sexta-feira, 31 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























self-portrait as david - 1997
about john dugdale

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(82º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

IMPORTA-SE DE REPETIR ?



"VICE-PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
NOMEIA SOBRINHO PARA SEU ASSESSOR"


Com referência ao artigo publicado ontem, intitulado "Vice-Presidente do Supremo Administrativo nomeia sobrinho para seu assessor", encarrega-me Sua Excelência o presidente do Supremo Tribunal Administrativo de fazer notar a V.Exa. que é de lamentar que a comunicação social se preocupe em publicitar situações como a vertente, quando há muitos outros factos a noticiar, estes sim, de extrema relevância para a jurisdição administrativa e fiscal e cujo conhecimento aproveitaria, seguramente, a todos os cidadãos.

Rogério Martins Pereira
Chefe de Gabinete Sup. Trib. Administrativo

in: Cartas ao Director - jornal Público de hoje



CUMPLICIDADES - IV
michael tarantino/pedro cabrita reis























pedro cabrita reis
1998 - Os cegos de Praga #9

O táxi pára ao pé de um edifício de aspecto vulgar onde está um grupo de umas vinte pessoas em fila para entrar. O P sai do carro, dirige-se ao porteiro, que o cumprimenta como a um amigo que já não se vê há imenso tempo, e acena-me para entrar. Um comportamento curioso para quem nunca antes tinha estado neste sítio. Como era de esperar, assim que passámos pelas pesadas cortinas pretas damos outro salto no tempo. Desta vez é a Febre de Sábado à Noite. Lâmpadas de 60 watts a piscar, homens de fato e camisola brancos, danças disco que me fizeram ter saudades das strippers anãs...
E, sentadas a umas mesas à volta da pista, estavam mulheres lindíssimas de cair para o lado, com idades dos 18 aos 70 anos. Estou a adivinhar a idade da mais velha, mas acreditem que era tão espampanante como qualquer uma das companheiras mais novas. E pareciam todas tão frias, tão distantes. Nunca olhariam para nenhum dos homens no clube sem que se fizesse um gesto na sua direcção. Tudo muito discreto. Só então elas olhariam e, por fim, dirigir-se-iam para a mesa.Este ritual nunca se concretizaria na nossa mesa, claro. Suponho que o P gostaria que isso acontecesse mas agora estava ali para se fazer de inocente, só para olhar, para me impressionar a mim, o forasteiro. De qualquer forma, ele não se apercebeu do meu estado quase catatónico. Então ficámos a observar o desenrolar do pequeno jogo do gato e do rato, como um véu narcotizante a passar devagarinho por cima de tudo o que já se tinha passado nessa noite.
O nosso empregado veio à mesa. (Ele não tinha nada a ver com o décor, com os anos setenta. O seu deslocamento no tempo remontava a um tempo ainda mais remoto. Parecia que tinha acabado de servir uma mesa em 1945, sem nenhuma pausa, sem se dar conta de qualquer mudança que tivesse ocorrido. Estava inescrutável, impecável). Pedi uma água mineral. Ele olhou-me como se este pedido tivesse sido a coisa mais espantosa que lhe tivesse acontecido em cinco décadas a servir à mesa. Contudo, não disse uma só palavra. Anotou o pedido de um whisky para o Pedro (o que é que havia de ser?), e voltou com dois. Nem sombra de água. Achei melhor não discutir. E bebi-o, muito submisso.

in: Pedro Cabrita Reis, livro editado por Hatje Cantz Publishers.
about michael tarantino


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

quinta-feira, 30 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA



























boyd webb

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(81º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

Why wait till the genocide's over to apologize?


Preemptive Apology By Mark Fiore

in Mother Jones

CUMPLICIDADES - III
michael tarantino/pedro cabrita reis
























pedro cabrita reis
1998 - Os cegos de Praga #9

Sabia bem estar na rua, envolto pelo calor da noite de Verão, pelas centenas de pessoas a beber encostadas aos carros. Sugeriu-se um outro bar, mas ele começava a sentir-se cansado. Resistiu, mas acabou por ser derrotado pela gentil insistência do anfitrião. Apanharam um táxi. Se o último bar parecia perdido no tempo, entrar neste era como entrar num écran de televisor. E, neste caso, era como estar num bar mesmo atrás da floresta de Twin Peaks. Não passava de um pequeno balcão de madeira com um palco em frente, emoldurado a veludo vermelho. O chão era preto e branco como um tabuleiro de xadrez. Contudo, onde Davi Lynch colocou um anão a cantar e a dançar de costas, tinhamos aqui mulheres de pequena estatura, (será que "anãs" é uma palavra mais simpática e politicamente correcta?) a desfilar umas atrás das outras e a fazer strip-tease para o público (o público resumia-se a nós os dois, uma família de quatro pessoas que bem podia ter ali caído de uma quinta no Canadá, e ainda dois homens de negócios que não eram da cidade, certamente.) Pedimos whiskys duplos que, obviamente, mais pareciam quádruplos. Eram quase três da manhã. Já não suportava ver despir pequenos soutiens enfeitados de lantejoulas à altura dos joelhos. E receava que a dança de colo estivesse quase a começar. Fomo-nos embora, portanto. Mais um táxi. Desta vez queria mesmo voltar para o hotel. Contudo, foi quando me apercebi que tinha um problema horrível para resolver. Não sabia a língua e tinha-me esquecido do nome do meu minúsculo hotel, que nem sequer tinha cartões de visita. Só o P se lembrava. E ele estava resoluto em irmos ainda para o próximo sítio. Voltando para trás, do lugar da frente, disse "só mais um bar... nunca lá estive, mas acho que é o lugar perfeito pra acabarmos a nossa noite." Era curioso: à medida que eu me ia sentindo mais bêbedo, mais exausto, o P reunia energias, tornava-se mais lúcido, só queria chegar à próxima paragem desta viagem sem fim.

in: Pedro Cabrita Reis, livro editado por Hatje Cantz Publishers.
about michael tarantino


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

quarta-feira, 29 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























maxim kalmykoff

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(80º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS

Fazer omeletas sem partir ovos, ou “Michelangelo drawings – closer to the master” exposição no British Museum


Há expressões que só compreendemos mais tarde. Num tempo em que a minha idade era outra que não esta, parecia-me impossível fazer omeletas sem partir ovos e por várias vezes perguntei aos meus pais, à minha avó se por acaso se podia fazer um buraquinho no ovo, com uma agulha. Se isso valia ou contava como “partir ovos”. O que o British Museum fez com a exposição “Michelangelo drawings, closer to the master” foi mais ou menos o que eu faria com o ovo: abrir um buraquinho que, sem partir o ovo em duas partes, permitiu fazer uma omeleta vistosa porém, não totalmente saborosa. O British Museum inaugura uma exposição que é mostrada como imperdível, com uma máquina bem oleada pelo marketing e que levou por estes dias – e levará até ao fim – muitas pessoas até Tottenham Court Road. Acontece que o que funciona é a máquina e não a exposição:
i – Os desenhos que supostamente traçariam a carreira de Miguel Ângelo são provenientes de três colecções: a do Teyler Museum na Holanda, do Ashmolean Museum em Oxford e a do próprio British; ou seja, com a “prata da casa” se fez uma exposição de fama propalada. Mas se Miguel Ângelo viveu e trabalhou tanto tempo em Bolonha, Roma e Florença, porque é que não existe um único desenho das colecções dos museus do Vaticano, por exemplo?
ii – O espaço da exposição é claustrofobicamente apertado e quase uma afronta ao mestre: digamos que alguns desenhos merecem um espaço onde possam respirar e que em relação a outros o design de exposições está adequado à relevância dos mesmos; ou seja, médio, assim-assim. Note-se o uso excessivo e extensivo de texto que levam a que o visistante ávido leia tudo em vez de ver tudo.
iii – O excesso de texto serve no fim de contas para explicar ao visitante coisas que o próprio marketing não tem coragem de explicar a partir do momento em que cria uma mega exposição sem razão para tanto barulho. É uma exposição sobrevalorizada pela referida máquina que sente necessidade em se justificar perante um bom número de visitantes que não têm vocação para leigos, sob pena de ver a sua bilheteira “às moscas”. Na verdade nem todos os desenhos expostos são de Miguel Ângelo e como muitos dos seus estudos, como sabemos, foram destruídos pelo próprio ficaram em exposição apenas pequenos apontamentos.
iv – Existiu também – e desconheço a razão – uma aproximação constante a desenhos e pinturas de outros artistas, coetâneos de Miguel Ângelo, que nos fazem pensar, enquanto lemos o texto da exposição, que Miguel Ângelo não era o mestre. E eu não quero isso. Eu quero que a arte me continue a alimentar a crença que estamos perante o trabalho de um ser superior. Há que ter em conta o nome da exposição: “closer to the master”. Quão “closer”? “Perto” no sentido de vermos aquilo que mais ninguém pode ver, uma oportunidade única para ver Miguel Ângelo – e aí sim, o marketing funciona na perfeição – ou “perto” no sentido de espiolhar a intimidade do mestre, desmitificando-o, uma vez que sabemos que quanto mais conhecemos sobre algo mais esse algo perde para nós o fascínio inicial?

Miguel Ângelo
A male nude seen from behind
1539-1541
British Museum

No meio de alguma casca de ovo lá sai a omeleta, do lado direito de quem entra, numa loja só com artigos relativos à exposição: do lápis à jóia, tudo com uma celeridade e eficiência de vendas patentes na possibilidade do visitante comprar sem ter passado pela exposição (um Museu que não cobra entradas para a exposição permanente). Uma operação de marketing asséptica, cirúrgica que peca por ser tão transparente no seu objectivo puramente económico. E por não ter contemplado tapetes para o rato, um “must have” de qualquer CCE (Consumidor Compulsivo de Exposições).

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas























about harry callahan

THE ATTORNEY-GENERAL COMES TO TOWN



Alberto Gonzales, the attorney-general of the United States, is all that the modern state would wish to have as its representative: detached in the fulfilment of hisbureaucratic obligations; obedient to, if not obsequious towards, his boss; wordy and word-twisting in matters of legal definition; stonewalling
on matters of substance; and, above all, distinctly cold in matters of human concern.

When he took the stage at the International Institute for Strategic Studies in London on 7 March 2006, to speak on anti-terrorism policy and the need for international cooperation, Gonzales – the highest legal authority in the executive branch of the world's leading democracy – did not immediately command attention. Yet the attorney general, a former White House counsel, is the man who presided over (and to a considerable degree served to authorize) a range of contentious US detention policies, from Guantànamo to Abu Ghraib, from "rendition" to "stress positions".

Curiosos ? (se não ficaram, problema vosso...)

Texto completo neste LINK

CUMPLICIDADES - II
michael tarantino/pedro cabrita reis























pedro cabrita reis
1998 - Os cegos de Praga #9

Ele estava numa cidade que não conhecia. O seu anfitrião sugeriu que fossem tomar uma "última bebida" num bar ali perto. Porque não ? Ele estava tão cheio que não queria regressar imediatamente para o hotel e tentar dormir. Uma última bebida vinha a calhar. Foram até um bar que estava cheio, um bar que parecia ter aberto as portas em meados dos anos oitenta sem nunca ter fechado. Algumas pessoa dançavam (ao som dos New Order!); homens, na sua maioria. O P forçou caminho até ao bar e pediu dois whiskies. Não estávamos em Inglaterra, pelo que o serviço foi generoso. Retomaram a conversa do restaurante, apesar de nenhum deles conseguir ouvir uma única palavra do que diziam. Depois de mais uma série de bebidas, sairam.

in: Pedro Cabrita Reis, livro editado por Hatje Cantz Publishers.
about michael tarantino

ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS

AGENDA


ANDRÉ GOMES
Museu Nacional de Arte Antiga
31 de Março a 28 de Maio

LUMEN
Fotografia contemporânea,
a partir de um desenho de Domingos Sequeira
e do tema da Paixão de Cristo.

terça-feira, 28 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























georgi soloviov


AVISO À NAVEGAÇÃO


Reina enorme azáfama no formigueiro.

As pacientes formiguinhas ocupadas com tarefas relativas a este blog,
foram deslocadas, até ao final do verão, para outras actividades.

Colocou-se a questão: acabar com o blog ?

Depois de longo e difícil diálogo, foi decidido,
por unanimidade (1 votante) continuar com o blog, mas em edição light.

Portanto, agora é oficial.

A partir desta data, está ao vosso dispor a versão
FORMIGA BARGANTE LIGHT.

Divirtam-se !

NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(79º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

A "NOSSA" MINISTRA DA CULTURA NA T.V.

Viram a prestação da "nossa" Ministra Isabel Pires de Lima, ontem, no programa "Prós e Contras" do canal 1 ?

A Formiga Bargante só teve paciência até ao intervalo.

Mas, mesmo assim, deu para vêr que a Ministra tem uma politica cultural, assim:

1º - Descentralização
2º - Aposta nos serviços educativos
3º - Internacionalização
4º - Conservação preventiva

Quando o Ministério da Cultura se prepara para ser alvo da maior reorganização de todos os ministérios, sobre esse tema a Ministra disse nada.

A nota mais saliente das declarações da ministra, segundo a óptica da Formiga Bargante,foi quando Isabel Pires de Lima admitiu que a negociação da colecção Berardo é um negócio, e que tem sido à volta desse negócio que as conversações têm decorrido.

Vamos lá a vêr quem é que ganha e quem é que perde nesta "negociata".

Novos desenvolvimentos muito em breve, promessa de Ministra.

Em tempo: é um palpite Formiga Bargante, mas suspeita-se, neste formigueiro, que José Socrates aproveite a reorganização do Ministério da Cultura, para "reorganizar" o lugar de ministro do dito.

Si non é vero é benne trovato.

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas
















about matthias bruggmann

STRANGERS TO THE TRUTH



Coming soon to a media market near you: The GOP (Grand Old Prevaricators), who brought you the Swift Boat Veterans for Truth in 2004, have been test-marketing another TV ad campaign.

The fabrication this time: the war in Iraq. The target: any Democratic candidate who speaks out against the U.S. mission during the mid-term elections. The venue for the test is Minnesota.

Two ads have run so far. Both have caused a furor.

The first ad featured footage of the World Trade Center burning and testimony from soldiers who have fought in Iraq. Lt. Col. Robert Stephenson of the U.S. Marine Corps Reserves, tells viewers: “You’d never know it from news reports but our enemy in Iraq is al Qaeda, the same terrorists who killed 3,000 Americans on 9/11.” And Capt. Mark Weber of the U.S. Army Reserve ominously asks: “Where do you want to fight terrorists? [pause] We want to fight them and destroy them in Iraq.”

Como se pode constatar através deste texto, as campanhas presidenciais americanas, que irão ter lugar daqui a dois anos e meio, já começaram.

E com que estilo !

Texto completo deste artigo neste LINK

CUMPLICIDADES
michael tarantino/pedro cabrita reis























pedro cabrita reis
1998 - Os cegos de Praga #9

A Formiga Bargante começa aqui a transcrição de um dos mais belos artigos escritos por um critico de arte (michael tarantino, infelizmente já falecido) sobre um artista plástico (pedro cabrita reis).
Como se trata de um artigo longo, será publicado em vários "capítulos".

I. ELE ESTAVA NUMA CIDADE QUE NÃO CONHECIA

Tinha acabado de regressar de uma noite de copos. Tinha começado com um jantar que rapidamente se transformou num menu degustation.
Devem ter servido uns vinte pratos, no mínimo. Sempre que ele pensava que a refeição estava a terminar, chegava mais um prato, mais uma garrafa de vinho, mais uma coisa para provar e para saborear.
Apesar de se sentir inchado há já duas horas, estava tudo bom demais para ser recusado.
O timing era espantoso. À mínima sensação de fome, aparecia o prato seguinte. (Afinal degustation é uma palavra estranha). Por fim, depois de alguns brandies armagnacs, deixaram o restaurante.

in: Pedro Cabrita Reis, livro editado por Hatje Cantz Publishers.


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

MICHAEL TARANTINO
Creative curator of contemporary art

Sobre Michael Tarantino, lêr este texto escrito por Adrian Searle e publicado no jornal inglês The Guardian, em 5 de Janeiro de 2003, pouco tempo após a sua morte.

Não percam. É, igualmente, um grande texto.

LINK


segunda-feira, 27 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA


















reinhart wolf

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog
não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD,
É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(78º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

domingo, 26 de março de 2006




DOMINGO



Roy Lichtenstein


Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
Dum par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une - é estar ausentes.

Reinaldo Ferreira
Poemas - Um voo cego a nada (Livro I)




CUMPLICIDADES
andy warhol/james rosenquist


















james rosenquist

WEDNESDAY, MAY 1, 1985

Went into Vito Giallo´s to look at rare books. Then went to lunch with David Whitney, and Peter Brant´s back into art again. He bought a Rosenquist. They´re still underpriced. But they´ll run out of people and give him a big show and then his prices will go up. I mean, they´re selling David Salles for as much as Rosenquist.

ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS


CULINÁRIA

VINHOS


HERDADE OUTEIRO DE ESQUILA
2001 - tinto reserva
Região: Alentejo
Enólogo: Paulo Laureano

Prova de 2005.
Muito carregado na cor, tem um aroma cheio de notas doces,
com ligeiro drop, associado a notas eucaliptais, a uma fruta madura e nada cansativa.
Muito bem na boca, cheio, redondo, muito afinado pelo tempo,
mais ainda com porte altivo de quem vai enfrentar a cave de peito aberto.
Vai fazer-lhe a vontade? Ou não ?

Nota de prova: 6/7

Texto e nota de prova de João Paulo Martins no livro
VINHOS DE PORTUGAL 2006

Nota da Formiga Bargante: recomenda-se vivamente
a compra do livro VINHOS DE PORTUGAL 2006,
o melhor guia de vinhos portugueses.

Guia das notas de prova: 4= bom; 5= bom+; 6= muito bom;
7= muito bom +; 8= excelente





@
solar eclipse




sábado, 25 de março de 2006




SÁBADO





DEAD COMBO

NOVO DISCO: SE A ALMA NÃO É PEQUENA
NOVO SITE: LINK


ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS

LEITURAS



DARK FIBER
Tracking Critical Internet Culture
Editor: The MIT Press
Preço: $15.00 para compras online + transporte

"Remember the future? Geert Lovink comes not to praise, but to bury, the 'techno mysticism and digital Darwinism' that fogged our vision in the 1990s. The preeminent practitioner of Net criticism (a discourse he co-founded), Lovink combines a no-bullshit street wisdom acquired in his days as a squatter with a bear-trap intellect honed on postmodern theory and endless late-night debates. Geert Lovink is the Linus Torvald of open-source theory--a free-agent thinker cracking the cultural code that cages our minds. Where he leads, I follow."
-- Mark Dery, author of The Pyrotechnic Insanitarium: American Culture on the Brink



IMPROVISATIONAL DESIGN
Continuos, Responsive Digital Communication
Editora: The MIT Press
Preço: $18.50 para compras online + transporte

Traditional visual design expresses information in fixed forms, such as print or film, so the message can be stored or distributed. With interactive media and continuously updated information, communication entails a new, more dynamic set of design problems. In this book Suguru Ishizaki offers a theoretical framework for dealing with the challenges and opportunities of what he calls "dynamic design." His approach incorporates a community of collaborating agents that control design solutions in response to a changing context. He illustrates his ideas with several examples



MARSHALL MCLUHAN
The Medium and the Messenger
Editora: The MIT Press
Preço: $10.98 para compras online + transporte

When communications thinker Marshall McLuhan gave us the phrases "the medium is the message" and "global village," he was ahead of his time. Now, in the age of the digital revolution McLuhan and his work cannot be ignored by any student of culture and technology. Interest in McLuhan has increased dramatically since this biography was first published in 1989 to stunning reviews. The author has extensively revised this new edition to include additional information provided by McLuhan's family and friends, and to present an even clearer and more absorbing personal picture of McLuhan. The book explains the relevance to today's society of a man who reached the height of his fame in the 1960s. The foreword by Neil Postman is original to this edition.



CRYPTO ANARCHY, CYBERSTATES, AND PIRATE UTOPIAS
Editora: The MIT Press
Preço: $16.00 para compras online + transporte

In Crypto Anarchy, Cyberstates, and Pirate Utopias, Peter Ludlow extends the approach he used so successfully in High Noon on the Electronic Frontier, offering a collection of writings that reflects the eclectic nature of the online world, as well as its tremendous energy and creativity. This time the subject is the emergence of governance structures within online communities and the visions of political sovereignty shaping some of those communities. Ludlow views virtual communities as laboratories for conducting experiments in the construction of new societies and governance structures. While many online experiments will fail, Ludlow argues that given the synergy of the online world, new and superior governance structures may emerge. Indeed, utopian visions are not out of place, provided that we understand the new utopias to be fleeting localized "islands in the Net" and not permanent institutions.

The book is organized in five sections. The first section considers the sovereignty of the Internet. The second section asks how widespread access to resources such as Pretty Good Privacy and anonymous remailers allows the possibility of "Crypto Anarchy"--essentially carving out space for activities that lie outside the purview of nation states and other traditional powers. The third section shows how the growth of e-commerce is raising questions of legal jurisdiction and taxation for which the geographic boundaries of nation-states are obsolete. The fourth section looks at specific experimental governance structures evolved by online communities. The fifth section considers utopian and anti-utopian visions for cyberspace.



METAL AND FLESH
The Evolution of Man: Technology Takes Over
Editora: The MIT Press
Preço: $12.50 para compras online + transporte

For more than 3,000 years, humans have explored uncharted geographic and spiritual realms. Present-day explorers face new territories born from the coupling of living tissue and metal, strange lifeforms that are intelligent but unconscious, neither completely alive nor dead. Our bodies are now made of machines, images, and information. We are becoming cultural bodies in a world inhabited by cyborgs, clones, genetically modified animals, and innumerable species of human/information symbionts.

Ollivier Dyens’s
Metal and Flesh is about two closely related phenomena: the technologically induced transformation of our perceptions of the world and the emergence of a cultural biology. Culture, according to Dyens, is taking control of the biosphere. Focusing on the twentieth century--which will be remembered as the century in which the living body was blurred, molded, and transformed by technology and culture--Dyens ruminates on the undeniable and irreversible human/machine entanglement that is changing the very nature of our lives.


sexta-feira, 24 de março de 2006



DAY OUT




quinta-feira, 23 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA


pleasant rest nº 20 (1991)
about vladimir zidlicky

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog
não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD,
É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(74º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BAIXA-CHIADO
I - A TOMADA DE POSSE


Dezoito anos depois (o incêndio foi em 1988) e quatro entidades entretanto nomeadas (sociedade de reabilitação urbana da baixa-chiado, unidade de projecto da baixa-chiado, agência da promoção da baixa-chiado e o fundo remanescente do chiado) tomou ontem posse o novo comissariado da baixa-chiado, o qual terá um prazo de seis meses para apresentar um plano estratético para a “revitalização” da baixa pombalina.

Dezoito anos depois do incêndio é que é nomeado um comissariado para apresentar propostas para a “revitalização” da baixa-chiado?

E aquelas quatro entidades, qual foi o trabalho delas ?

E que dinheiro é que foi gasto por cada uma, e de que modo ?

Estas e muitas outras perguntas podem e devem ser feitas, aliás, terão quer ser feitas.

Aliás, é estranho que se nomeie um comissariado para a baixa-chiado, quando ainda não se conhece um programa SÉRIO E GLOBAL, que analise e proponha soluções para Lisboa como cidade moderna e competitiva, e no qual as propostas que devem surgir dentro de seis mêses para a baixa-chiado se integrem e formem um todo coerente.

SAI MAIS UM MUSEU PARA A MESA DO CANTO


Depois de Moscovo e do Hermitage, eis que
Isabel Pires de Lima (ministra da cultura por-
tuguesa para os mais distraidos)admite agora,
em São Paulo, Brasil, a possibilidade da criação
em Portugal de um museu dedicado à língua
portuguesa, aproveitando parte do know how do
do Museu da Lingua Portuguesa inaugurado esta
semana naquela cidade.

Dinheiro para os museus do IPM, não há.

Dinheiro para os serviços educativos dos museus do IPM, não há.

Política cultural para Portugual, não há.

No entanto, e só este ano, já vamos em dois novos museus, um “anexo” do Hermitage e agora este Museu da Lingua Portuguesa.

E ainda falta a instalação da Colecção Berardo.

Mas será que ninguém põe cobro a este desatino ?


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas




















about jan groover

BUSH´S WORLD OF ILLUSION

On the eve of the third anniversary – 20 March 2003 – of the invasion of Iraq, President Bush began the fourth of his series of speeches in his second term attempting to articulate his strategy for the war. None of his previous explanations had succeeded in bolstering public confidence, so he tried again. His speech on 13 March at the Foundation for Defense of Democracies was a reiteration of the theme he had elaborated in his last round.

Bush is rigidly adhering to the guidelines suggested by public opinion specialist Peter Feaver, a professor at Duke University recently hired to serve on the National Security Council. He has advised the president that he must insist that the difficulties in Iraq are the price we must pay for victory and that just as Bush stands for "victory" his critics by implication represent defeat.

In his peroration, Bush reached for that last point, his high note sounding the clarion-bell of certainty that is most familiar and comfortable for him. "The battle lines in Iraq are clearly drawn for the world to see", he said, "and there is no middle ground."

Yet Bush's speech provided a text contradicting his own key officials. On the crucial issues of Iranian involvement in Iraq, the worthiness of Iraqi security forces, the democratic nature of the Iraqi government, the cause of human rights, United States intentions about staying or leaving, long-term strategy and even the origins of the war, the words of the president and his men clash.

LINK para o texto integral


quarta-feira, 22 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA






















about brent stirton

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog
não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD,
É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(73º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

BELUGA OU A FORMIGA A QUATRO MÃOS


TRAGÉDIA ABATE-SE SOBRE A FAMÍLIA REAL DE TEBAS
A Casa Real de Tebas é hoje, asumidamente, a casa de uma família que, apesar de ter tudo para ser feliz, vive um pesadelo. Tudo começou no passado ano de 2005 quando o monarca Laios, muito acarinhado pelos seus súbditos, foi apanhado por uma bala perdida durante um revista às tropas numa visita oficial a Atenas. Na altura os meios de comunicação social levantaram a hipóteses de se tratar de um assassinato, ao que a polícia respondeu com um comunicado negando essa possibilidade.

De lá para cá a revista Faces noticiou todos os passos da família numa das fases mais negras de sempre. Jocasta, a esposa, ficou profundamente abalada e retirou-se para a casa de praia dos monarcas em Naxos. Aí, ajudada pela sua amiga de longa data, agora também falecida, a socialite Esfinge, conheceu Édipo. Eram tardes bem passadas como pode testemunhar esta imagem a capa da Faces, tirada em Naxos, durante uma tarde de convivência. Segundo o biógrafo de Jocasta, que agora conta tudo em livro, a “Esfinge contava uns enigmas aos presentes, falava-se de viagens e de arte, raramente de política e o ambiente era do mais requintado”, conta Andrew Bennettt. A estadia ficou marcada pela crescente aproximação entre Jocasta e Édipo e afastamento entre a rainha e a sua amiga Esfinge que não escondendo nunca da sociedade as suas tendências homossexuais, “procurava desta forma granjear favores a Jocasta”. Este afastamento entre as duas amigas deverá ter sido a causa para o suicídio da Esfinge, revelou um membro da sua família que não se quis identificar.

Fontes próximas da Casa Real dizem que logo após o casamento entre Jocasta e Édipo, o palácio de Tebas foi alvo de uma rusga policial onde foram descobertas armas, uma quantidade considerável de droga, tabaco para contrabando e máquinas de jogos ilegais.

Toda esta tragédia culminou a semana passada com o suicídio de Jocasta e, esta semana a Revista Faces foi informada que Édipo que se encontrava numa clínica psiquiátrica, se cegou com a fivela do cinto da filha Antígona durante uma visita desta ao pai.

O cinto era Roberto cavali e combinava com os sapatos que eram Versace. Recordamos os nossos leitores que a modelo escolhida pela casa Versace para dar a cara pela marca foi Medusa, que deu não só a cara, mas também a cabeça.


tenham um bom resto de dia

terça-feira, 21 de março de 2006

HÁ DIAS ASSIM

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog
não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD,
É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(72º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

E ASSIM


Lynn Davis, Monument to the Conquerors of Space of the VDNKh (1964), Exhibition Center,
Moscow, Russia,
2003.




E ASSIM


TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

segunda-feira, 20 de março de 2006

TENHAM UM MUITO BOM DIA























about gerhard vormwald

AVISO À NAVEGAÇÃO

A lógica de colocação de textos neste blog
não obece à lógica corrente na blogosfera.

Este blog não é para preguiçosos.

NOTA:QUANDO APARECER UMA "TIRA" DO GARFIELD,
É SINAL DE QUE A FORMIGA FECHOU O BLOG.



NÓS POR CÁ TODOS BEM
Temas do rectângulo


E AGORA, JOSÉ ?
(71º dia)

"Se estou aqui é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que tem várias vezes manifestado a confiança, a que procuro responder".

Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura, em conferência de imprensa realizada em 9.01.2006.

AINDA A SAGA DA COLECÇÃO BERARDO

Tendo como pano de fundo a inauguração da exposição "Liberdade de Imprensa" na nova galeria do Diário de Notícias, curiosamente inaugurada enquanto decorrem negociações com o governo para a instalação da Colecção Berardo em Lisboa (coincidências...), o suplemento daquele jornal publica un conjunto de artigos sobre a colecção Berardo e o seu valor artístico e monetário.

De um desses artigos, transcrevemos as seguintes passagens:

"Aproveitando a recessão económica do mercado da arte e os lucros obtidos na Bolsa, Capelo começou a comprar (para a colecção Berardo, nota FB) em leilões e galerias de Londres, Paris e Nova Iorque."

"A colecção, diz-se, foi avaliada em 170 milhões de euros".

Como rigor jornalistico estamos conversados.

Primeiro passa a informação do valor da colecção Berardo a partir de um "diz-se".

Quêm, quando ou a que pretexto, vamos lá saber !

E sobre o valor atribuido à colecção Berardo, fica por esclarecer um pequeno detalhe: o valor referido refere-se aos valores actuais de mercado ou refere-se aos valores de compra?

É um pequeno detalhe, mas que pode significar muitos milhões de euros nas negociações que estão a decorrer entre o governo de José Sócrates e Joe Berardo.

Já agora, e visto que estamos a falar de números, convém recordar que François Pinaud, na carta aberta que publicou no jornal Le Monde a justificar o abandono da construção de um museu para albergar a sua colecção na ilha de Seguin, com projecto de Tadao Ando, referia que só o custo da construção do museu seria de 150 milhões de euros.

Não é por nada, mas aguardamos com muita curiosidade o desfecho da novela Colecção Berardo,

E mesmo a terminar, convém recordar as sábias palavras de Raquel Henriques da Silva, ao referir que a Colecção Berardo é importante, na medida que é a única em Portugal !

BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas

















Thomas Jefferson, Utica, New York, 1961
about andré kertész



TENHAM UM BOM RESTO DE DIA

Nuclear Reactors Found to Be Leaking Radioactive Water

"
With power cleaner than coal and cheaper than natural gas, the nuclear industry, 20 years past its last meltdown, thinks it is ready for its second act: its first new reactor orders since the 1970's.

But there is a catch. The public's acceptance of new reactors depends in part on the performance of the old ones, and lately several of those have been discovered to be leaking radioactive water into the ground."

Curiosos ?
LINK








@
bruce sterling






domingo, 19 de março de 2006




Domingo


"O MUNDO A SEUS PÉS"

ARS LONGA, VITA BREVIS

Hipócrates

Gustave Caillebotte

Paris: A rainy day

1877

The Art Institute of Chicago

É meu costume preparar com o cuidado e a antecedência devida as minhas participações aqui na Formiga, por puro perfeccionismo que aplico tanto ao que faço como ao que exijo dos outros. E embora tivesse em mente dissertar sobre este quadro de Gustave Caillebotte, tal não me foi possível, o que desde já lamento. Pensei entretanto e perante o avançar da hora, falar de trivialidades com o tom mais acre que conseguisse, ou até mesmo falar de coisas que desconhecesse e que os outros desconhecessem pois a confrontação com a minha mentira ou incapacidade seria mais tardia ou até inexistente. Também me ocorreu falar de coisas que sei e que me dão a certeza e a segurança de não ter comentários indesejados e começados por “lamento dizer-lhe mas a sua informação não está totalmente correcta pelo que sou obrigado a corrigi-la…”, mas não me apetecia.

E como nestas situações embaraçosas e intimidantes que vivo sempre que estou perante uma folha de papel vazia e que pede para ser preenchida da melhor forma, e o monitor a tremelicar, disfarcei voltando a cabeça para a esquerda (depende, às vezes viro para a direita, sempre para o lado oposto do meu interlocutor caso seja um ser humano). Dei com os olhos num caroço de maçã pousado há duas semanas em cima do despertador, sem sinal de moscas ou formigas, como um fóssil bem comportado, ou como um santo que, por a sua carne não entrar em decomposição, chega mais depressa ao lado do Altíssimo. Pois… mas não podia dissertar mais sobre um caroço de maçã do que isto. Fiz então um arco com o olhar e parei nos meu pés, algo que está dentro do fisicamente possível uma vez que me encontrava sentada em cima da cama, com as pernas esticadas e o computador no colo.

Palavra que queria poder escrever que eram uns pés bonitos, mas não são. Um dia um médico disse acerca deles: “você tem uns pés romanos”. Ao que eu pensei: “Isso é bom ou é mau?”. Afinal era bom. Ter uns “pés romanos” era, segundo o senhor, ter uns pés com os dedos mais ou menos do mesmo comprimento e não em bico, e não ter o pé raso. Ora, se era coisa de que eu me orgulhava era daquela pequena curva na parte interna do pé. Por isso continuei a ir lá, até ao dia em que o médico me diagnosticou uma verruga. Eu achava que aquilo não era coisa para nascer no pé e muito menos naquela idade e quase me arrependi de ter trocado intimidades com o homem acerca dos pés romanos. Dos pés romanos só conhecia os escrúpulos; ou seja, “escrúpulos” era o nome dado às pedrinhas que se metiam dentro das sandálias dos soldados romanos. (Quem não tem escrúpulos, não tem nada que o incomode, nem um pequeno grão de areia na consciência. Ou então usa botas!). No tempo da ginástica de competição, usava-os muito esticados, em forma de folha de borracheira, tão esticados que só de ir a correr para o trampolim já se me davam cãibras mentais com o medo de não esticar a tempo e bater com os dentes no metal ou tirarem-me valores na pontuação final. Havia também uma queimadura por fricção por andar a experimentar na alcatifa espargatas logo no rescaldo das imagens das competições de ginástica dos Jogos Olímpicos, passadas na televisão e que eu tinha a certeza que eram lá colocadas para me provocar cãibras.

E perante os meus pés e a feiura, baixei os olhos. Lá estava o monitor todo branquinho à espera, uma espera paciente e sem fim voluntário, que alguém lhe colocasse as palavras certas de uma participação sem mácula, num blog de primeira. No entanto, caro leitor foi-me impossível. Face à minha incapacidade só posso dizer que lamento dizer, mas não sabia o que dizer.
(Não consigo postar imagens.)

Nota FB: É assim, Beluga ?

NDRO
Kenji Siratori


Yves Tanguy

***infecting body_omotya of the fucker ill-treatment completion of the stool
mechanism that dashes it to the medium that I exchanged the rebellion of the
gay to the vagus-space of the artificial-sun it discharges to the dangerous
hydro-body of art crime//drug embryo.....I plugged the vibrator of a
cadaver. The picture of TOKAGE does noise.....swings happily terror=virtual
SEX=virtual party=virtual drug==battle motion. The larva world! It was
jointed to the cruel VTR.....is covered shit:techno:the grief brown spot.
"animal=hardware"
Era respiration. The second of death is cut.....is covered her shit that
boy_roid breeds the telephony=parasite of SEX in the continent of the dog
where jointed and remodeled <> to the torture instrument inside the
rest room that internal organ consciousness.......her thinking is the
ecstasy that dog eradicated. Vital far solitude is studded to the screen of
gene=TV that distorted it.....sleep=script.....the party infection of the
genome that filled.--channel brain. To the hydro-mania of her dog
pattern.....I inject my narcotic body fluid! Gas absence. Azure murder.
Existence O. I raped the symbol of the death that causes the scatology
electron internal organ of the artificial sun groaned and was cut to
asphalt.---

A imagem “http://www.thisismydna.com/nsk/graphics/nsk4.jpg” contém erros e não pode ser exibida.
NSK - MORE TOTAL THAN TOTALITARIANISM

For nearly two decades Neue Slowenische Kunst has been shaking up art and politics with their totalitarian aesthetic in Slovenia, greater Yugoslavia, and beyond into the EU and America. In addition to their most well-known facet, the band Laibach, NSK is made up of groups dedicated to painting, performance art, and philosophy.

Peter Mlakar heads up the Department of Pure and Applied Philosophy. Fiercely intellectual and friendly, he agreed to an interview about magic, art, and politics.


LINK



Richard Marshall reviews Stephen Barber's Annihilation Zones

There are no living people anymore. Our own images have conquered the world. Consumerism has coopted all images. The image becomes isolated. We echo this data's totality and the obstacles which the data contains. There is no longer the stubborn resistence of the real world because we don't know what the term "the real world" refers to. We have obliterated it. The image is completely compliant and submissive. We find in it only what we put into it. Everyone is smiling. Everyone is happy. It is an enchanted domain. There is no future or past. It is the end of history. It is the end of time.