segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

BOM ANO

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

AS PALAVRAS DOS OUTROS























O "LIFTING" NACIONAL

Com uma campanha de três milhões comprada a uma agência de publicidade, o Governo quer apagar - vem no texto de apresentação da campanha - a imagem de "subdesenvolvimento, iliteracia, corrupção e recorrentes indicadores estatísticos de miséria" de Portugal. O ministro da Economia é um "homme du monde" e, para milagres, não vai ao Professor Karamba, vai a uma agência de publicidade. Em vez do "Abracadabra!" do Professor, a agência pronuncia as palavras mágicas "West Coast of Europe" e o país transforma-se de um momento para o outro, em (ainda a crer no texto de apresentação da campanha) "surf, qualidade de vida, Hollywood, criatividade, entretenimento, Los Angeles, S. Francisco, Las Vegas, Silicon Valley". Para o "lifting" nacional ser total, a agência usou imaginosamente, em vez de Amália, uma foto de Marisa, em vez de Eusébio, Mourinho e Cristiano Ronaldo (só falta a nova basílica para a trilogia Fado, Futebol & Fátima ficar completa). A agência quis ainda (não é invenção do cronista, quis mesmo!) mudar a bandeira, pois isso constituiria um "evento mundial" maior do que, coisa banal, acabar com a iliteracia, a corrupção e a miséria, mas o ministro hesitou. A bandeira ficará para depois. Para quando Tony Carreira acabar de escrever o novo hino.
in: manuel antónio pina - jornal de notícias de 26.12.2007 (link)
foto: fernando gonçalves

quarta-feira, 14 de novembro de 2007







AVISO À NAVEGAÇÃO

Está uma extraordinária noite de Novembro.

Quente, luminosa.

Publicamos um "enorme" texto da Beluga.

Este blogue acaba aqui.

Divirtam-se

terça-feira, 13 de novembro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA



















about dinu li (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

JÁ SÓ FALTAM (+-) 60 DIAS...

O fiel serventuário Manuel Oleiro já foi (isto se tiver um mínimo de vergonha na cara).
Dentro de 60 dias (+-) vai a Ministra.
E o concurso para Directores dos Museus Nacionais, alguém ouviu falar?
Os Raposos, Henriques & Cª que se cuidem!

PÉROLAS DE CULTURA

"O BÁSICO DOS BÁSICOS É PODER ABRIR AO PÚBLICO"
in:luis raposo (director do museu nacional de arqueologia) em declarações ao jornal público de hoje

IMPORTA-SE DE REPETIR?

"O atrazo "é tanto mais grave quando o IMC é dos organismos mais reforçados no Orçamento de 2008", sublinhou.
in:declarações de isabel pires de lima ao jornal público de hoje, tendo como pano de fundo o encerramento dos museus nacionais por falta de vigilantes.

Pergunta inocente, e bem intencionada, do formigueiro à Senhora Ministra da Cultura:
Se a falta de pessoal para manter os museus nacionais abertos refere-se a Novembro/Dezembro de 2007 (já para não falar do passado) a que título é para aqui chamado o orçamento de 2008?
(link)

AS PALAVRAS DOS OUTROS


UM PRETEXTO COMO OUTRO QUALQUER
link

domingo, 11 de novembro de 2007

SIGA A FESTA























Hoje, domingo, dia 11 de Novembro de 2007 .
Semestre em que a Presidência da União Europeia é portuguesa.
















"Por falta de funcionários de vigilância", o primeiro museu nacional está encerrado a 80%.
Entretanto, foi inaugurado o novo polo do Hermitage em Lisboa, transforma-se o Museu de Arte Popular no Museu do Mar da Língua Portuguesa, prepara-se um novo polo expositivo na Estação do Rossio, a ministra "sonha" em construir o segundo edifíco da Torre do Tombo, na realização de um grande festival de ópera em lisboa, em..., em..., em...
Mas não há dinheiro para contratar vigilantes para o primeiro museu nacional.
Quanto ao amanuense Paulo Henriques, director do MNAA, nem uma palavra.

Siga a festa!

TENHAM UM MUITO BOM DIA


















about taryn simon (link) & (link)

Boas animações e ilustrações




Boa revista




Bom para o ambiente




Bom para desaparecer




Bom para pecar




Bom para vestir. Ou despir




*Perdoem-me os fiéis da Formiga pelos sucessivos post sem consistência, mas o tempo tem escasseado

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

"So So" . Arte e Assim. Revista Mensal - Novembro 07

Prémio Sopeira

O vencedor nesta categoria foi Sir Lawrence Alma –Tadema com a obra A Difference of Opinion. O título de Sir oferecido pela rainha devido a grandes contribuições na formação dos gostos europeus terá contribuído para a atribuição deste prémio. Os membros da Academia queixavam-se disso, das pressões políticas. No final Alma Tadema agradeceu comovido: “é muito importante saber que esta obra contribuiu para que em todas as casas existisse uma cristaleira, um sofá coberto com uma manta feita em croché, um menino de loiça que se abre e faz de bule, um serviço de 24 peças de louça azul e branca com paisagens pintadas, forro em veludo verde vareja nas cadeiras e um globo gigante que se abre e transforma em bar. Quero também agradecer a Deus por esta inspiração.” A esta altura do discurso Deus, que estava na plateia ao lado de Maria Madalena para receber o prémio inspiração, levantou-se e disse: “Eh pá, não me metas nisso que eu formei-me nos melhores colégios suíços.”


Sir Lawrence Alma-Tadema
A Difference of Opinion
1896
Colecção Privada

Prémio Narcisismo
Frida Kahlo subiu ao palco a cambalear. Especulou-se que no intervalo teria emborcado meia garrafa de Pulque, mas na verdade eram as suas sobrancelhas que não lhe permitiam ver o palco. Recebeu um pouco contrariada o prémio Narcisismo. No seu discurso de agradecimento disse que só pintava a sua vida e que a sua vida tinha sido muito sofrida. Pediu ainda que fizessem passar um cestinho para angariar fundos com o objectivo de pagar as contas médicas e dirigiu-se ao director do Jornal de Notícias para este fazer um artigo sobre ela e a sua história na coluna “Cada homem é meu irmão”. No fim da cerimónia Frida tinha conseguido angariar dois palitos, 5 cêntimos e um lenço de papel muito amachucado e molhado que a pintora colocou na manga da camisola porque segundo ela “dá muito jeito”.


Frida Kahlo
My Grandparents, My Parents, and I
1936
The Museum of Modern Arts, New York


Prémio “What’s the point?”

Este ano a Academia resolveu premiar Gerhard Richter com o galardão “What’s the point”, o mais desejado da noite para além do prémio inspiração. O “What’s the Point” tem como objectivo premiar os artistas e as obras mais incompreensíveis. Os outros nomeados nesta categoria eram Mark Rothko, Sigmar Polke e Lucio Fontana e todos eles mostraram o seu desagrado com esta escolha. Richter agradeceu e disse que o prémio “é finalmente a recompensa por anos de tentativas goradas em chamar a atenção sem qualquer objectivo. Espero que no futuro o estatuto do pintor como ser iluminado, especialmente dotado e que não necessita de dar explicações nem ao Menino Jesus com a sua obra graças ao facto de ter sido dotado de uma inteligência e capacidade criativa acima da média, seja mais vezes reconhecido. Desde que seja o meu”. Deus não gostou da referência ao seu filho, o Menino Jesus, mas acalmou com um beijo fraterno de maria Madalena que envergava um Gucci em azul celeste.


Gerhard Richter

Courbet

1986

Colecção Privada, Colónia

terça-feira, 6 de novembro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA


















about paolo ventura (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

PARIU? ISSO AINDA ESTÁ PARA SE VÊR - III



















A primeira imagem desta sequência mostra a proposta da nova dupla "Maravilhas (link) para o Largo do Rato, tal como foi publicada no Expresso do passado fim de semana.
Só que, quer o Expresso quer a nova dupla "Maravilhas", não confrontam a imagem da proposta com imagens quer do existente quer da envolvente.
E uma imagem vale por mil palavras, como sabemos.

















Esta é a situação actual (pelo menos era esta manhã.Com esta gentinha nunca se sabe...) no Largo do Rato. Como se pode verificar, existiu uma clara intenção de reduzir a volumetria dos prédios nas ruas confluentes para o Largo do Rato (Alexandre Herculano e do Salitre), de tal forma que ao fazer a ligação no gaveto, o prédio de esquina até tem uma curiosa inclinação, para ficar ao mesmo nível do chafariz.
















Só que essa intenção não se referia sómente ao chafariz, mas procurava respeitar a volumetria do Largo do Rato, com prédios de loja e dois andares, bem como da Rua da Escola Politécnica, como se pode constatar na fotografia acima.
















Se alguma dúvida se coloca, aqui fica uma imagem da Rua do Salitre, onde o decréscimo de volumetria dos prédios desta rua é por demais evidente.

E o que pretende a nova dupla "Maravilha"?

Em nome de uma pseudo superioridade intelectual (É novo, as pessoas assustam-se, mas é mesmo assim - manuel aires mateus, um dos componentes da nova dupla "Maravilha"), a nova dupla "Maravilhas" nada mais pretende do que realizar o máximo de mais valias para o seu cliente, curiosamente um dos mais destacados elementos do chamado "Compromisso Portugal" (que entretanto vendeu a sua empresa a capitais espanhois...), e desta forma aumentar os seus honorários.

Quanto ao interesse da cidade, estamos conversados.

TUTTI BUONA GENTE,
TUTTI BUONA FAMIGLIA

"É uma provoção, tal como a Casa da Música, no Porto.
Terá detractores e entusiastas, pois não é um edifício anónimo.
Destaca-se de toda a envolvente.
Como arquitecto, agrada-me.
in: manuel salgado - expresso de 4.11.2007

















O Tejo, visto do Centro Cultural de Belém, com Torre de Belém ao fundo.
Projecto de arquitectura do hotel em construção, da autoria de Manuel Salgado.




















O Mostrengo, visto do Largo do Rato, com Sinagoga ao fundo
(não se vê, mas está lá).
Projecto do Mostrengo da autoria de Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus.

sábado, 3 de novembro de 2007

PARIU? ISSO AINDA ESTÁ PARA SE VÊR...


















in: semanário expresso de 3.11.2007

E O QUE ESTÁ EM CAUSA.















Nota do formigueiro: esqueçam o pequeno prédio do lado esquerdo da imagem.
Em seu lugar imaginem o "mamarracho" de sete pisos proposto pela dupla Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus, e ilustrado pelo Expresso na imagem acima.

Foi a destruição da envolvente deste projecto (a que se mostra nesta foto e tudo o mais que está para além dela) que levou o Núcleo de Estudos de Património da CML a chumbar o projecto argumentando com a "total ruptura morfológica com a malha e edifícios envolventes".

Mas outros interesses, que não os da cidade, determinaram a aprovação do projecto.

E para culminar, por hoje, o desaforo desta dupla ficam as afirmações de Manuel Aires Mateus, ao Expresso:
"Sei que não é um projecto fácil. Vai levar algum tempo até a cidade o assimilar. É novo, as pessoas assustam-se, mas é mesmo assim. Não fazemos réplicas".

Não sabemos o que mais admirar nestas declarações:
1 - É "novo", logo é bom!
2 - "... mas é mesmo assim", ou seja, comam e calem, que nós é que sabemos.

Ou muito nos enganamos ou...

(continua)

PARIU? ISSO AINDA ESTÁ PARA SE VÊR - II























imagem via odespropósito e rb02

quinta-feira, 1 de novembro de 2007



WINDOW
(projecto multimédia)

MÓNICA COTERIANO
TÓ TRIPS
PEDRO GONÇALVES
ANDRÉ GONÇALVES


Teatro Municipal Maria Matos - Lisboa
Dias 3 e 4 de Novembro
21h30
(link)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA





















nina hagen - 1993
about pierre et gilles (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

"quando só vês o sexo, não vês a pessoa"


Não sou feminista, mas este é um post sobre mulheres, sobre mulheres artistas. Provavelmente seria preferível falar sobre as mulheres artistas de hoje ou mesmo as pós-modernas, mas não me apetece e identifico mais relações entre as escolhidas e o meio envolvente do que as que me são contemporâneas. E para falar delas começo por falar de um homem, um homem do seu tempo artístico e um misógino do século XIX: Baudelaire. Era uma personagem excessiva que estava dividida entre o tempo que vivia (Realismo) e o tempo que se iniciava (Romantismo). E vive como charneira também entre o flanêur e o dandy, entre o que vagueia em busca da vida dos outros, num ócio e tédio mesmo dentro da abundância, e entre o esplendor gratuito. No século de Baudelaire há um retrocesso na emancipação feminina em parte devido à Revolução Francesa; as mulheres emancipadas eram de classes altas. A burguesia resultante da Revolução Francesa foi uma burguesia que procurou domesticar a mulher e circunscrevê-las aos circuitos caseiros. Esta tendência conhece o seu apogeu na época vitoriana, pois isto permitia que as mulheres não levantassem questões nem tivessem o seu papel fora do universo doméstico. Para Baudelaire a mulher tinha de se afastar da Natureza, para ser o mais atractiva e interessante possível, recorrendo à maquilhagem e ao lesbianismo que é uma fuga civilizacional, uma vez que a lésbica é a mulher que na teoria não procria. O ciclo de progressão das mulheres atingia o seu pico aos 13, 14 anos ou quando eram menstruadas. Depois disso avançavam para o casamento e para a gravidez geralmente indesejados e quem pretendesse fugir a esse destino e tivesse manifestações de génio, era vista como uma mulher mascarada de homem. A própria noção de génio é masculina e por isso não se pode coadunar com o universo feminino. Ao ver as mulheres desta forma, com múltiplas faces, Baudelaire ajuda a arte e as mulheres do seu século a serem mais moldáveis e acima de tudo, mais verdadeiras com a realidade. Na realidade as pessoas têm inúmeros alter-egos e podem ser muito diferentes num só corpo.


As guerras napoleónicas tinham feito muitas vítimas entre a população masculina e as mulheres sem recursos, pois dependiam dos homens começam a procurar empregos principalmente como criadas e amas. Sem ter direito a uma carreira, as mulheres de boas famílias casavam bem, as mulheres operárias trabalhavam e a classe média optava pela carreira artística que entre as várias profissões possíveis até nem era muito mal vista, excepto no que diz respeito ao bailado e ao teatro. Para as mulheres havia poucas alternativas a não ser a arte: a final de contas elas desde sempre tinham pintado em casa e bordado… Daí para a pintura profissional era um passo fácil, natural e necessário.


Há várias mulheres que ilustram a história da arte, excluindo as amantes e as modelos. Mulheres que realmente contribuíram para a arte. Uma delas foi Artemisa Gentilleschi, filha de Gentilleschi que não teve uma existência muito pacífica. Tal como o pai, pintava mas talvez por partilhar o espaço e a área de saber com muitos homens, Artemisa foi violada por um aprendiz do pai. O julgamento foi ainda mais penoso, com acusações para o próprio pai e para a vítima: a sua sensualidade desculpabilizaria o culpado. Outra pouco conhecida mas que não levanta controvérsia foi Sofonisba Anguissola, filha de um nobre que deu aos filhos uma educação liberal. Pintava em casa, mas com mestres, tinha muita liberdade de movimentos, fez inúmeras viagens e acaba por entrar na corte espanhola não só como dama de companhia de Isabel de Vallois, mas também como pintora.


Artemisa Gentilleschi


Sofonisba Anguissola


Já no século XIX há três mulheres que foram muito importantes para a pintura: a russa Marie Bashkirtseff, Berthe Morisot e Suzanne Valadon. As três são contemporâneas mas seguem caminhos diferentes na pintura. Marie é uma figura atípica, uma intelectual rica que escolhe um caminho mal definido entre o fora e o dentro, nos limites daquilo que era aceitável para o tempo em questão. Era uma mulher demasiado inteligente para não perceber que a sua pintura era perturbadora uma vez que abordava a questão da igualdade dos sexos, numa altura em que às mulheres estava vedado o ensino artístico com recurso a aulas de modelo de nu. Morreu com apenas 26 anos mas na altura era muito apreciada mesmo em Portugal. O que resta da obra dela é pouco mais do que um diário iniciado quando a pintora tinha 13 anos e que é um fresco do século XIX e mostra um pouco da sua vida. Marie chegava sempre acompanhada por um lacaio negro que lhe segurava as roupas à medida que ela ía caminhando e as ia despindo. Vivia pois uma vida antagónica, uma vez que usufruía das mais valias da vida aristocrata, mas como tinha uma forte consciência social, discutia política a apoiava a igualdade entre sexos.


Marie Bashkirtseff


Berthe Morisot por seu lado é uma figura tipificada: a jovem burguesa, mãe, que borda e se dedica à casa, é recatada e doméstica, casa com um irmão de Manet e não partilha da vida boémia dos absintos de Degas. As suas pinturas abordam invariavelmente o tema da maternidade e ela, que leu o livro de Marie, sabia-se oprimida nessa sua condição burguesa, acomodada. Mas se lhe damos hoje alguma relevância era porque o fazia como os pintores do seu tempo: observava a realidade, expunha o que via, fazia-o com a técnica própria de todos eles e no fundo, ao fazer isto, era uma mulher pintora dentro dos Impressionistas.


Berthe Morisot


Suzanne Valadon de quem já muito se ouviu falar até por causa do filme de Toulouse Lautrec, penso eu, era uma boémia. Filha ilegítima, cedo aprendeu que o berço condicionada as escolhas pela vida fora. Cresceu na rua mas como era muito bonita tornou-se artista de circo. Abandonou o circo por causa de um problema físico e tornou-se modelo (e também amante, diga-se) dos pintores para quem posou. Foi graças a eles que aprendeu a pintar; com Degas aprendeu a observar, por exemplo e na sua obra estava patente a vida boémia que vivia bem como uma certa irreverência. Teve um filho que também se tornou pintor, mas morreu sem escolhas, velha e apenas com o consolo de vagabundos.


Suzanne Valadon

Todas procuravam a dignidade profissional, o reconhecimento do seu trabalho e a maior parte não o conseguiu. Ainda hoje as mulheres pintoras até à segunda metade do século XIX estão esquecidas ou são olhadas de lado. Ainda hoje, falando no geral, a obra de uma pintora não é tão valorizada quanto a instalação ou a vídeo art. Há uma busca não complacente pelo novo e se possível, incompreensível. Porque aquilo que não se compreende passa para a esfera do místico e como não se fala do divino, aprecia-se apenas, a arte de hoje flutua ao sabor dos mercados e dos desinteressados.

ELES JÁ SÃO, MESMO, DONOS DA CIDADE.

"Câmara vai pôr estátua frente à sede dos mecenas".
"A Câmara de Lisboa discute hoje a doação de uma escultura, por uma fundação criada pela sociedade de advogados da qual faz parte José Miguel Júdice, e a sua instalação na Avenida da Liberdade.
A proposta é do presidente da autarquia e contraria o parecer da Direcção Municipal de Ambiente Urbano, que recomendou que a obra fosse instalada no Parque Eduardo VII, "dada a urgente necessidade de recuperar a área".
A proposta de António Costa estabelece que a escultura, da autoria de Rui Chafes, com "cinco metros de altura e 2,5 metros de raio de acção", seja instalada num jardim da Avenida da Liberdade, em frente ao número 224, onde funcionam a Fundação PLMJ e a sociedade de advogados com o mesmo nome.
Esta localização foi indicada pela entidade doadora, da qual faz parte José Miguel Júdice, que foi mandatário do actual presidente da Câmara de Lisboa nas últimas eleições autárquicas"...

E qual é a posição de Sá Fernandes nesta questão, pergunta o formigueiro?

..."Sá Fernandes confessa que preferia que a obra fosse instalada no Parque Eduardo VII, mas diz que -a cavalo dado não se olha o dente-.
O vereador desvaloriza ainda o facto de não ter sido ouvido neste processo"
in: jornal público de 31.10.2007

terça-feira, 30 de outubro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA























about arthur tress (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - VI

Exposição não está prevista para Lisboa
"A exposição sobre a vida e obra de José Saramago que abre ao público em Lanzarote no próximo dia 23 de Novembro não está programada para vir a Portugal, disse ao DN fonte ligada ao evento. "Não há datas, nem há qualquer instituição acertada, nem sequer interessada", acrescentou a mesma fonte.

A mostra, que deve permanecer em Lanzarote durante três meses para depois circular por vários países, inclui a exposição de romances que o Prémio Nobel começou mas não chegou a acabar, assim como primeiras edições e edições estrangeiras de muitos dos seus livros".
in: diário de notícias online (link)

Nota do formigueiro: sabemos que a Senhora Ministra prefere Lobo Antunes a Saramago.
Mas trata-se de um Prémio Nobel, carago! (é a pronúncia do norte...)

MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - V

Este é o país que temos, em 2007
1 - 50% dos portugueses leram um livro.
2 - 24% dos portugueses visitaram um museu ou uma galeria.
3 - 23% dos portugueses assistiram a um concerto.
4 - 19% dos portugueses foram ao teatro.
5 - 9% dos portugueses assistiram a ballet ou ópera.
in: economia da cultura e actividades culturais na UE27

Esta é a Ministra da Cultura que temos, em 2007
“Gostava de ver lançado um grande festival ligado à ópera (...) que fosse o último da temporada europeia. Uma coisa que poderia ter lugar no mês de Setembro”
in: entrevista a Isabel Pires de Lima ao Notícias Magazine.

Siga o enterro...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - IV
INGÉNUA? ESTÚPIDA? INCOMPETENTE?

Sendo a cimeira União Europeia/Rússia algo extraordinário na vida do País, não parecia bem virem a Mafra e não termos nada preparado para o efeito" explicou ao Meia Hora Margarida Montenegro, directora do Palácio Nacional de Mafra, que se associou ao evento e preparou uma exposição oficialmente inaugurada por Vladimir Putin na última sexta-feira e que hoje abre ao público em geral.

..."Aproveitando a nossa magnífica biblioteca, a mais importante do século XVIII, fizemos um levantamento do espólio relativo à Russia e, para nosso grande espanto, encontrámos nada menos do que 800 livros. A Rússia sempre despertou grande interesse no Ocidente, afirmou Margarida Montenegro..."...
in: jornal Meia Hora (link)

Nota do formigueiro: não sabemos o que mais admirar nestes afirmações efectuadas por Margarida Montenegro, directora do Palácio Nacional de Mafra, ao jornal Meia Hora.

"Não parecia bem virem a Mafra e não termos nada preparado para o efeito..."
Mas desde quando é que os directores de Monumentos Nacionais realizam exposições ou outros eventos baseado no critério do "parece bem"?


"Para nosso grande espanto"...
Qual será o trabalho e a reponsabilidade da directora de um Monumento Nacional, que alberga "a mais importante biblioteca do século XVIII" (já agora em comparação com quê:Planeta Terra, Europa, Portugal,Mafra, ou...?) e se permite ficar espantada com a tal descoberta dos 800 volumes sobre a Rússia?

Mas, afinal, onde reside "o nosso espanto"?

Depois de uma exposição no Palácio Nacional da Ajuda, tendo como base o Hermitage e cujo comissário, Fernando Baptista Pereira, afirmou ao jornal Expresso (link)"Quando os russos virem a exposição vão ficar muito satisfeitos com o carácter verdadeiramente espampanante que ela vai têr" qual é o motivo do "espanto"?

Mas, quer Margarida Montenegro quer Fernando Baptista Pereira, limitaram-se a seguir o exemplo da "patroa".

“Gostava de ver lançado um grande festival ligado à ópera (...) que fosse o último da temporada europeia. Uma coisa que poderia ter lugar no mês de Setembro”
in: entrevista a Isabel Pires de Lima ao Notícias Magazine.

Para um país que é o último na Europa a 27 nas práticas culturais (link), tudo bate certo.

Venha a Ópera (com letra grande, que o respeitinho é muito bonito...), venha o Hermitage, venha Mafra e a sua Directora, mais o Museu do Mar da Língua Portuguesa, mais os passeios de "charrete" na zona monumental de Belém para animar o turismo, venha o novo espaço museológico na Estação do Rossio em Lisboa, venham os Oleiros os Paulos Henriques e os Luises Raposos de seviço.
Venham todos juntinhos, que ao molho é mais barato...

Siga o enterro...

MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - III

A Propósito do Novo Hermitage de Lisboa

"La idea del museo como espacio de recogimiento dedicado a la muestra y contemplación de obras de arte ha dado paso hoy a un nuevo modelo de museo: algo que se construye para regenerar espacios, promover turismo o lograr réditos políticos".

..."- ¿Cómo son en su opinión los museos del siglo XXI?
- Conviven hoy dos modelos de museo: los que mantienen una pretensión de mostrar colecciones al público, como el MACBA de Barcelona, y otro tipo, que creo que es el que está imperando ahora, que consiste en levantar una infraestructura para regenerar una ciudad y atraer turismo, con lo que se construye esa infraestructura en busca de objetivos extraculturales.
- ¿Cuáles?
- Objetivos urbanísticos, económicos, de relaciones públicas. Que la gente acuda a esa ciudad a congresos, que los políticos se relacionen con empresas a través de patrocinios, que surja una especie de red que favorezca a la ciudad y cree poder"...
Continuar a lêr AQUI

ELES RIEM DE QUÊ?

O documento do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia sobre "a economia da cultura e actividades culturais na UE a 27" revela que os portugueses são dos cidadãos comunitários mais afastados da Cultura, e quando questionados sobre as actividades culturais em que participaram nos últimos 12 meses apresentam os valores mais baixos dos 27 em todos os parâmetros.
link

domingo, 28 de outubro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA























about clare strand (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

(…)
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo e a Alma dos Bórgias
a penar!
Tu, que te dizes Homem! Tu, que te alfaiatas em modas
e fazes cartazes dos fatos que vestes

p'ra que se não vejam as nódoas de baixo!
Tu, qu'inventaste as Ciências e as Filosofias,
as Políticas, as Artes e as Leis,
e outros quebra-cabeças de sala
e outros dramas de grande espectáculo
Tu, que aperfeiçoas sabiamente a arte de matar.
Tu, que descobriste o cabo da Boa-Esperança
e o Caminho Marítimo da índia
e as duas Grandes Américas,
e que levaste a chatice a estas Terras
e que trouxeste de lá mais gente p'raqui
e qu'inda por cima cantaste estes Feitos...
Tu, qu'inventaste a chatice e o balão,
e que farto de te chateares no chão
te foste chatear no ar,
e qu'inda foste inventar submarinos
p'ra te chateares também por debaixo d'água,
Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres
Tu consegues ser cada vez mais besta
e a este progresso chamas Civilização!
(…)
Ó burguesia! Ó ideal com i pequeno
Ó ideal ricócó dos Mendes e Possidonios
Ó cofre d'indigentes
Cuja personalidade é a moral de todos!
Ó geral da mediocridade!
Ó claque ignóbil do Vulgar, protagonista do normal!
Ó Catitismo das lindezas d'estalo!
Ahi! lucro do fácil,
cartilha-cabotina dos limitados, dos restringidos!
Ai! dique-impecilho do Canal da Luz!
Ó coito d'impotentes
a corar ao sol no riacho da Estupidez!
Ahi! Zero-barómetro da Convicção!
bitola dos chega, dos basta, dos não quero mais!
Ahi! Plebeísmo Aristocratizado no preço do panamá!
erudição de calça de xadrez!
competência de relógio d'oiro
e correntes com suores do Brasil,
e berloques de cornos de búfalo!
(…)
Ó tédio do domingo com botas novas
e música n'Avenida!
Ó santa Virgindade
a garantir a falta de lindeza!
Ó bilhete postal ilustrado
com aparições de beijos ao lado!
E vós ó gentes que tendes patrões,
autómatos do dono a funcionar barato!
Ó criadas novas chegadas de fora p'ra todo o serviço!
Ó costureiras mirradas,
emaranhadas na vossa dor!
Ó reles caixeiros, pederastas do balcão,
a quem o patrão exige modos lisonjeiros
e maneiras agradáveis pròs fregueses!
(…)
Lês os jornais e admiras tudo do princípio ao fim
e se por desgraça vem um dia sem jornais,
tens de ficar em casa nos chinelos
porque nesse dia, felizmente,
não tens opinião pra levares à rua.
Mas nos outros dias lá estás a discutir.
É que a Natureza é compensadora:
quem não tem dinheiro p'ra ir ao Coliseu
deve ter cá fora razões p'ra se rir.
(…)
Larga a cidade e foge!
Larga a cidade!
Vence as lutas da família na vitória de a deixar.
Larga a casa, foge dela, larga tudo!
Nem te prendas com lágrimas, que lágrimas são cadeias!
Larga a casa e verás - vai-se-te o Pesadelo!
A família é lastro, deita-a fora e vais ao céu!
Mas larga tudo primeiro, ouviste?
Larga tudo!
– Os outros, os sentimentos, os instintos,
e larga-te a ti também, a ti principalmente!

(Almada Negreiros, "A Cena do Ódio" - excertos)

LEITURA, OBRIGATÓRIA, PARA UM DOMINGO COM SOL.




A cultura não nos protege de nada.
Os nazis são a prova.

link

sábado, 27 de outubro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA























Self-portrait: black Hat/Nose
about frances murray (link)

CLÁSSICOS NO CINEMA

Luis Buñel & Salvador Dali
link

MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - II

AS PALAVRAS DOS OUTROS
Luis Costa

..." À parte este sinal de que José Saramago e as suas teses iberistas começam a ter alguns adeptos (e só neste caso são logo seis milhões, pelo que se diz), descortinam-se outros bons ventos vindos de Espanha. Por exemplo, que a nova Direcção do Museu Rainha Sofia vai resultar de um concurso público com regras e critérios pré-definidos, a gerir por um comité de especialistas previamente aprovado pelos responsáveis do museu, cuja opinião nesta matéria, pelo menos, se sobrepõe à do próprio Ministério da Cultura.

Naturalmente, lembrei-me logo das interferências políticas e partidárias que rodearam a recente mudança de Direcção no Museu Nacional de Arte Antiga. Se os serviços de "clipping" da ministra Isabel Pires de Lima andarem distraídos, terei todo o gosto em enviar-lhe, por fax ou e-mail, a notícia do "El País" a que me refiro".
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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

TENHAM UM MUITO BOM DIA






















about martin fuchs (link)



NÓS POR CÁ TODOS BEM

Temas do rectângulo

Quando da próxima vez levantarmos a voz contra os "fracos reis" que nos governam,
tenhamos a coragem de reconhecer neles a triste imagem da "fraca gente"
em que nos deixámos transformar.
viriato soromenho marques - visão 18.5.2006

"JÚDICE JÁ ESTÁ AO SERVIÇO"

"Apesar de ainda não ter sido formalmente nomeado para liderar o projecto de requalificação da zona ribeirinha de Lisboa, José Miguel Júdice já pôs mãos à obra.

Com um gabinete montado na Av. Duque de Palmela, que tem servido de quartel-general para o plano da frente ribeirinha e onde já conta com o apoio de uma secretária que transitou da Parque Expo, o jurista tem estado envolvido nas negociações entre a Câmara de Lisboa e o Governo.

Júdice tem sido mesmo consultado sobre o modelo que deverão assumir as sociedades de gestão da zona a reabilitar. Neste momento, as conversas entre o Executivo e a autarquia estão, ao que o SOL apurou,..."
in: semanário Sol online (link)

É a prática do facto consumado.

Não existe um projecto para a cidade.

Não existiu uma discussão pública sobre Lisboa, a sua frente ribeirinha e a relação com as autarquias que compartilham o Tejo com Lisboa, entre outros temas.

Nada se sabe dos compromissos entre Sócrates/Júdice/Costa.

Nada se sabe do que pretendem Sócrates/Costa com esta iniciativa.

Se pretendem ganhar as próximas eleições autárquicas de Lisboa com esta "jogada", ou muito nos enganamos ou o tiro vai sair pela culatra.

Nas eleições autárquicas e nas eleições para a Assembleia da República!







MAIS UM PREGO PARA O CAIXÃO - I

AS PALAVRAS DOS OUTROS
Carlos Fiolhais

"Abriu ontem, com pompa e circunstância, no Palácio da Ajuda, uma exposição sobre os czares russos: De Pedro, o Grande, a Nicolau III - Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage. A mostra insere-se num conjunto de três que visam a instalação em Lisboa de um pólo permanente do Museu Hermitage, de São Petersburgo, a cidade fundada em 1703 por Pedro, o Grande".

..."Poderia pensar-se que a Federação Russa nos está a ajudar, enriquecendo-nos culturalmente ao facultar os seus excelentes tesouros.De facto é ao contrário: é Lisboa que, armada em "nova rica", ajuda Moscovo. A exposição, que custou 1,5 milhões de euros, é paga integralmente por nós, com dinheiros públicos através do Ministério da Cultura e do Turismo de Portugal quer com dinheiros privados através do Millennium BCP (é com o dinheiro dos clientes, que também foi dado ao filho do fundador) e da Portugal Telecom"...

..."A Inglaterra, que é mais rica do que nós, acaba de anunciar, por falta de dinheiro, o fecho do pólo do Hermitage em Londres"...

..."- Quando os russos virem a exposição vão ficar muito satisfeitos com o carácter verdadeiramente espampanante que ela vai têr -, disse ao Expresso Fernando Baptista Pereira, o comissário local. Eu irei ver, até porque estou curioso por saber como é mostrada a presença lusa na corte dos czares (Ribeiro Sanches foi médico de Catarina II em São Petersburgo), mas não sei se vou ficar satisfeito. Espampanante? O novo-riquismo sempre foi saloio.
in: jornal público de 26.10.2007 (link não disponivel)

A VINGANÇA SERVE-SE FRIA


Com Santana Lopes, Sócrates vai ter um interlocutor no Parlamento do seu nível intelectual e político.
in: Luís Campos e Cunha - jornal público de 26.10.2007 (link não disponível)