quarta-feira, 23 de maio de 2007

SOB O SIGNO DA VERDADE -O ELOQUENTE "CASO SALGADO" - III

Tudo isto me pareceu absurdo e paradoxal. O texto saiu no dia da última sessão das jornadas de Maio, e o mínimo que posso dizer é que foi recebido com gelo por parte dos participantes mais atentos. É que, além da lealdade, havia um outro problema, o da autoria das ideias apresentadas, e que numa boa parte eram ideias comuns, apresentadas e discutidas, nas jornadas e fora delas, por diversos arquitectos e urbanistas: recentrar Lisboa à volta do Tejo, manter o poder central no Terreiro do Paço, criar uma nova centralidade em Chelas, humanizar os bairros da cidade, bem, tudo isto que Salgado assume no texto era de todos, o que Salgado tinha feito era dar-lhe forma e... publicá-lo em nome próprio!

Devo dizer que houve mesmo quem quisesse dar expressão pública à hostilidade que o texto suscitou, e que fui eu que amaciei a situação convencendo as pessoas de que o importante era Lisboa, e de que havia muito de construtivo a fazer por Lisboa. "Esqueçam", pedi, e apliquei este conselho a mim próprio, pondo mentalmente uma pedra nas minhas reflexões sobre a sua eventual colaboração nas listas do PS à Câmara de Lisboa.

Como se já não bastasse o problema da colisão de interesses... pensei, e dei o assunto por encerrado.
Manuel Maria Carrilho - SOB O SIGNO DA VERDADE, páginas 118 e 119.

1 comentário:

João Barbosa disse...

Gosto da modéstia deste homem! É uma pérola quando diz que pediu conselho a ele próprio.
Tudo o que diz sai-lhe da figadeira. Tudo o que diz traz líquido esverdeado. este homem destila peçonha. A vaidade cega-o. Tudo o que diz é ressabiamento. A culpa é sempre de alguém que não dele. Ele vê-se perfeito. Ele é magnífico. Ele é um nojo.
Por mais razão que possa ter em alguma coisa do que diz, tudo o que diz cai por terra por toda a conduta que teve posteriormente. Carrilho é o lixo da política. Já o era e mais tarde comprovou-o.