irem tratar num SPA cultural em Marselha”.
José Malhoa
Conversa com o vizinho
1932
Museu José Malhoa

1 comentário:

Anónimo disse...

Acredite se quiser:

A jovem trigueira que serviu de modelo e inspiração a Malhoa é, nada mais nada menos, Dalila Rodrigues, aqui ainda jovem (com cerca de menos 86 anos em relação á sua actual idade)