TENHAM UM MUITO BOM DIA
about sam taylor-wood (link)
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
"So So" - Arte e Assim, Revista Mensal - Fevereiro 07
- curtas do mundo da arte -
Yves Klein constituído arguido no caso Apito Dourado. Maria José Morgado declarou Yves Klein arguido do caso Apito Dourado, tendo por base o resultado das buscas da semana anterior a casa da ex- mulher de Pinto da Costa, Carolina Salgado. Segundo foi apurado pelas buscas, Carolina não tinha um lagarto pintado na saia, como dizia a canção, nem mesmo uma mancha no vestido azul como a Mónica Lewinsky. Na habitação os inspectores da Polícia Judiciária encontraram na parede da casa um Yves Klein Monochrome 3, o que levantou grandes suspeitas. Carolina diz não saber “para que era aquilo. Pensei que fosse uma coisa moderna pintada por um senhor da Foz a quem o meu ex-marido dava uma esmola aos Domingos de manhã”. Yves Klein mostrou-se indignado e inquiriu-nos: “Cui Bono?” Nós também colocamos essa pergunta na redação aquando da questão da pertinência desta notícia.
Yves Klein
Monochrome 3
1960
Musée National d’Art Moderne
Notícia de última hora: fugiu do seu quadro um pingo de tinta branca. Este pingo vestia na altura calças brancas, camisola de lã branca em ponto de arroz, ténis brancos, meia branca (o que é uma boa pista) e já tinha idade para ter cabelos brancos. O pingo tem cerca de 50 anos, sofre de perturbações mentais, pertence a um grande tubo de acrílico e morava no quadro de Pollock desde que nasceu. Desde que foi espremido do tubo. O pingo não se encontra armado, não é perigoso, mas uma vez colocado num quadro de Kandinsky torna-se irreconhecível. Dá-se recompensa a quem o encontrar, pois está a fazer muita falta no quadro de onde saiu.
Jackson Pollock
Lavender Mist, number 1
1950
Christo e Jeanne Claude vão intervir no Iraque. O governo irquiano convidou a dupla a apresentar uma proposta para a concepção de uma obra de arte digna do profeta em terras de crescente (vermelho). O governo deixou aos dois artistas total liberdade de criação e critérios de escolha de materiais e temáticas, mas foi adiantando que gostaria de ver o Iraque embrulhado em papel dos CTT com lugar na “escultura” para o destinatário: “Administração Bush, Casa Branca, Washington”. Só gostaríamos de manter aqui os poços de petróleo. Tudo o resto pode ir, até porque quase não sobra nada do Iraque nos dias que correm”, disse um responsável do Ministério da Cultura iraquiano.
Christo e Jeanne Claude vão intervir no Iraque. O governo irquiano convidou a dupla a apresentar uma proposta para a concepção de uma obra de arte digna do profeta em terras de crescente (vermelho). O governo deixou aos dois artistas total liberdade de criação e critérios de escolha de materiais e temáticas, mas foi adiantando que gostaria de ver o Iraque embrulhado em papel dos CTT com lugar na “escultura” para o destinatário: “Administração Bush, Casa Branca, Washington”. Só gostaríamos de manter aqui os poços de petróleo. Tudo o resto pode ir, até porque quase não sobra nada do Iraque nos dias que correm”, disse um responsável do Ministério da Cultura iraquiano.
Christo e Jeanne-Claude
Surrounded Islands
1980-83
Biscayne Bay, Florida
JOÃO TABARRA
A exposição G, composta por vinte trabalhos inéditos de João Tabarra em vídeo e fotografia, produzidos pela ZDB, comissariada por Natxo Checa, apresenta-se em duas partes. A primeira parte na ZDB, onde dez peças ocupam a totalidade das salas de exposição. A segunda parte na Galeria Graça Brandão, também no Bairro Alto, com inauguração agendada para 28 de Março, encerrando ambas dia 28 de Abril.LINK
BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas
about april tillman (link)
POVERTY GAP IN U.S. HAS WIDENED UNDER BUSH
The number of Americans living in severe poverty has expanded dramatically under the Bush administration, with nearly 16 million people now living on an individual income of less than $5,000 (£2,500) a year or a family income of less than $10,000, according to an analysis of 2005 official census data.The analysis, by the McClatchy group of newspapers, showed that the number of people living in extreme poverty had grown by 26 per cent since 2000. Poverty as a whole has worsened, too, but the number of severe poor is growing 56 per cent faster than the overall segment of the population characterised as poor - about 37 million people in all according to the census data. That represents more than 10 per cent of the US population, which recently surpassed the 300 million mark.
The widening of the income gap between haves and have-nots is nothing new in America - it has been going on steadily since the late 1970s. What is new, though, is the rapid increase in numbers at the bottom of the socio-economic pile. The numbers of severely poor have increased faster than any other segment of the population.
"That was the exact opposite of what we anticipated when we began," one of the McClatchy study's co-authors, Steven Woolf of Virginia Commonwealth University, said. "We're not seeing as much moderate poverty as a proportion of the population. What we're seeing is a dramatic growth of severe poverty." The causes of the problem are...
link
HOW THE WAR ON TERROR MADE THE WORL
A MORE TERRIFYING PLACE
New figures show dramatic rise in terror attacks worldwide
since the invasion of Iraq
Innocent people across the world are now paying the price of the "Iraq effect", with the loss of hundreds of lives directly linked to the invasion and occupation by American and British forces. An authoritative US study of terrorist attacks after the invasion in 2003 contradicts the repeated denials of George Bush and Tony Blair that the war is not to blame for an upsurge in fundamentalist violence worldwide. The research is said to be the first to attempt to measure the "Iraq effect" on global terrorism. It found that the number killed in jihadist attacks around the world has risen dramatically since the Iraq war began in March 2003. The study compared the period between 11 September 2001 and the invasion of Iraq with the period since the invasion. The count - excluding the Arab-Israel conflict - shows the number of deaths due to terrorism rose from 729 to 5,420. As well as strikes in Europe, attacks have also increased in Chechnya and Kashmir since the invasion. The research was carried out by the Centre on Law and Security at the NYU Foundation for Mother Jones magazine.
Iraq was the catalyst for a ferocious fundamentalist backlash, according to...link
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
TENHAM UM MUITO BOM DIA
about farrell and parkin (link)
A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA E O PS
No já longo folhetim da CML, apareceu recentemente um dado novo: a substituição de Manuel Maria Carrilho por Rui Paulo Figueiredo.
Para os mais distraidos, convém recordar que Rui Paulo Figueiredo é adjunto jurídico do gabinete do Primeiro-Ministro, José Socrates, e que nas anteriores eleições para a CML pertenceu ao núcleo de meia dúzia de pessoas que preparou as eleições, transitando depois para a equipa de Manuel Maria Carrilho.
Não é por nada, mas é importante recordar este facto.
Em 5 de Fevereiro de 2007, Rui Paulo Figueiredo inicia um blogue (link), de seu nome "Lisboa quem te viu e quem te vê".
Em 16 de Fevereiro de 2007, António Dias Baptista, vereador pelo PS na CML, inicia um blogue (link) de seu nome "Lisboa desgovernada" o qual, segundo Dias Baptista é "o blogue dos vereadores do Partido Socialista na Câmara Municipal de Lisboa, que resolveram aderir à blogosfera com o objectivo de incentivarem o diálogo com os cidadãos de Lisboa".
E as posições assumidas por um e outro blogue são curiosas...
Ainda hoje Rui Paulo Figueiredo publica no seu blogue pessoal a transcrição das declarações por si prestadas à Lusa, e nas quais admite a realização de eleições para a vereação da CML, eleições essas de que o PS tem fugido como o diabo da cruz.
Leiam os dois blogues, e estejam com atenção, que lá pelas bandas do PS "as coisas" também parecem andar "divertidas"...
A seguir com muita, mas mesmo muita atenção...
IT´S A MAD, MAD WORLD.
Art prices keep soaring, and the Armory Show in New York this weekend is sure to bring crowds of bankers looking for the next Chuck Close or Richard Prince. Wine purveyors are drunk with delight as financial types fork over $345,000 for a case of 1945 Mouton Rothschild.
link
Un déluge après le fléau
Les récentes inondations ont laissé des mares d’eau favorisant la multiplication des larves de moustiques qui répandent fièvre de la vallée du Rift malaria.
Les régions les plus touchées par le virus se trouvent au Nord-Est et le long de la côte. Nord-Est qui subit encore les conséquences de la dernière sècheresse qui a précédé le déluge. Les jeunes enfants et les femmes enceintes, affaiblis par la malnutrition, deviennent des proies faciles aux infections et aux virus.
Appel : une moustiquaire par personne « La distribution de moustiquaires est urgente pour protéger les populations des ravages de la fièvre. Nous espérons distribuer des moustiquaires auprès de 27 000 personnes, surtout des enfants et des femmes enceintes.» Makki Hamid, Responsable du programme du Secours Islamique en Afrique.
Sauvez une vie : Achetez une moustiquaire pour 6€ seulement .
link
1 caixa mouton rothschild = +- 46.000 mosquiteiros
A GALINHA DA VIZINHA
About last night
“I kissed him, but I never knew him,” Ingrid Bergman is supposed to have said about Humphrey Bogart. That’s sort of how I feel about my first visit to Los Angeles: I spent three days there, but I still don’t quite know what I saw. Los Angelenos, I gather, are sensitive to stereotypes, especially the ones they come up with themselves. Now I understand why. I saw enough of their home town to know that it would take me a lifetime to see the rest of it, and though one cliché turned out to be painfully self-evident—the traffic is really, truly awful—I can’t say I found any of the others useful. I’ve never seen a city that was more resistant to generalization, not even the one in which I live.
Raymond Chandler famously claimed in The Little Sister that Los Angeles had “no more personality than a paper cup,” but...
MAO ON THE WALL
"Time is a great teacher but, unluckily, it kills all his students"
H.Berlioz
about wang tong (link)
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
TENHAM UM MUITO BOM DIA
about nicholas sinclair (link)
IMPORTA-SE DE REPETIR?
"Da sua experiência como provedor de menores, em Espanha, pode afirmar que a maior parte das crianças que se revelam pequenos ditadores serão jovens delinquentes?
Há jovens que só são ditadores dentro da sua casa, outros generalizam essa conduta no seu relacionamento com outros cidadãos. Em Espanha, em 2006, houve sete mil casos de pais que denunciaram os seus filhos por agressão. Em Portugal este problema começa agora a surgir, embora a falta de respeito nas escolas seja muito grave.
in:javier urra - jornal público de 26.2.2007 (link)
Raras vezes em Portugal o problema da falta de interesse pelo estudo e de falta de respeito para com os professores, por parte dos alunos, é apontado como uma das causas primordiais para o insucesso escolar.
Ou é a Ministra que é má, ou a reforma do ensino que não funciona, ou a falta de empenho dos professores, ou, etc. etc. etc.
Raras vezes é focada a atenção num dos agentes deste sistema, os alunos.
Será porque isso implica rever o modelo social em prática, ou a responsabilidade dos pais na educação escolar e cívica dos filhos, ou tentar perceber/entender que num país em que a taxa de analfabetos funcionais é enorme, o sucesso escolar é uma miragem de longo prazo, por mais reformas que se façam?
Aliás, não é por acaso que a estação de televisão mais vista no rectângulo, a TVI, apresenta para hoje a seguinte programação:
17.45 - Morangos com Açucar (telenovela)
19.00 - Morangos com Açucar IV (telenovela)
20.00 - Jornal Nacional
20.30 - Futebol: Benfica vs Paços de Ferreira (futebol)
22.15 - Tempo de Viver (telenovela)
23.15 - Tu e Eu (telenovela)
Com futebol e telenovelas, estão à espera de quê?
A GALINHA DA VIZINHA
Vox-blogs
"...Chega-me via Courrier Internacional um artigo de Paolo Stefanini para o "Diário" de Milão com o título REDACÇÕES AMEAÇADAS DE DESLOCALIZAÇÃO: Para reduzir os custos, há jornais que produzem os seus conteúdos em países onde a mão-de-obra é barata. Diários americanos e britânicos já têm redactores na Índia ou em Singapura."
"Quando concebeu um projecto de jornal italiano em inglês, o "Diário" pediu colaboração à empresa indiana Hi-Tech Export [http://hitechexport.com], que já trabalha para vários jornais europeus, "sobretudo ingleses, franceses e alemães". Em poucos minutos, esta avaliou o projecto e fez uma..."
link
BORN IN THE U.S.A
Fotografia e política americanas
about christophe agou (link)
WALL STREETERS PUT BONUSES IN HOMES,
ART, NOT BANKS;
NOT A "GENEROUS" GROUP.
"According to a survey of more than 200 Wall Street professionals who took home at least $2 million in cash from their 2006 bonuses, respondents are spending 11% of their payouts, on average, on watches and jewelry. For even the lowest-paid bankers in the survey, that's a bling budget of more than $200,000"."Art prices keep soaring, and the Armory Show in New York this weekend is sure to bring crowds of bankers looking for the next Chuck Close or Richard Prince. Wine purveyors are drunk with delight as financial types fork over $345,000 for a case of 1945 Mouton Rothschild".
"The richest bankers are the most lavish spenders -- deploying a larger proportion of their take toward homes, cars and luxury goods. Roughly half of the survey's respondents took home bonuses of more than $5 million last year; this group spent 16% on watches and jewelry and socked away about 9%. By comparison, the other half of respondents -- those who received $2 million to $5 million -- spent only about 7% on baubles and put 23% into savings.
And despite the notion that the really rich give more to charity, the rule didn't seem to apply to the bankers in this survey. Respondents gave about 4% to charity. Those receiving bonuses of $5 million or more gave the same proportion as their poorer peers. Says Mr. Prince: "This is not an especially generous group."
linkdomingo, 25 de fevereiro de 2007
TENHAM UM MUITO BOM DIA
about jeff wall (link)
- Olhó Domningo fresquinho! É pró menino e prá menina!
- Olhe fáchavor. Era um Domingo aqui para a catraia. De que é que tem?
- Deixe-me espreitar o cesto… Hum… tem estes:
(Sunday morning, The Velvet Underground)
(Sunday morning coming down, Johnny Cash)
(Easy like Sunday morning, Faith no More)
(Everyday is like Sunday, Morrissey)
ASYMPTOTE
link
sábado, 24 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
As meretrizes
(Messalina, Madame du barry, Mata-Hari)
Na literatura sempre as houve: na Bíblia foram as Salomés e as Madalenas (Eva também, mas com outra dimensão), na História foram as Messalinas, as Madames du Barry e as Mata-Harri, em Gil Vicente eram as mulheres que traíam os maridos quando estes estavam fora, multiplicavam-se as alcoviteiras bufas. Estas tiveram homólogas alemãs na noite de Walpurgis de Goethe.
Parecia não haver um meio termo para as mulheres na Literatura: elas ou eram virgens e puras, ou então corrompidas e de tal forma que se podia dizer mesmo que a sua condição era irreversível. A mulher uma vez corrompida não tinha direito a redenção a não ser por via da morte – o que para além de injusto era extremamente restritivo. As mulheres corrompidas eram divididas em três escalões: as prostitutas baratas ou pornai (nome grego para “prostituta” e de onde deriva “pornografia”, as peripatéticas (as “acompanhantes”, se a palavra derivar de peripatéticos?) e as de Alto Nível ou Hetaera. Também havia as prostitutas sagradas, que vinham de uma tradição pagã que atribuía a certas entidades femininas ligadas à fertilidade e ao amor carnal poderes divinos. Um dos romances que inaugura, ainda que timidamente a tradição da mulher que luta e assegura a sua satisfação pessoal mesmo no campo sexual, vista como “meretriz” ou “rameira” se quisermos usar o vernáculo, é a Dama das Camélias; uma prostituta da Alta Sociedade que apenas se insinua, não deixando com isto de ser uma prostituta. É a mulher que se vende em busca do Cavaleiro Andante que a levará daquela vida para uma bem melhor. Dumas escreve sobre os desejos da mulher limitando a um papel ridículo de prostituta sonhadora, de mulher que não se assume, talvez devido ao facto de o próprio escritor se afirmar contra a emancipação feminina.
Por seu turno, Madame Bovary, que dá o mote a um filme recente ("Pecados Íntimos" – aliás são vastos os exemplos de prostitutas no cinema, ainda que nestes casos não representem personagens literárias: Anna Karina em “It’s my life” de Jean Luc Godard, Greta Garbo em “Anna Christie” de Clarence Brown, Jane Fonda em “Klute” de Alan J. Pakula e Jodie Foster em “Táxi Driver” de Martin Scorcese. Na pintura as mulheres representam muitas vezes cenas de histeria que Freud deve ter acompanhado, assim como representam o melhor e o pior da dimensão humana: são as virtudes como a Caridade, mas em Dürer encarnam cada um dos Vícios), é a mulher que mesmo não exercendo o ofício secular não desiste de conquistar a sua felicidade mesmo que isso lhe custe a vida. A Madame Bovary portuguesa é Luísa, de “O Primo Basílio”, a pequena burguesinha, com vida posta que encontra no primo vindo do Brasil um escape, alguém que a aprecia; não se trata de um homem que a respeita (para isso ela tem o marido), mas de um homem que a quer. Obviamente nem sempre esta troca é tão directa. Muitas outras personagens traíram os seus maridos que as respeitavam e apreciavam em troca de uma aventura, em troca de satisfazerem a necessidade de se sentirem vivas. É a essas, e às outras também, que chamamos meretrizes. Injustamente. Estupidamente.
Não querendo fazer deste post um manifesto feminista (até porque de feminista e de feminina tenho muito pouco), ouvi há dias a explicação para isto, para o facto de as mulheres traírem muito menos do que os homens. Ao que parece o hipotálamo feminino é mais pequeno que o masculino e por isso tudo lá dentro está mais compartimentado. Lucky them que com um hipotálamo maior, têm mais espaço para ver as coisas mais ou menos como elas são.
Parecia não haver um meio termo para as mulheres na Literatura: elas ou eram virgens e puras, ou então corrompidas e de tal forma que se podia dizer mesmo que a sua condição era irreversível. A mulher uma vez corrompida não tinha direito a redenção a não ser por via da morte – o que para além de injusto era extremamente restritivo. As mulheres corrompidas eram divididas em três escalões: as prostitutas baratas ou pornai (nome grego para “prostituta” e de onde deriva “pornografia”, as peripatéticas (as “acompanhantes”, se a palavra derivar de peripatéticos?) e as de Alto Nível ou Hetaera. Também havia as prostitutas sagradas, que vinham de uma tradição pagã que atribuía a certas entidades femininas ligadas à fertilidade e ao amor carnal poderes divinos. Um dos romances que inaugura, ainda que timidamente a tradição da mulher que luta e assegura a sua satisfação pessoal mesmo no campo sexual, vista como “meretriz” ou “rameira” se quisermos usar o vernáculo, é a Dama das Camélias; uma prostituta da Alta Sociedade que apenas se insinua, não deixando com isto de ser uma prostituta. É a mulher que se vende em busca do Cavaleiro Andante que a levará daquela vida para uma bem melhor. Dumas escreve sobre os desejos da mulher limitando a um papel ridículo de prostituta sonhadora, de mulher que não se assume, talvez devido ao facto de o próprio escritor se afirmar contra a emancipação feminina.
Por seu turno, Madame Bovary, que dá o mote a um filme recente ("Pecados Íntimos" – aliás são vastos os exemplos de prostitutas no cinema, ainda que nestes casos não representem personagens literárias: Anna Karina em “It’s my life” de Jean Luc Godard, Greta Garbo em “Anna Christie” de Clarence Brown, Jane Fonda em “Klute” de Alan J. Pakula e Jodie Foster em “Táxi Driver” de Martin Scorcese. Na pintura as mulheres representam muitas vezes cenas de histeria que Freud deve ter acompanhado, assim como representam o melhor e o pior da dimensão humana: são as virtudes como a Caridade, mas em Dürer encarnam cada um dos Vícios), é a mulher que mesmo não exercendo o ofício secular não desiste de conquistar a sua felicidade mesmo que isso lhe custe a vida. A Madame Bovary portuguesa é Luísa, de “O Primo Basílio”, a pequena burguesinha, com vida posta que encontra no primo vindo do Brasil um escape, alguém que a aprecia; não se trata de um homem que a respeita (para isso ela tem o marido), mas de um homem que a quer. Obviamente nem sempre esta troca é tão directa. Muitas outras personagens traíram os seus maridos que as respeitavam e apreciavam em troca de uma aventura, em troca de satisfazerem a necessidade de se sentirem vivas. É a essas, e às outras também, que chamamos meretrizes. Injustamente. Estupidamente.
Não querendo fazer deste post um manifesto feminista (até porque de feminista e de feminina tenho muito pouco), ouvi há dias a explicação para isto, para o facto de as mulheres traírem muito menos do que os homens. Ao que parece o hipotálamo feminino é mais pequeno que o masculino e por isso tudo lá dentro está mais compartimentado. Lucky them que com um hipotálamo maior, têm mais espaço para ver as coisas mais ou menos como elas são.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
PARA MEMÓRIA FUTURA
formiga bargante disse..
Poderá o vereador Antonio Dias Baptista fazer o favor de explicar a razão da sua abstenção no negócio dos terrenos do Vale de Santo António, (a ser investigado pela PJ, segundo a comunicação social), abstenção essa que levou à aprovação do dito "negócio"?
17 de Fevereiro de 2007 21:20
domingo, 18 de fevereiro de 2007
TENHAM UM MUITO BOM DOMINGO
about ryan mcginley (link)
ESTRANHA FORMA DE DEMOCRACIA, ESTA.
O NOSSO COMPROMISSO
"Este blogue pretende ser o nosso contributo para uma discussão séria dos problemas que vão afectando a Câmara Municipal e servirá para transmitir as posições oficiais que os Vereadores do Partido Socialista defendem e apresentam na Câmara Municipal de Lisboa, pelo que esperamos e desejamos estabelecer um profícuo diálogo sobre a cidade que amamos".
" A moderação de comentários foi ativada. Todos os comentários devem ser aprovados pelo autor do blog".
link
NEW EUROPE, OLD MONSTERS
As little or as great emancipation possible, my gay love, my subjectivity - disrespected in Polish law, despised in Polish praxis - is recognized in the EU Constitution. In my view, the Constitution is transnational, socially-oriented, open to women and minorities, secular, and postmodern. Even if it is bureaucratese, bureaucratic and grandiose.
link
photo:david lachapelle
BORN IN THE U.S.A.
Fotografia e política americanas
about lucas samaras (link)
GLITTER AND DOOM: GERMAN PORTRAITS FROM THE 1920s
Political, economic, and social turmoil shaped Germany’s short-lived Weimar Republic (1919–1933). These pivotal years also witnessed an incredibly creative period in German literature, art, music, film, theater, and architecture. In painting, a trend of matter-of-fact realism took hold. Disillusioned by the cataclysm of World War I, the most vital German artists moved towards what became known as a Neue Sachlichkeit (New Objectivity), in particular, a branch known as Verism. Looking soberly, cynically, and even ferociously at their fellow citizens, these artists found their true métier in portraiture, as seen in the 40 paintings and 60 works on paper featured in “Glitter and Doom.
link
VECTOR
SPACE
Almost twenty years ago I had a telling conversation with a retired military officer who had served as an air force pilot during the Vietnam War. When asked about his experiences in and of that country, he replied, "Vietnam didn't exist for me as a place; it was more of a target." Pushed to expand on his statement, he explained that he mostly interacted with Vietnam from above as he traversed the region by plane. He went on to describe his visual memories of the country as framed by the shape of and technologies in the cockpits he inhabited -- as vast, panoramic fields of green and brown punctuated and made meaningful by the overlays of his viewfinder and the contours of his windshield. People, houses, even whole villages were abstracted into a machinic vision that served to sever action from effect. Pilots, he asserted, just "saw things differently" and had an "easier time" during the war, a veiled reference to the devastation left...
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
UM POUCO MAIS DE RIGOR, POR FAVOR - II
No Referendo Nacional de dia 11 de Fevereiro o Sim venceu sobre o Não, mas na maioria das freguesias o Não venceu tanto em 1998 como em 2007.
in: marktest (link)
Os nossos "queridos comentadores" que tão felizes ficaram com a "consciência civica" dos portugueses (56% de abstenções), deveriam ser um pouco mais cautelosos ao escrever os seus artigos de opinião.
O pior que se pode fazer é ignorar a realidade, e pretender fazer acreditar que, afinal, "este quintal mal frequentado" até se assemelha a um qualquer "jardim das delícias".
Se se estiver sempre a escamotear o país real, jamais seremos um esboço de país.
Mas será que o caminho para esse "esboço de país" interessa aos nossos "queridos comentadores"?
Afinal, arriscam-se a que alguém grite: o comentador vaí nú!
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
(Cervantes, Defoe e Verne)
Eis o segundo, de um conjunto de não sei quantos posts acerca da semelhança entre personagens da nossa literatura. Reconheço, caso isso me imputem, a limitação das mesmas à ficção e ao romance, mas temo ser essa a minha fraqueza ao que à leitura diz respeito: um livro de cada vez, nunca deixar uma leitura a meio, preferência para as biografias, os romances e a História, em detrimento do livro técnico , seja lá o que isso for.
Esta semana quem sobe à cena, ou se preferirem, quem tem a dedicatória na página em branco que antecede a história, são os empregados. Isso mesmo, os empregados das grandes personagens que quase passam despercebidos mas que são em grande parte responsáveis pelo sucesso do mestre – invariavelmente personagem principal de mérito comprovado ou não – ou pelo sucesso de toda a história. Heróis ou vilões anónimos a quem carinhosamente nos referimos pela expressão paradigmática e tumular: “a culpa foi do mordomo”. Os empregados deste post não são os culpados de nenhum crime, mas sem eles os diversos crimes não seriam chamados de tal, pois cabe-lhes a tarefa de servir os mestres e enfatizar a acção. Começamos então por Sancho Pança que é de imediato associado ao Dom Quixote – ou será este último ao primeiro? Estamos perante um par que apenas a literatura, (e onde mais o acaso é tão legítimo quanto o previsível?) poderia ter juntado. Dom Quixote é o velho senil que apenas na sombra tem uma representação daquilo que é. Quando a luz do dia bate nas figuras a uma determinada hora elas ficam despojadas da sua loucura, da sua gordura e da sua pobreza e tudo o que é insanidade adquire, durante os dois minutos em que a sombra se projecta no chão, a nobreza, a solenidade, rectidão e a elegância. Sancho é, em contraponto ao seu amo, o realista que com a sua saloiice, consegue equilibrar a loucura do mestre. Quando D. Quixote vê gigantes em vez de moinhos de vento, a sua hesitação, se alguma existe, é colmatada pela visão contrária de Sancho: nos gigantes vê moinhos de vento. Ele é a ligação de D. Quixote ao mundo a que apenas vai pertencer no único momento de lucidez já no crepúsculo da sua vida. Directamente, D. Quixote inspirou um romance de Henry Fielding, Joseph Andrews, que ficando a dever tudo ao seu mentor, situa também a acção em Espanha, na personagem que dá o nome ao livro e que se faz acompanhar de um criado.
Recordamos agora Robinson Crusoe, de Daniel Defoe. Daniel Defoe foi provavelmente um dos primeiros bloggers, isto porque era jornalista (hoje me dia, uma condição sine qua non para ser supracitado nos Edit Me e disputar números de visitantes) e o jornal por ele fundado (The Review) publicava, para além de notícias, pasme-se; comentários! A acção que conhecemos de Robinson Crusoe centra-se no naufrágio e consequente aprendizagem e adaptação a um novo mundo constituído por ausências: de bens materiais e pessoas. Ele instrumentaliza as ausências e contorna-as, tentando domesticar outra natureza, da mesma forma que domesticava a que já conhecia. (Thomas Hobbes, Leviatã e a relação entre a domesticação civil por parte do Estado, e a Guerra). Crusoe, tal como Philleas Fogg, cruza-se com portugueses, embora o primeiro tenha ficado com melhor impressão acerca dos lusitanos que o inglês. Mas se Crusoe, por caminhos meritórios e quase edénicos conseguiu conquistar os bens materiais necessários, a ausência de um outro igual a si só foi preenchida com o aparecimento de Sexta-Feira. Nota-se na obra uma tendência para o estudo antropológico com uma certa propensão para a superlativação do homem branco e do seu poder mental sobre o homem pré colonizado. E pré evangelizado. Sexta-Feira é salvo de se tornar alimento de antropófagos e Crusoe encontra no seu servente, a redenção.
Não podia terminar sem deixar aqui um último empregado que me é particularmente caro por ser uma leitura ainda a arrefecer no parapeito da janela: Passepartout. Se hoje em dia é tido por muitos que tudo está inventado, que já nada pode ser agradavelmente surpreendente e ao mesmo tempo, totalmente virgem, podemos dizer que essa máxima se aplica inadvertidamente desde tempos imemoriais. É de desconfiar que Júlio Verne se tenha limitado a ler os clássicos e reinventá-los. Se o fez, fez com o melhor dos dois, sendo que estes não são os únicos livros de aventuras ou romance em que o mordomo/empregado/aio/companheiro de condição social inferior desempenha o papel de personagem secundária. Júlio Verne dá ao empregado de Philleas Fogg um nome enigmático, tal como o era Sancho Pança: são ambas denominações que parecem revelar a boçalidade de quem os porta, mas que ocultam acções que os ultrapassam enquanto delimitadores das mesmas. Passepartout que já fez um pouco de tudo antes de chegar ao seu mestre, não é o chamado “vira-casacas”. O nome poderia levar-nos a pensar isso, mas o fiel servidor emprega todas as suas forças de forma a granjear favores que enobreçam a missão do seu mestre.
Para a semana, se ler qualquer coisa digna de referência, teremos outro post sobre personagens literárias e correspondências entre elas. Se não ler, “a culpa foi do mordomo”.
O NOVO "PÚBLICO"
Como seria de esperar, a "baralhação" no formigueiro relativa ao "novo" jornal Público é muita.
A mudança foi muito brutal, e criar novos hábitos não é fácil.
Mas hoje, este texto é para chamar a atenção para o excelente trabalho da jornalista Filomena Fontes sobre o julgamento do saco azul de Felgueiras.
Bem documentado, bem escrito, e, principalmente, relatando de uma forma atractiva e rigorosa o que está em causa, desde a corrupção às "cumplicidades" políticas (convém não esquecer que por causa desta "senhora" o então deputado pelo PS Barros Moura foi pura e simplesmente silenciado no PS nacional até à sua morte - link)a leitura desta reportagem é obrigatória.
Aqui fica o link.
Quanto ao novo Público, fica para a semana.
UM POUCO MAIS DE RIGOR, POR FAVOR.
"O sim demonstra que a Igreja Católica, que se mobilizou fortemente através da sua hierarquia e dos seus leigos mais influentes, não tem a influência social que já teve.
in:antónio josé teixeira - diária de notícias de 12.2.2007
"O resultado do referendo é um sinal de esperança num Portugal Moderno".
in: rui costa pinto - visão online
"Registou-se uma inequívoca derrota do dogmatismo, da ambiguidade e também do oportunismo político".
in: vicente jorge silva - diário de notícias de 12.2.2007
Pergunta, inocente, da formiga bargante: se 56% dos votantes "portugas" se abstiveram, qualquer uma das afirmações anteriores não carece de uma base de análise um pouco mais rigorosa?
Afinal ninguém sabe o que pensam os tais 56%, verdade?
Em tempo: neste formigueiro votaram todos no sim.
Para que não restem dúvidas...
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
domingo, 11 de fevereiro de 2007
sábado, 10 de fevereiro de 2007
AVISO À NAVEGAÇÃO
A Formiga Bargante mudou para o novo formato do blogger.
Contrariada, mas foi forçada a isso.
Estejam atentos à coluna da direita, que é por lá que vão passar muitas "novidades", particularmente nas "Ligações Efémeras".
Divirtam-se.
IMPORTA-SE DE REPETIR?
"Ainda agora fizeram isto ali no Vale de Santo António, na urbanização. Foi o PS, sr.dr! Tinha sido o PSD a promover.Sabe que este gajo que está na Câmara tem uma aceitação muito grande".
in:gravação de parte de uma conversa de Domingos Névoa, sócio da Bragaparques, com Ricardo Sá Fernandes - jornal público de hoje.
Não foi na votação para a aprovação do "negócio" do Vale de Santo António que Dias Batista, vereador do PS, se absteve, viabilizando assim o "negócio"?
Pois...
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
TENHAM UM MUITO BOM DIA
about philippe chancel (link)
IMPORTA-SE DE REPETIR?
"Devo dizer que estou na Igreja Católica há pouco mais de 20 e nunca vi nela um projecto de poder, seja ele político, social, religioso, psicológico ou espiritual. Se o visse ou sequer o vislumbrasse, ter-me-ia ido embora imediatamente..."
in: luis cunha (católico, jurista) - jornal público de 7.2.2006
Pergunta, inocente, do formigueiro: já é sócio da Associação de Cegos Luis Braille?
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Caro amigo, é com grande prazer que respondo à questão que me coloca, até porque ela permite-me esclarecer algumas questões.
1º. Importa precisar que não foi a minha abstenção que permitiu a
aprovação do negócio do Vale de Santo António. Porque o negócio tinha sido aprovado no mandato passado. A minha abstenção foi numa proposta que foi apresentada com o objectivo de suspender as operações que estavam em curso;
2º. A minha abstenção foi tomada na plena convicção de que o negócio, que tinha sido aprovado na sequência da realização de um Concurso Público, não tinha nada de obscuro ou de falta de transparência. Com efeito, ao votar naquele momento estava convicto de que o meu voto
iria ser um contributo para o normal e correcto funcionamento da EPUL.
3º. Nunca esteve subjacente na minha atitude, nem no meu voto,
qualquer posição menos correcta, ou qualquer preocupação com a defesa de posições ilegais ou que fossem decorrentes de quaisquer atitudes menos lícitas. Não tenho, nem nunca tive qualquer relacão com qualquer dos protagonistas daquele negócio;
4º. Por último, quero dizer de uma forma muito clara, depois de serem
conhecidos tantos problemas com a gestão da EPUL, que se a proposta
fosse apresentada agora, o meu voto seria a FAVOR da suspensão do
negócio.
António Dias Baptista
18 de Fevereiro de 2007 23:49