segunda-feira, 22 de maio de 2006

DA NOVA VIDA DA ELLIPSE FOUNDATION,
OU DAS PERGUNTAS SEM RESPOSTAS.


Num longo artigo de Vanessa Rato, publicado ontem no jornal público, ficamos a saber que a Ellipse Foundation vai iniciar uma nova vida com a inauguração de um espaço próprio em Alcoitão, Cascais.

Mas, para além desta novidade, existem perguntas já anteriormente formuladas, na Formiga Bargante e noutros "formigueiros", e que até hoje estão sem resposta.

Recapitulemos.

1º - O que é a Ellipse Foundation ?

"Ainda segundo o presidente do BPP e da Ellipse, na origem do projecto houve duas opções-chave:criar uma fundação, em vez, por exemplo, de um fundo de arte, e estabelecer um sistema de aquisições bastante institucionalizado..."
in: artigo de Vanessa Rato acima citado

João Rendeiro aflora uma questão central, sem no entanto a esclarecer: qual a razão que levou a constituir uma fundação e não um fundo de arte?
Para se perceber as motivações reais que norteiam esta fundação, clarificar este ponto seria fundamental.
Vejamos como a fundação foi apresentada em Portugal, Espanha e Brasil:

João Rendeiro revelou ainda que a Ellipse Foundation, uma fundação criada pelo BPP para investir em arte, já terminou a sua colocação de capital, junto de 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. O investimento total de 20 milhões de euros irá ser colocado ao longo de 4 anos.
in:portal de bolsa (link)

Banco Privado Portugués ha creado una innovadora modalidad de inversión a través de Ellipse Foundation, cuyo objetivo es constituir una de las más importantes colecciones internacionales de arte contemporáneo del siglo XXI. Un grupo de inversores privados españoles y portugueses destinará 20 millones de euros a esta iniciativa, en la que BPP aportará el 10% de los fondos. Un renombrado grupo de expertos de arte (curators) y un Advisory Board asegurarán la consistencia de este proyecto, que tiene como meta reunir una de las más importantes colecciones internacionales de artes contemporáneo del siglo XXI. La propuesta se asume a largo plazo y se desarrollará, como mínimo, durante los próximos siete años. Este grupo de especialistas está constituido por Alexandre Melo, James Lingwood y Pedro Lapa. Por su parte, en el Advisory Board figuran personalidades como Leopoldo Rodés, Milú Vilella, Andrew Renton, Christine Van Assche o Herve Mikaellof. La Elipse Contemporary Art Collection sera al final valorada por expertos internacionales y colocada en una institución museológica.
in:diario digital de extremadura (link)

El banco ha creado una modalidad de inversión a través de "Ellipse Foundation" que aspira a convertirse en una de las más importantes colecciones internacionales de arte contemporáneo del siglo XXI.
in:agência efe/finanzas.com (link)

Centrado en el asesoramiento financiero estratégico, tanto para empresas como para clientes de banca privada y en promover y liderar diversos proyectos a través de los cuales invierte en proyectos inmobiliario o en Arte, el Banco Privado Português ha creado una innovadora modalidad de inversiõn a través de Ellipse Foundation, cuyo objetivo es constituir una de las más importantes colecciones internacionales de Arte Contemporâneo del siglo XXI.
in:teleprensa (link)

Invasão portuguesa
Não é só na área de supermercados e telefonia que os portugueses investem no País. Chega ao Brasil, mais especificamente em São Paulo, o Banco Privado Português (BPP). Dentro do segmento de banco de investimentos, o BPP destaca-se pela criação de fundos sofisticados, como por exemplo
a Ellipse Foundation - fundo de investimento em arte contemporânea, e o Ceará Investment Fund, voltado a um empreendimento no setor hoteleiro, turístico e imobiliário.
in:sbc notícias (link)

Pelas notícias acima transcritas, algumas conclusões são possiveis:

1º - A Ellipse Foundation é, afinal, um fundo de investimento em arte, do qual fazem parte 30 investidores portugueses, espanhois e brasileiros.

2º - La Elipse Contemporary Art Collection sera al final valorada por expertos internacionales y colocada en una institución museológica.
Esta é uma afirmação contida no texto do diário digital de extremadura, e que, curiosamente (ou não) nunca é referida nas notícias publicadas em Portugal.
E faz todo o sentido.
Se a Ellipse Foundation é um fundo de arte, com 30 investidores, chegará uma altura em que estes terão que recuperar o capital investido e as mais validas entretanto obtidas.
E como se consegue obter o capital inicial e as mais valias ?
Responda quem sabe.

3º - y colocada en una institución museológica.
Esta é, para a Formiga Bargante, a afirmação mais enigmática.
Será que esta mencionada "institución museológica" já tem nome ?
Será que vamos assitir a um novo folhetim Berardo, mas desta vez com outro protagonista, neste caso Rendeiro ?
Já estamos a imaginar a cena:
"Rendeiro ameaça vender para o estrangeiro uma das mais importantes colecções de arte contemporânea"
E, já agora, 30 investidores "arrecadam" 20 milhões de euros para investir em arte, sabendo que no final a colecção será valorizada "por peritos internacionais e colocada numa instituição museológica" e não saberão desde já quem será esta misteriosa "entidade museológica"?
Por outras palavras, o "negócio" não estará já todo contratado?

4º - Só por curiosidade: qual a razão que motiva a que a Ellipse Foundation seja uma entidade jurídica holandesa?
Será que na Holanda o regime jurídico das mais valias das fundações é mais favorável do que em Portugal ?
Será ?

Amanhã continuaremos com este tema.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já pensou numa terceira via também brilhante para esta híbrida Fundação/colecção/Fundo? Pois é, eu já. Em primeiro lugar ele vai conseguir fundos públicos para financiar o seu "museu" pessoal, na Câmara de Cascais ou com o Governo PS (afinal quem é o assessor de Sócrates para a Cultura? ele mesmo, Mello um dos principais curadores da Ellipse. Por acaso alguém já viu banqueiro dar € 4 milhões para a conr«strucção a fundo perdido de um espaço para arte? Eu nunca vi.

Depois ele realmente mantém parte da "colecção" em Cascais conseguindo assim "calar a boca dos seus detratores". As obras difíceis de vender ficam por lá, mantidas obviamente com fundos públicos (segurança, seguro, manutenção, conservação, etc).

Finalmente, outra parte da "colecção" será vendida ao público (leilões, galerias, particulares, etc). Por acso alguém controla ou vai controlar o acervo? Sim, o dr. Rendeiro. Se ele mantiver 150 obras e vender 300 ou mesmo vice-versa, ninguém vai dar por isso.

Conclusões:

1.Constrói o seu "museu" pessoal com financiamento a custo zero e fica bem visto na comunidade.

2. Consegue um bom lucro com as obras vendidas.

2. O sujeito é muito mais esperto que todos nós juntos